Falsificação... é uma solução para romper a «monotonia»?
Fechada a “parêntese” sobre o Segredo de La Salette, vamos ao título do nosso documento: a falsificação do cardinal Billot, assunto que o padre Ricossa não abordou de forma alguma, assim como não discutiu, como vimos, a ideia de que o Apocalipse fala do passado e não do futuro. Não tendo mencionado esses dois pontos principais do nosso documento, como o padre Ricossa pôde escrever: «nós mencionamos também críticas sobre a exegese»?
Por que esses dois pontos não foram abordados? Não vemos outra possibilidade senão a sua dificuldade em desmentir nosso trabalho, que não era nada mais do que demonstrar uma falsificação da parte dele, uma “verdadeira impostura intelectual”, segundo um de seus colegas franceses. Ele afirma que uma “revista de estudo e aprofundamento não pode cumprir sua tarefa sem suscitar interesse e também contestações, caso contrário ela se limitária a repetir com monotonia o que todo mundo já sabe”. Ele cita Dom Guérard des Lauriers: “a teologia consiste, ao menos às vezes, em refletir e não apenas em repetir”. De fato, repetimos o que os Padres e os teólogos sempre disseram; é verdade que não é proibido, é claro, refletir e eventualmente avançar em pontos que não estão estabelecidos e universalmente sustentados, mas de forma alguma a reflexão pode levar a conclusões contrárias às afirmações destes últimos, e muito menos àquelas de São João mesmo no Apocalipse.
Certamente, todos “já sabem” que o Apocalipse fala do futuro e não, como o padre Ricossa tenta nos fazer acreditar, que é “uma explicação de toda a Revelação sobre Jesus Cristo, desde a criação até a fundação da Igreja”! Ninguém tem o direito, principalmente em uma revista como Sodalitium, que ele alega ser “integralmente católica e intransigente” e a “única atualmente que explica exaustivamente a situação da autoridade na Igreja”, de contar uma coisa dessas, ainda que para romper a “monotonia” dos exegetas como Billot, Spadafora, Romeo e Allo, que não podem ser censurados por repetir o próprio Apocalipse e os Padres da Igreja... que, de fato, “merecem um respeito muito diferente”!