A Epignose
Todos os números da revista Epignosis são de alta qualidade em termos literários. Eles são escritos por acadêmicos que sabem escrever e que são profundos conhecedores dos temas que abordam. É essencial reconhecer-lhes o mérito, antes de manifestarmos nosso total desacordo com as conclusões que tiram e com o espírito que os anima.
Na já extensa produção da Epignosis (mais de 400 páginas), encontramos uma das características mais constantes da gnose desde as suas origens: a prolixidade. A riqueza de expressão dos escritores do G.R.A.C. é surpreendente. Os mesmos temas são retomados sob formas incrivelmente variadas. Os neologismos abundam, sem serem realmente necessários. O entusiasmo dos autores por sua tese provoca expressões exageradas que contribuem para a exuberância de todos esses desenvolvimentos. Somos arrebatados pela abundância da palavra que, em muitos lugares, se transforma em logomáquia. Essa hipertrofia verbal não é acidental. Ela pertence à pedagogia dos novos gnósticos, pois realiza inegavelmente um efeito de deslumbramento que é muito eficaz. Compreende-se facilmente que muitos intelectuais se deixem seduzir, graças à riqueza da forma, pelo que se pode considerar, de fato, uma cultura muito elevada.
A pertença do G.R.A.C. ao antigo movimento gnóstico é explicitamente e incansavelmente reivindicada. O título da revista Epignosis seria suficiente para prová-lo. Portanto, não somos nós que decidimos arbitrariamente dessa pertença após exame. É toda a equipe editorial que se reivindica dessa filiação.
Uma intensa religiosidade impregna todos os artigos da Epignosis. Mas trata-se de uma religiosidade gnóstica, evidentemente. O que é meditado com intensidade são os mitos indianos ou orientais que são retomados e reexaminados sob todos os seus aspectos para extrair deles um suco que é necessariamente gnóstico. Os mistérios cristãos também são meditados, mas em um sentido desviado, ou seja, em um sentido esotérico. A Fé, tal como definida pela Igreja, está totalmente ausente dessas meditações: estamos a léguas de distância dela.
Que imagem os redatores da Epignosis fazem da divindade? A noção de "Pai" certamente não é excluída. O cristianismo impôs essa noção e já não está ao alcance de ninguém evitá-la completamente. Os antigos gnósticos, como vimos, foram obrigados a se inclinar. Mas, ao admitir a pessoa divina do "Pai", pelo menos verbalmente, os doutrinários da revista Epignosis a fazem ser superada, como era de se esperar, por um princípio abstrato que lhe dita sua lógica. É assim que se nos fala de "a entidade transpessoal" e do "absoluto irredutível a quaisquer provas", entidade e absoluto que por vezes são simplesmente chamados de "a Energia".
A ciência desse deus abstrato, pode-se imaginar, vai se reduzir a uma "energética". Desde o primeiro número da Epignosis, Y.A. Dauge define essa teologia energética nestes termos:
"Quer se trate das disciplinas experimentais, da moral, da religião, da filosofia, da arte, dos problemas de química ou de alquimia, tudo isso pertence a uma única e mesma energética que é absolutamente necessário conceber em sua unidade. Imersos nessa dinâmica universal, na qual temos um papel essencial a desempenhar, devemos reconhecer em todo lugar e sempre os polos e as estruturas, as correntes ascendentes e descendentes, as concentrações e as irradiações. Devemos reconhecer e controlar todas as mutações energéticas desde o domínio da microfísica até o da teologia, desde as "emissões devidas às formas" até as modalidades do divino criador". _(N° 1, 1º caderno)
A ciência da divindade, ou seja, em definitivo, da "Energia", estando assim definida, vamos agora receber uma definição do homem. Não nos surpreende saber que o homem é composto não apenas de um corpo e uma alma, mas de três elementos:
"Para escapar do confusionismo, é de fato indispensável distinguir o que pertence aos corpos, o que pertence à psique e o que se refere ao plano do espírito". _(N° 1, 1º caderno, p. 75)
A Epignosis adota, portanto, a doutrina da "tripartição" que se encontra na quase totalidade dos gnósticos antigos e modernos. Já a encontramos. O corpo pertence ao mundo material, o espírito ao mundo espiritual, e entre os dois a psique pertence ao "mundo intermediário". Eis mais um ponto em que a gnose se distingue claramente da doutrina da Igreja, na qual o mundo intermediário é totalmente desconhecido. Há apenas dois mundos, o mundo dos espíritos e o mundo dos corpos. O homem é composto apenas de dois elementos, um corpo e uma alma. E a alma é uma substância espiritual homogênea; ela não é composta. Deus cria uma nova alma cada vez que há um corpo a ser animado.
Apenas a alma assume duas funções. Não há duas almas, mas apenas duas funções de uma única e mesma alma. Voltada para baixo, ela está infinitamente associada ao corpo cuja administração ela deve assegurar. Chama-se então "anima". E voltada para cima, ela é atraída por Deus como uma chama que sobe; chama-se então "spiritus". Essas duas funções da alma pertencem à tradição eclesiástica desde sempre. Elas são mencionadas nas Escrituras e figuram, em particular, no Magnificat, também chamado de cântico de Maria: "Magnificat ANIMA mea Dominum e exultavit SPIRITUS meus in Deo salutari meo". Mas, mais uma vez, trata-se das duas funções de uma mesma substância espiritual. Tal é o ensino da Igreja.
Depois de subscrever a antiga doutrina gnóstica da tripartição, a Epignosis adotará também a tese, muito antiga entre os gnósticos também, da participação do homem na natureza divina. O homem e Deus são co-criadores. As afirmações nesse sentido são absolutamente inequívocas. No primeiro caderno da Epignosis, página 42, deseja-se
"uma tomada de consciência pelo homem de sua vocação de criador, de Alter ego de Deus, participante do poder transmutador e iluminador do Verbo".
Mas então, a antropologia se confundirá com a cristologia. É exatamente isso que nos é dito:
"A cristologia torna-se autologia (isto é, ciência de si mesmo), aprofundamento de nossa dupla natureza divina e humana; ela é a apreensão do poder do Verbo criador que está em germe no coração, ela é via de deificação". (p. 21).
Ainda se precisa que "o ser humano é aliás um segundo deus". (p. 39). Os novos gnósticos devem, portanto, ocupar-se em "procurar como funciona essa complementaridade humano-divina". (p. 26). Essa co-naturalidade de Deus e do homem é formulada laconicamente por expressões como esta: "Ele-Deus-Pai, Eu-Deus-Filho". Em suma, somos pequenos Verbos encarnados.
Só que a Epignosis acabou de nos dizer que não há nenhuma distinção radical entre Deus e o universo. Também não há entre o homem e o universo. Tudo isso é um só. Deus, o homem e o universo são um só. O homem, diz-se-nos, "é um ser teândrico perfeito e um antropocosmo realizado". (p. 37). Expressão que ainda se condensa dizendo: "A chave da doutrina é realizar o teoantropolocosmo".
A essa forma gnóstica de teologia vai corresponder uma forma gnóstica de espiritualidade. O "conhece-te a ti mesmo" que é a base de toda vida interior e que a Epignosis retoma porque não é possível fazer de outro modo, esse "conhece-te a ti mesmo" transforma-se naturalmente em "torna-te o deus que tu és". E os redatores da Epignosis não se privam de nos repeti-lo sob formas infinitamente variadas com seu talento habitual. Mas como o deus que eu sou se confunde com o cosmos, a espiritualidade gnóstica vai se reduzir a uma comunhão cada vez mais íntima com o cosmos, reencontrando assim as espiritualidades orientais e islâmicas.
A equipe diretora do G.R.A.C. parece atribuir a maior importância à prática efetiva da contemplação. A espiritualidade dominante entre eles parece se assemelhar ao budismo. Mas a revista é ainda muito recente para que se possa formular um julgamento definitivo. Outros tipos de meditação podem vir a se somar a ela. Em suma, teologia inaceitável por derivar do "Princípio supremo" e conduzir ao panteísmo. Antropologia igualmente inaceitável por se basear na tripartição. Espiritualidade também inaceitável por resultar na comunhão cósmica.