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4 - OS GRAVES ERROS SOBRE A NOÇÃO DE IGREJA, AS PROPOSIÇÕES PROVOCATIVAS E AS OPINIÕES CONTRADITÓRIAS DE DOM WILLIAMSON

Nas últimas respostas do bispo, constatamos ainda graves erros sobre a noção de Igreja, assim como a confirmação do julgamento feito no testemunho que citamos, a saber:

 « Ele mantém aqueles que dirige na expectativa - especialmente os seminaristas - enunciando proposições provocativas, emitindo opiniões contraditórias, agindo ocasionalmente de maneira muito singular, para finalmente mensurar as reações e ver quem vai protestar».

Antes de tudo, os graves erros sobre a noção de Igreja.

É realmente consternante ver como o bispo, assim como alguns outros clérigos da maioria tradicional, canalizam essas fontes doutrinariamente envenenadas que são esses "ensaios teológicos" dos quais falamos acima. Não esquecemos, de fato, que Dom Williamson anima o polo de uma falsa oposição, por declarações tão vãs quanto estrondosas, ao mesmo tempo em que observa atentamente, em conjunto com a direção de Avrillé e do Sal da Terra, para que as verdadeiras questões FACTUAIS sejam enterradas.

A esse respeito, uma resposta de Dom Williamson nos dá a oportunidade de ressaltar as opiniões doutrinárias comuns do bispo e aquelas publicadas no editorial do último número do Sal da Terra.

R. : A respeito precisamente de seu episcopado, você se considera membro da Igreja ensinante e do colégio apostólico?

Dom R. W. : Eu não faço parte nem da Igreja ensinante conciliar nem do colégio apostólico conciliar. Por outro lado, da Igreja ensinante católica e do colégio apostólico católico, eu faço parte sim. Em contrapartida, os bispos diocesanos conciliares formam um bolo envenenado como um todo, mas não em todas as suas partes.

Nesta distinção estabelecida por Dom Williamson entre Igreja conciliar e Igreja católica, notamos, de fato, que para o bispo é implicitamente evidente que uma única e mesma hierarquia (que o bispo considera, obviamente, como legítima) dirige duas Igrejas e, por conseguinte, preside a duas religiões, uma verdadeira e outra falsa! E é essa posição totalmente equivocada, posição que não é de modo algum católica, que encontra explicação e justificação neste último número do Sal da Terra.

Como teremos a oportunidade de voltar a esses escritos publicados sob a égide dos dominicanos de Avrillé, escritos onde se observa uma aplicação muito singular das quatro causas da filosofia escolástica à Igreja como sociedade e ser moral, é importante destacar aqui que essa argumentação cai por terra quando se apresenta frente a essa hipótese, a teologia do Corpo místico.

De fato, esses pseudo-teólogos, dos quais Dom Williamson não pode senão se reclamar, se não é ele o mandatário dessa hipótese, ousam propor a seguinte argumentação:

uma única hierarquia para duas Igrejas, a Igreja católica e a Igreja conciliar, e, claro, duas religiões seguindo a fórmula consagrada de Dom Williamson: « a religião do Deus que se fez homem e a religião conciliar do homem que se faz Deus ».

Portanto, se seguirmos esses pseudo-teólogos, estaríamos diante de uma única e mesma entidade composta por dois corpos (Igreja católica e Igreja conciliar) com uma única cabeça, uma vez que « a cabeça da Igreja é Cristo »:

Até mesmo o simples fiel compreenderá aqui que estaríamos, então, diante de um monstro!

Com este breve, mas essencial, lembrete da teologia do Corpo místico, Nosso Senhor Jesus Cristo sendo a cabeça da Igreja, o Santo Espírito sendo a alma, eis que a santa Esposa de Cristo estaria composta por dois corpos:

  • um seria animado pelo Santo Espírito,

  • o outro inanimado, ousamos esperar, pois não podemos de forma alguma imaginar que os defensores dessa hipótese chegariam a dizer que o Santo Espírito apoia o erro dos homens, apoia essa falsa religião.

Uma cabeça, dois corpos, dos quais um inanimado, devemos confessar que não ousamos imaginar esse monstro, pura criação dos pseudo-teólogos da maioria tradicional!

Com tal desvio, é o mínimo que se pode dizer, medimos o quanto os espíritos têm naufragado e nos vem mais uma vez à mente o que já dizia Dom Gaume em uma de suas cartas na segunda metade do século XIX:

« Nestes momentos temerosos, uma espécie de vertigem parece cair sobre o mundo. As cabeças tontam. As palavras mudam de significado. As mentes mais firmes já não raciocinam, as outras desraciocinam completamente. No conflito incessante de opiniões contraditórias, as convicções vacilam. A incerteza do verdadeiro engendra a incerteza do direito. Daí, uma multidão de julgamentos errôneos e, muitas vezes, eternamente lamentáveis ».

Citação à qual devemos também adicionar o que nos diz o padre Augustin Lémann sobre essa mesma subversão dos espíritos, mas sob a perspectiva da ação dos « espíritos de erro » e das « doutrinas dos demônios ».

« É a palavra de São Paulo, escreve o padre Augustin Lémann: "O Espírito diz agora que, nos últimos tempos, muitos se afastarão da fé, apegando-se a espíritos de erro e às doutrinas dos demônios." Essa defeição que o grande Apóstolo anunciará mais tarde para os últimos tempos da Igreja, ocorrerá antes nos últimos tempos da Sinagoga. Os espíritos de mentira que não cessaram, desde nossos primeiros pais, de seduzir e desviar as inteligências humanas, vão mais particularmente circundar as inteligências judaicas. Haverá, portanto, uma doutrina messiânica dos demônios assim como houve até então uma doutrina messiânica dos profetas; e o pobre povo judeu, seduzido, desviado por ela, se afastará do caminho da verdade, sendo precipitado nos abismos da mentira ».

Não é, portanto, surpreendente que nos tempos que vivemos, enquanto os clérigos são especialmente supostos conhecer essas lições do Antigo Testamento, e por conseguinte, supostos estarem alertados para avisar a sua vez os fiéis, assistamos a esse envolvimento nas trevas do erro.

No que diz respeito a toda a tradição, a erro não podendo mais recair sobre o retrato do Messias, é agora sobre a Igreja, sobre seu magistério e sua infalibilidade, que o inimigo de Cristo e de sua Igreja vai concentrar seus esforços, espalhando seu espírito de mentira.

Com as enormidades que acabamos de destacar anteriormente, já podemos ter uma ideia da gravidade da situação, uma vez que observamos, nos últimos anos, as autoridades da maioria tradicional afirmando publicamente o que certamente não poderia ser imaginado por nossos autores antiliberais do século XIX e, principalmente, pelos verdadeiros teólogos no Vaticano I: tornar a própria Igreja responsável pela apostasia!

« A Igreja católica não age mais como um farol da verdade que ilumina os corações e dissipa o erro, mas mergulha a humanidade na névoa do indiferentismo religioso, e logo nas trevas da apostasia silenciosa » (p. 33 da Carta aos nossos irmãos sacerdotes, janeiro de 2004. FSSPX).

Se analisarmos finalmente as últimas declarações de Dom Williamson sob o ângulo de proposições provocativas e de suas opiniões contraditórias, vemos de fato que, em uma única e mesma resposta, ao recusar denunciar o processo maquiavélico dos « pré-requisitos », mas, ao contrário, aceitando em princípio a abertura de discussões doutrinárias com o Vaticano para a FSSPX, o bispo, em uma manifestação de falsa firmeza, colocará uma frase provocativa e totalmente contraditória, confirmando o pouco crédito que se pode dar ao antigo anglicano (variante metodista) que se tornou bispo.

Para sublinhar bem essa incoerência, sinalizamos esta frase contraditória em destaque.

R. : Após a obtenção dos dois pré-requisitos, a FSSPX deseja a abertura de discussões doutrinárias com o Vaticano. Sobre o que elas irão tratar?

Dom R. W. : Elas tratarão da ruptura entre a doutrina católica e a de Vaticano II. Elas teriam sucesso se trouxessem os romanos de volta à Fé de sempre. Elas "teriam sucesso", aos olhos dos conciliares, se a FSSPX abandonasse essa Fé. Mas mesmo falar de um acordo distorce o problema, se se sonha com isso como uma forma de pôr fim à guerra mortal entre a religião do Deus que se fez homem e a religião conciliar do homem que se faz Deus. Pois essa religião conciliar só cederia lugar a um sucessor igualmente falso, suscitado pelo mesmo diabo.

Que vem fazer, de fato, essa frase reproduzindo o pensamento de Paulo IV a respeito da Bula Cum ex apostolatus, « Para lhe dizer a verdade, quisemos nos opor aos perigos que ameaçavam o último conclave e tomar, em vida, precauções para que o diabo não assente, no futuro, um de seus na cadeira de São Pedro », uma vez que, no contexto que conhecemos, Dom Williamson tem continuamente ignorado o argumento canônico apresentado na Bula de Paulo IV? Tudo isso significaria que o Vigário de Jesus Cristo poderia ser, ao mesmo tempo, o chefe da sinagoga de Satanás!

Essa frase, destinada uma vez mais a impressionar, é, portanto, uma incoerência adicional, e esta apenas confirma o julgamento que podemos fazer sobre os métodos do bispo e a concepção que ele tem da religião e da Igreja.