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ANGLICANISMO, CATOLICISMO & O SIGNIFICADO DO "RITO ANGLICANO" NA IGREJA CATÓLICA

Janeiro de 2003, por William J. Tighe

William J. Tighe é Professor Adjunto de História no Muhlenberg College na Pensilvânia. Este artigo é uma adaptação de suas notas de palestra na Conferência do Rito Anglicano na Igreja Católica Nossa Senhora da Reparação em San Antonio, Texas, em 4 de outubro de 2001, que foi publicado originalmente na edição de 26 de outubro de 2001 da Salve, o boletim da paróquia Católica de Rito Anglicano da Virgem Maria de Arlington, Texas, que autorizou sua utilização. Para conhecer o contexto do Rito Anglicano na Igreja Católica, consulte “Anglican Use’ Catholic Parishes” de Charles M. Wilson em nossa edição de novembro de 2001.

 


Embora historiador de profissão, com especialidade no século 16 inglês, tenho pouca experiência prática do “Rito Anglicano” na Igreja Católica, além da presença ocasional nas Missas da Congregação de São Atanásio na área de Boston. No entanto, tenho interesse pelo Anglicanismo e pela Ortodoxia Oriental desde meus estudos em Georgetown há cerca de 30 anos. Sendo estudante em Yale, abandonei mais ou menos o Catolicismo – de fato, mas não de jure – e vivi como Anglicano por cerca de cinco anos, na América, depois na Inglaterra, antes de "retornar" à Igreja Católica em 1979. Desde então, continuei a ter um grande interesse pelo declínio da ortodoxia histórica nas Igrejas Anglicanas do mundo de língua inglesa e pelas diversas fortunas dos grupos da 'continuidade Anglicana' que se separaram do anglicanismo oficial.

 

Além disso, tive a sorte de conhecer o agora cônego Eric Macall – um Anglo-Católico britânico muito engajado e erudito, por assim dizer – resultado da repentina decisão da Sexta-feira Santa de 1977 de ir ouvi-lo pregar durante a Oração das Três Horas na Igreja da Transfiguração, em Nova York. Nós trocamos apenas algumas palavras naquela ocasião, mas quando ficou claro que eu deixaria Yale para a Universidade de Cambridge no outono de 1978, escrevi para ele e ele me convidou para tomar chá no Presbitério de Santa Maria, na Bourne Street, onde residia há mais de 25 anos após deixar Christ Church, Oxford, devido ao cargo de Professor de Teologia Histórica no King’s College de Londres em 1962. Essa foi a primeira de uma longa série de encontros durante os oito anos que passei na Inglaterra. Durante minhas visitas de verão seguintes a Londres, eu o visitava na casa de repouso de Seaford, na costa de Sussex, onde ele passou os tristes últimos cinco anos e meio de sua vida depois de contrair uma doença debilitante em 1987, da qual nunca se recuperou completamente.

Na Inglaterra, particularmente, minha vida foi marcada por amizades com católicos ortodoxos inteligentes que haviam sido Anglicanos, e que trouxeram à Igreja uma sensibilidade que não se sentia à vontade com as “experimentações” muitas vezes perturbadoras das décadas seguintes ao Vaticano II, incluindo o famoso teólogo dominicano Pe. Aidan Nichols (que se converteu ao catolicismo enquanto era estudante em Christ Church, Oxford) e o Prof. John Saward (Capelão do Lincoln College, Oxford, e depois pároco de Tregony na Cornualha, antes de se converter ao Catolicismo em 1979). Contudo, isso é compreensível, pois sou um forte simpatizante do “Rito Anglicano” e de seu lugar na Igreja Católica. E sou também alguém que acredita que a finalidade, ou telos, do Anglicanismo Católico histórico se encontra na Igreja Católica.

Neste ensaio, desejo apresentar algumas reflexões sobre o futuro do Anglicanismo em suas diversas manifestações contemporâneas, o futuro do Catolicismo Romano nos Estados Unidos e em ambientes semelhantes, e o significado do “Rito Anglicano”, assim como as razões de sua posição na Igreja Católica.