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Os Participantes Profetas

Outro traço de parentesco da gnose de Princeton com a gnose antiga é o modo de aquisição do conhecimento religioso pela via do misticismo. Reconhecendo o peso psicológico da "grande consciência", constatando a atração, quase mágica, exercida por ela sobre todo espírito, os sábios da sociedade futura se colocarão à sua escuta para transmitir aos homens os grandes impulsos que ela gera.

Entre os gnósticos de Princeton, alguns, por sua aptidão à contemplação, se tornarão os mediadores da "norma invisível":

"Pode-se prever", escreve R. Ruyer, "novas religiões" gnósticas-científicas "cujos cleros não serão constituídos por sábios enquanto tais, mas por todos os participantes dos grandes seres do cosmos". (página 289)

Esses participantes serão místicos que transmitirão à humanidade as inspirações extraídas da contemplação dos grandes seres. E se nos perguntarmos que forma tomará esse neo-misticismo científico, R. Ruyer nos responderá:

"Essa participação poderá tomar todas as formas, desde a eventual comunicação por rádio com outras humanidades ou espécies inteligentes, até a participação psíquica por consciência transcendente, por transe ou outros processos psíquicos ou orgânicos com a consciência da espécie ou com a consciência total do espaço-tempo". (página 289)

R. Ruyer especifica mesmo os poderes que se poderá conceder a esses novos videntes gnósticos, esses homens ao mesmo tempo sábios e místicos. Ele os chama de "participantes-profetas" e eis o que ele diz a respeito:

"Os participantes-profetas estarão em condições, ou se julgarão em condições, de dar à humanidade e aos poderes temporais, cuja docilidade será intermitente, missões e direções. Seus discípulos, constituídos em um clero mais institucional, comentarão e explicarão aos fiéis as instruções sobre-humanas e as comunicações sagradas". (página 289)

Assim, a futura religião gnóstica será alimentada pelo misticismo. Mais ainda, as almas dos falecidos participarão dessa alimentação permanente:

"O novo sistema poderá ser uma crença na reencarnação, uma crença na transformação da alma dos falecidos em espíritos protetores, capazes de se comunicar pessoalmente com os vivos, ao mesmo tempo que participam das comunicações sagradas com os grandes seres sobre-humanos" (Os cem próximos séculos).

Vemos que o espiritismo de Allan Kardec também faz parte desse amálgama.