3.2. Rosmini é apresentado pelas autoridades e pelos autores conciliares como o precursor do Vaticano II e da liberdade religiosa em particular
O ‘cardeal’ José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, destacou em setembro de 2007, em sua entrevista à ‘Trente Jours’, que Rosmini foi precursor da constituição do Vaticano II sobre a liturgia e da que diz respeito à liberdade religiosa:
« Outra das feridas assinaladas por Rosmini é aquela que diz respeito à liturgia...
SARAIVA MARTINS: Rosmini compreendia o drama de uma liturgia que não era mais compreendida pelo povo e muitas vezes, pelos próprios celebrantes. Também aqui, suas intuições anteciparam o movimento de renovação litúrgica e as exigências expressas na constituição Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II. »
_« Quais são os outros aspectos do Vaticano II que Rosmini antecipou? _
SARAIVA MARTINS: Um dos aspectos precursores do Concílio que Rosmini certamente percebeu foi o da liberdade religiosa. Sobre essa questão, Rosmini foi realmente um antecipador incompreendido. A declaração Dignitatis humanæ deve muito a ele »[19]
Rosmini aparece, portanto, como um Pai muito distante, mas também muito certo desta destruição da Igreja que constituiu o Vaticano II.
E Giuseppe de Rita vai na mesma linha em setembro de 2007:
« O primeiro é o da liberdade religiosa. Após o Concílio Vaticano II, isso parece uma evidência. Mas pensemos na época de Rosmini, quando ainda existiam o Estado Pontifício e o Sumo Pontífice e que ninguém se escandalizava porque estava escrito no Estatuto Albertino que o catolicismo era “religião de Estado”. O único que reagiu duramente foi Rosmini, que escreveu: “A religião católica não precisa de proteções dinásticas, mas de liberdade. Ela precisa que sua liberdade seja protegida, e nada mais”. A Igreja, sendo uma sociedade natural e espontânea, não se condensa no poder, mas filtra e penetra em toda parte como o ar e a água; e ela só precisa de não ser obstaculizada. A fé entra nos corações sem passar pelos poderes do topo. Raros são aqueles que, ao longo das décadas marcadas pelo concílio Vaticano I, tiveram a coragem de emitir afirmações desse tipo. »[20]