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A Extensão às Religiões Orientais

Em resumo, o barco de R. Guénon já navega em pleno mar gnóstico. Ele não tardará a perceber que este mar, do lado do Oriente, está largamente aberto para o Oceano Índico. Assim como os árabes haviam amalgamado a alquimia à gnose primitiva quando a propagaram novamente no Ocidente, assim como Martinez Pasqualis havia incorporado a cabala medieval, R. Guénon também fará entrar as doutrinas orientais na gnose ainda ampliada em que ele trabalha. Esse fenômeno de extensibilidade da gnose, em nossa opinião, merece ser notado. O cristão conhece a aplicação desse fenômeno, pois a Igreja já fez a experiência no momento das grandes perseguições. Reside no fato de que todas as tradições não cristãs são miscíveis entre si. A única religião que não é miscível com as outras é o Cristianismo, porque ele provém de uma origem totalmente diferente. Ele mesmo rejeita as outras religiões e é rejeitado por elas.

Atraído, portanto, pelo Oriente, R. Guénon começa por se informar com notável aplicação, junto aos orientalistas franceses mais competentes na época. Ele se dirige a Léon Champrenaud e Albert de Pouvourville.

Léon Champrenaud pertencia à Ordem Martinista (mais ou menos autenticamente reconstituída) que se reunia na Escola Hermética. Ele escrevia em publicações ocultistas e simbólicas e era redator-chefe da revista "L'initiateur". Mais tarde, como Guénon, ele abraçaria a religião islâmica. Ele começou por introduzir Guénon nos meios orientalistas de Paris.

Albert de Pouvourville não é outro senão o famoso Matgioï, o autor de dois livros que causaram a mais duradoura impressão em Guénon: "La Voie rationnelle" e, sobretudo, "La Voie métaphysique". Parte da terminologia guenoniana vem desses dois livros. Matgioï também havia escrito outra obra em colaboração com confrades: "Les enseignements secrets de la Gnose". Ele era versado principalmente no Taoísmo e nas sociedades secretas chinesas.

Esses dois orientalistas franceses ensinaram muito a R. Guénon, mas seu ensino não conseguiu satisfazer sua curiosidade. Ele acabou, não se sabe muito bem como, por estabelecer contato em Paris com Orientais que seus biógrafos concordam em proclamar "autênticos". Quem eram, então, essas personagens? Eis a resposta de Paul Chacornac em "La Vie simple de R. Guénon" (1958): "Guénon, portanto, teve um mestre ou mestres hindus. Foi-nos impossível ter a menor precisão sobre a identidade desse ou desses personagens, e tudo o que se pode dizer com certeza é que se tratava, em todo caso, de um ou de representantes da escola Vedanta "advaita" (advaita significa não dualista), o que não exclui que houve outros".

O que é certo é que R. Guénon adotou imediata e definitivamente a filosofia advaita, ou seja, o "não-dualismo". Essa filosofia é assim denominada porque não é monista. Ela não é nem materialista, nem idealista. Para ela, a realidade suprema transcende tanto a matéria quanto o espírito, e ela reúne todas as oposições. É essa metafísica não-dualista que R. Guénon expõe a partir de então em todos os seus livros: "Introdução ao Estudo das Doutrinas Hindus", "O Homem e seu Devir segundo o Vedanta", "A Metafísica Oriental"...

Mas Guénon não para por aí. Simultaneamente, ele entra em contato com o Islã por intermédio de um pintor sueco chamado Aguéli. Ele se converte à religião muçulmana em 1912, mantendo sua nova filiação em segredo de seu entorno. Ele só praticará abertamente o Islã após sua instalação no Egito, em 1930.

Ele vai, no entanto, retardar seus contatos com os meios católicos? De forma alguma. Aqui, somos obrigados a remeter aos livros muito documentados de Marie-France James "Cristianismo e Esoterismo" (Nouvelles Éditions Latines). Eles descrevem a colaboração de R. Guénon em várias publicações católicas, como a revista "Regnabit". Eles provam que ele se infiltrava nos meios de devoção ao Sagrado Coração, onde pensava implantar gradualmente seu hinduísmo. Essa penetração foi felizmente denunciada pelos neotomistas que gravitavam em torno de Jacques Maritain. E finalmente, R. Guénon compreendeu que os meios tradicionais ainda não estavam maduros para aceitar o esoterismo oriental. Adiando a manobra para mais tarde, ele se retirou para o Egito em 1930, praticando ali o Islã ao qual havia se convertido secretamente desde 1912.

Tal é o personagem, impregnado de maçonaria, hinduísmo e islamismo, que agora se quer nos fazer aceitar como o doutrinador que melhor compreendeu o âmago da religião cristã. Seria preciso ser o último dos ingênuos para subscrever à gnose guenônica. Eis, de fato, quais são suas grandes linhas.