O PADRE AUGUSTIN BARRUEL
Uma vez que, após o padre Barbier, decidimos colocar nossos trabalhos sob a égide do Padre Augustin Barruel, pareceu-nos interessante reproduzir o artigo abaixo do Padre Dudon, SJ.
Publicadas na Études, revista da Companhia, em 20 de outubro de 1926, estas poucas páginas abordam a recepção da obra do Padre Barruel pelos historiadores oficiais da Revolução e, assim, permitem apreciar melhor a sua importância.
O eminente jesuíta, que estudou de perto a Revolução e a influência das lojas maçônicas sobre ela, é demasiado conhecido para que nos estendamos; limitemo-nos a recordar que sua principal obra, tornada difícil de encontrar, As Memórias para servir à história do Jacobinismo, foi reeditada recentemente pela Diffusion de la Pensée Française em Chiré-en-Montreuil.
DA AÇÃO POLÍTICA DAS LOJAS NO SÉCULO XVIII
Como todos os historiadores favoráveis à Maçonaria, o Sr. Martin fala desdenhosamente de Barruel. Ele zomba de suas "histórias patéticas"; considera infantil sua tese do "complô maçônico" para explicar a Revolução. Mal e mal lhe reconhece o mérito de uma "erudição abundante". Muita leitura, pouco julgamento e bastante exaltação. Tal é, a meu ver, a ideia que o Sr. Martin faz de Augustin Barruel. Isso requer alguma discussão.
Barruel relata que foi iniciado na Maçonaria por surpresa e à força, e que também assistiu a iniciações. O Sr. Martin considera este relato inverossímil. A questão é saber se é verdade. E não há por que duvidar. Barruel é o oposto de um mistificador. Seus livros responderiam por ele, se fosse preciso. Ele pode se enganar, como todo homem; mas não mente. Toda a sua carreira de polemista, desde as Helviennes (1781) até o livro sobre o Concordato (1802), revela um homem corajoso, nobre, zeloso por saber com exatidão. Ele viveu em tempos singularmente conturbados: desvendar a verdade e defendê-la foi a ocupação de toda a sua vida. Uma vez que ele o disse, deve-se ter por certo que ele viu com seus próprios olhos o que se passa nas Lojas.
Além disso, ele leu tudo o que foi publicado em seu tempo na Inglaterra, Alemanha e França, sobre a Maçonaria. O Sr. Le Forestier, em seu livro sobre os Iluminados da Baviera, reconhece esse conhecimento excepcional de Barruel.
Disse, há oito anos, as razões pelas quais a tese do Sr. Le Forestier me parecia insustentável; remeto meus leitores a elas.
Além disso, o Sr. Le Forestier não crê na influência do Iluminismo sobre o Grande Oriente de França; Barruel estima, ao contrário, que a conjunção do Iluminismo de Weishaupt com a Maçonaria francesa foi realizada em 1787 e decidiu os acontecimentos revolucionários.
Sobre este segundo ponto, noto que os dois autores recorrem a conjecturas, em vez de demonstração. O leitor julgará qual dos dois é o mais arrojado.
Barruel soube, por maçons, que o convite às lojas parisienses para virem deliberar com os Irmãos alemães, Bode e o barão de Busch, emanava dos Amigos Reunidos; por eles ainda, ele soube algo desse encontro, ignorando, porém, os detalhes da deliberação; um Irmão lhe explicou, em um memorando, um novo grau conferido no final de 1787, e os detalhes dessa iniciação exalam fortemente o Iluminismo; enfim, é uma das astúcias de Weishaupt buscar para suas teorias o apoio do número; ora, é a partir de 1787 que as Lojas militares, como Barruel soube por confidências, passaram a receber suboficiais, e que se multiplicaram esses liceus, essas sociedades, esses clubes, que serviram à Maçonaria como meios de penetração e ação.
É preciso notar que, no trecho de suas Memórias onde fala da invasão do Iluminismo na França, Barruel não menciona apenas o Grande Oriente – que ele chama justamente de "parlamento maçônico" – mas também os Amigos Reunidos, os Swedenborgistas da rua de la Sourdière, os teósofos de Ermenonville, a Loja das Nove Irmãs, a da Canard. A loja do Contrato Social é a única que ele excetua da influência das detestáveis doutrinas do Iluminismo.
Notemos ainda que outros maçons além de Savalette de Lange faziam parte, ao mesmo tempo, tanto do Grande Oriente quanto de outras Lojas, como as Nove Irmãs ou os Amigos Reunidos.
Para negar qualquer contato real entre o Iluminismo de Weishaupt e o Grande Oriente, o Sr. Martin se refere ao Sr. Le Forestier. O Sr. Le Forestier, de fato, defende essa tese em seu livro sobre os Iluminados da Baviera. Mas seus apoios parecem frágeis, já que consistem em um artigo de um jornal de 1801. É essa uma prova irrefutável?
O Sr. Martin não pensa que Bode e Busch poderiam ter agido em Paris, por meio de conversas, fora de qualquer recepção oficial no Grande Oriente? É provável que o Sr. Gustave Bord tenha algo a nos dizer sobre Savalette de Lange e Chefdebien, em suas relações com os Iluminados alemães. O papel nefasto desses dois personagens ainda não está totalmente esclarecido.
Além do mais, mesmo que Barruel tivesse se enganado sobre a importância da viagem de Bode, restaria o que ele escreveu, nos dois primeiros tomos de suas Memórias, sobre a conjuração dos "sofistas da impiedade" e dos "sofistas da rebelião".
Há aí um ponto importante a examinar.