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A Loucura de Louis Lambert

R. Abellio não pode deixar de encontrar a mística natural entre os novos gnósticos; ela caminha lá, como já caminhava no tempo de Menandro, Basílides e Valentim. Ele a examina principalmente no prefácio que compôs para uma reedição de "Louis Lambert" de Balzac. Este romance é autobiográfico, esta é a opinião unânime. Balzac nos fala de si mesmo sob o nome de Louis Lambert. O herói é apresentado como discípulo de Swedenborg, o que equivale a dizer que Balzac também o era. Ora, Louis Lambert, no romance, dedica-se, sob a direção póstuma, e livresca é claro, de seu mestre sueco, a experiências não apenas meditativas, mas também evocatórias, e isso com tanto ardor que no final ele sucumbe à loucura. Este é o tema do romance.

O prefaciador, R. Abellio, não tem dificuldade em reconhecer que se o herói Louis Lambert, no romance, enlouquece, é porque o romancista Balzac, na realidade, não esteve longe de enlouquecer ele próprio, que sentiu o abismo se abrir sob seus pés e que deve sua salvação unicamente à interrupção de suas experiências. Este perigo é bem conhecido. O próprio Swedenborg não o esconde, pois escreve: "Cuidado, é um caminho que leva ao hospital dos loucos". Notemos ainda que encontramos advertências análogas em muitos autores esotéricos, particularmente em René Guénon.

Em suma, Louis Lambert, o herói do romance, enlouquece, e Balzac revela a causa de seu desequilíbrio mental; ele meditou com muita intensidade, explica, e colocou muita insistência em suas evocações. Mas esta explicação balzaquiana não serve de forma alguma para R. Abellio porque desacredita a mística natural à qual ele se apega em primeiro lugar; é ela, de fato, que é a fonte do famoso "conhecimento" gnóstico, já que a gnose é em grande parte uma ciência intuitiva; sem mística, não há gnose.

Ele vai, portanto, opor outra explicação à de Balzac. Ele considera, por sua parte, que Louis Lambert enlouqueceu, não por causa de um excesso e uma saturação, mas por causa de uma falta e uma insatisfação. Se sua mente divagou, é porque girou no vazio. E se girou no vazio, é porque não teve tempo de se preencher e se alimentar; ele ainda não tinha feito a experiência do "conhecimento" que lhe teria trazido um alimento, uma regularidade de funcionamento e, por fim, uma plenitude.

Esta é a explicação que R. Abellio dá para a loucura de Louis Lambert, mostrando assim que está profundamente convencido da excelência da "mística natural", pois, segundo ele, se pode acontecer de pecar por falta, não se deve temer pecar por excesso. Nunca se mergulha profundamente demais nela.