A Via Metafísica
Compreende-se muito bem que, para atingir este objetivo, um certo método de contemplação seja particularmente adaptado. Não se trata mais, de fato, de dilatar sua alma para receber o "hóspede divino" que deve vir ocupá-la, como é o caso na mística praticada na Religião do verdadeiro Deus. Trata-se aqui, para a alma, por um mecanismo mental apropriado, de retornar ao seu princípio: a mola psicológica que vai entrar em jogo não será mais o amor de Deus, mas uma tendência natural à auto-realização.
Que nome R. Guénon dá à operação intelectual que deve levar a esta "identificação" da alma com seu arquétipo? Ele a chama de "a via metafísica". Esta via, ou seja, este método de meditação, é praticada, diz ele, nas religiões orientais.
Para compreender bem este termo "via metafísica", é preciso saber que R. Guénon, durante o período em que elaborava sua doutrina, hesitou por muito tempo antes de dar-lhe um nome. Ele teria desejado chamá-la de "teosofia", palavra cuja etimologia correspondia muito bem ao que ele pedia que ela designasse: a sabedoria divina. Infelizmente, este termo estava, naquela época, monopolizado pelos adeptos da Sra. Blavatzki e de Annie Besant, com os quais R. Guénon estava em muito maus termos por razões complexas que seria muito longo examinar agora. Ele não podia, portanto, dar o nome de teosofia a seu sistema. Era preciso que ele encontrasse outra denominação.
Ele se decidiu por "metafísica", o que não era ruim também, dado que seu Princípio supremo não é uma pessoa viva, mas uma entidade global, a Unidade por excelência, a Virtualidade universal. Portanto, o termo metafísica, para designar tal doutrina, correspondia bastante bem a seu objeto. Em seguida, querendo ser chefe de escola, ele permaneceu fiel a este termo cuidadosamente escolhido.
E muito naturalmente, ele vai dar o nome de "via metafísica" ao esforço de meditação e abstração que conduz a alma a se identificar com o Princípio supremo, objeto da ciência metafísica assim definida. Quais serão as características desta via e em que ela vai se distinguir da mística cristã?