Capítulo 3
No terceiro caso, uma resposta semelhante parece dever ser dada. Pois, se aqueles que aceitam dinheiro emprestado com juros (usura) desejam recuperar essa usura vendendo os tecidos por mais do que valem por conta da espera mencionada, não há dúvida de que isso é usura, visto que o tempo está claramente sendo vendido. Nem eles são desculpados pelo fato de que desejam se indenizar, pois ninguém deve se indenizar cometendo pecado mortal. E embora possam recuperar legalmente outras despesas legalmente feitas, por exemplo, no transporte dos tecidos, com a venda deles, ainda assim não podem recuperar a usura que pagaram, pois este foi um pagamento injusto; e especialmente porque, ao pagar usura, pecaram como que dando aos usurários uma ocasião para pecar, visto que a necessidade que é apresentada – a saber, que possam viver de forma mais respeitável e fazer negócios maiores – não é uma necessidade tal que seja suficiente para desculpar o pecado mencionado. Pois, é claro por analogia que alguém não poderia recuperar na venda de tecidos despesas que tenha feito de forma descuidada e imprudente.