Outras Falsificações do Padre Ricossa
Nossa resposta à sua «não-resposta»... continuação do nosso primeiro documento de outubro de 2009
A falsificação do pensamento do cardinal Billot... ou o Apocalipse segundo Ricossa
por Dom Francesco-Maria Paladino
com a colaboração de um grupo de fiéis
Em 18 de janeiro de 2011, na festa da Cátedra de São Pedro em Roma
Alguns dizem que, para não alimentar a polêmica[2], não é oportuno continuar essa discussão sobre a questão do Apocalipse segundo Ricossa e, ao mesmo tempo, sobre o Segredo de La Salette, mas a importância desses assuntos, à qual se soma, por um lado, sua ausência de desmentido em relação à sua falsificação e, por outro, suas outras falsificações, nos leva a fazê-lo.
Após a publicação, há pouco mais de um ano, de nosso primeiro documento intitulado A falsificação do pensamento do cardinal Billot... ou o Apocalipse segundo Ricossa[3], que era uma resposta ao artigo O Apocalipse segundo Corsini (Sodalitium n° 48)[4] do padre Ricossa, um sacerdote do Instituto Mater Boni Consilii me disse que este último responderia a ele, assim como a um artigo publicado anteriormente ao nosso sobre Si si no no, edição italiana.
Hoje, de fato, em seu artigo intitulado Notas para o estudo da Sagrada Escritura (e das outras ciências eclesiásticas em geral) da n° 63 da revista Sodalitium (página 45)[5], o padre Ricossa escreve que não considerou oportuno até agora responder às críticas suscitadas, na França como na Itália, entre outras, pelo seu artigo O Apocalipse segundo Corsini, especialmente à medida que elas cresciam em violência. (De qualquer forma, essa violência constatada pelo padre Ricossa não se refere às nossas palavras; alguns até nos reprovaram por termos sido muito comedidos).
Mas agora, o padre Ricossa "se explica": ele diz (página 63) "também evocamos críticas sobre a exegese, sustentadas principalmente pelo periódico francês La Voie e pelo bimensal italiano Si si no no". É bom ressaltar que, no que se refere às nossas críticas, elas não foram sustentadas pela revista La Voie, da qual sou, de fato, o diretor; foram divulgadas por meio de correio e internet em um documento independente assinado por mim, com a colaboração de um grupo de fiéis.
Vamos ao cerne de seu artigo. Primeiro, o padre Ricossa apresenta, corretamente, o princípio geral segundo o qual, enquanto uma doutrina, uma verdade ou uma teoria não tenham sido fixadas pelo magistério, os católicos podem sempre pesquisar, discutir e trocar opiniões sobre a questão, citando, para validar este raciocínio, o próprio magistério e vários autores.
Depois, em sua exposição intitulada Magistério e consenso unânime dos Padres, ele escreve na nota 3 o seguinte comentário:
"Para alguns, ao contrário, a expressão 'infallibilidade do consenso unânime dos Padres' tornou-se uma fórmula extremamente útil para apresentar suas próprias opiniões pessoais legítimas, mas discutíveis, como verdades de fé (basta afirmar, sem demonstrar, que são expressões do consenso unânime dos Padres) e taxar de heréticos quem não pensa como eles (e especialmente, quem não lhes é simpático). Os Padres e a verdade merecem um respeito muito diferente."
Notemos que, em relação à nossa referência aos Padres da Igreja, nós nos limitamos, quanto a nós, a citar o que ensina o santo Concílio de Trento sobre a exegese:
"Além disso, para conter os espíritos indóceis, decreta que ninguém, nas coisas da fé ou dos costumes relacionadas ao edifício da fé cristã, deve, apoiando-se em um único julgamento, ousar interpretar a Sagrada Escritura desviando-a para seu sentido pessoal, indo contra o sentido que teve e que mantém nossa santa Mãe Igreja, que tem o direito de julgar o sentido e a interpretação verdadeiros das Sagradas Escrituras, ou indo ainda contra o consentimento unânime dos Padres, mesmo que tais interpretações nunca devam ser publicadas." Denz. S. 1507.
Acreditar que o padre Ricossa conta com o fato de que seus leitores, em uma polêmica, não leiam outra coisa senão seus escritos[6]. E ele não teria encontrado nada além disso em nosso documento para criar a impressão de uma "falha" da nossa parte: afirmar que se poderia utilizar "a expressão 'infallibilidade do consenso unânime dos Padres' para apresentar nossas próprias opiniões pessoais como verdades de fé"! E, é claro, ele não esclarece que a suposta "opinião pessoal"... é simplesmente o fato de que o Apocalipse fala sobre o futuro da Igreja, desde sua fundação até o fim dos tempos (veja anexos), e não, como ele diz, "desde a criação até a fundação da Igreja"! De fato, não podemos acreditar que os leitores, mesmo os incondicionais do padre Ricossa, possam aceitar uma afirmação tão absurda.
Mais o que poderiam dizer os Padres e os teólogos, senão repetir o que São João escreveu em seu livro sagrado? De fato, é possível que estes últimos não tenham escrito explicitamente que o Apocalipse fala do futuro e não do passado, simplesmente porque é algo que se entende por si mesmo. Mas, de qualquer forma, todos afirmam que este livro profético[7] fala sobre a história da Igreja, desde sua fundação até o fim dos tempos, ou seja, do futuro, mesmo que haja diversas interpretações, como veremos adiante. De qualquer modo, a respeito da questão da “unanimidade dos Padres”, pode-se dizer que o padre Ricossa tem “razão” no sentido de que, de fato, não era necessário “perturbar” os Padres da Igreja para “sustentar nossa opinião pessoal”, que não é nada mais, evidentemente, do que o que São João mesmo diz, a saber, que o Apocalipse diz respeito ao futuro[8]. É evidente, portanto, que todos os Padres e teólogos também têm essa “opinião pessoal”. Assim, pode-se pensar legitimamente que eles nem mesmo se perguntaram a respeito. Além disso, nos diferentes manuais da Sagrada Escritura, como os de Vigouroux, Fillon, Spadafora, Romeo, ou Sales, onde são enumeradas as diferentes interpretações do Apocalipse, nenhuma delas sustenta que ele fala sobre o passado.