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A Escola de Alexandria

Quatro nomes resumem a escola neoplatônica: Plotino, Porfírio, Jâmblico e Proclo. Eles constituem como uma única e mesma entidade. Não se pode separá-los. Eles formam, entre os quatro, um dos marcos mais bem definidos da história da filosofia da escola de Alexandria.

O fundador da escola é Plotino. Ele deve ser bem distinguido de Filon o Judeu, também filósofo de língua grega, que nasceu em Alexandria 200 anos antes, mas que não pertence à escola neoplatônica, embora seja alexandrino de nascimento. Plotino, portanto, é um filósofo eclético do século III depois de Cristo. Entre as doutrinas que ele se esforça para conciliar, o platonismo, como era de se esperar, desempenha o papel principal. Mas Plotino traz ao platonismo uma modificação que nos interessa em primeiro lugar porque vamos vê-la reaparecer na gnose moderna. Platão havia colocado no topo de sua construção metafísica o "Soberano Bem"; essa era sua etapa final; ele não imaginava nada além disso. Plotino, por sua vez, não se detém aí. Ele retoma a ideia do "Princípio ígneo universal" de Simão o Mago e lhe dá uma definição filosófica mais precisa.

Acima do Soberano Bem de Platão, ele concebe ainda a "Unidade Total", mais abrangente que o Soberano Bem, e na qual todas as distinções são neutralizadas, compensadas e apagadas. E ele acrescenta que essa hiperessência, esse Hypertheos pode ser apreendida pelo homem. Pode-se alcançá-la através da meditação filosófica intensa e particularmente pela êxtase, que é sua fase paroxística. Assim, Plotino, como os gnósticos, faz da contemplação mística um dos meios de aquisição do conhecimento metafísico.

O primeiro discípulo de Plotino é Porfírio. Ele organiza os cinquenta e quatro tratados deixados por seu mestre e os publica em seis volumes, cada um com nove tratados, sob o nome de Eneadas, ou seja, "novenas". Porfírio dá à contemplação mística menos importância do que Plotino havia dado. Seu método é mais filosófico e discursivo.

O sucessor de Porfírio como chefe da escola de Alexandria é Jâmblico. Impressionado pela teologia trinitária ensinada pela Igreja e à qual se torna impossível escapar, ele edifica, utilizando os elementos neoplatônicos de seus dois predecessores, uma metafísica trinitária cuja constituição é a seguinte. Na origem de tudo encontra-se o UNO ou Monade; depois vem a inteligência ou diade; finalmente aparece o demiurgo ou tríade. É o demiurgo que formou o mundo, como também dizem os gnósticos. O universo criado representa a década que contém o conjunto das emanações da monade primordial. Encontramos aqui, novamente, o emanatismo dos gnósticos.

Aquele que dá à escola neoplatônica seu último brilho é Proclo. Ele se faz o defensor, bastante tardio, do paganismo, cujos mitos ele tenta coordenar. Mas, ao mesmo tempo, ele cultiva o espírito eclético da escola alexandrina. Sua máxima era que uma filosofia deve abraçar todas as religiões, impregnando-se do seu espírito. Ele se dizia o Hierofante universal. Nós diríamos o sacerdote da religião universal. Como Plotino, ele acreditava na virtude reveladora da contemplação intensa e do êxtase filosófico. Ele compunha hinos aos deuses do paganismo e dizia-se honrado por suas aparições.

Os quatro e inseparáveis "Alexandrinos", Plotino, Porfírio, Jâmblico e Proclo, são portanto ao mesmo tempo sincretistas, pan­teístas emanatistas e místicos. Mas também incluem em seus sistemas, deformando-os, é claro, alguns dogmas cristãos. Portanto, temos o direito de nos perguntar em que eles realmente diferem dos gnósticos. Bem, justamente, eles não diferem muito. E, no entanto, a história nos ensina que os alexandrinos não queriam de maneira alguma ser considerados gnósticos, que, aliás, não deixavam de atacar.

Por que tanta hostilidade quando eram filosoficamente tão próximos? Enquanto os neoplatônicos eram estudiosos respeitados, os gnósticos de base recrutavam-se mais frequentemente entre uma população bem menos instruída e davam, em seus ensinamentos e práticas rituais, um espaço muito maior para a astrologia e a magia. Compreende-se que os neoplatônicos, que eram autênticos eruditos, não quisessem ser confundidos com eles, apesar da semelhança de suas doutrinas fundamentais.