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XXIV. O GEENA DE FOGO

Agora nos restam alguns pontos de demonologia a serem esclarecidos. Quando desceu aos infernos, Nosso Senhor libertou os justos da Antiga Lei que estavam retidos no Sheol, aguardando a abertura do Céu. Tendo o Céu sido aberto para os justos por Jesus Cristo, Ele finalmente os introduziu lá.

No entanto, o Sheol não foi suprimido. Nós o chamamos de limbo. E ele ainda abriga, sob este novo nome, as almas dos inocentes que morreram sem o batismo.

O regime do inferno também não foi modificado. Ele permanece o lugar onde os demônios "são retidos aguardando o julgamento". Mas eles podem sair, com a permissão divina, para vir tentar os homens na terra, sem, no entanto, serem libertados de "suas correntes eternas".

É o juízo final, após a Ressurreição da carne, que estabelecerá o regime definitivo dos infernos. Jesus então lhes dá o nome de Geena:

"Serpentes, raça de víboras, como escapareis da condenação da Geena?" (Mateus XXIII, 33).

Ou ainda:

"Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode perder a alma e o corpo na Geena" (Mateus X, 28).

De onde vem essa palavra Geena, praticamente desconhecida no Antigo Testamento? O dicionário dá a seguinte definição:

"Era originalmente o nome de um gracioso vale a sudeste de Jerusalém, chamado Ge-Hinom. No entanto, a partir do tempo de Salomão, os israelitas sacrificaram crianças a Moloque. E foi precisamente no vale de Ge-Hinom que eles praticaram esses sacrifícios. Em seguida, veio a deportação para a Babilônia. Após o retorno do cativeiro, eles tiveram tanta aversão ao local que havia sido palco desse culto bárbaro e ímpio que o transformaram em um depósito de lixo público onde foram jogados os cadáveres de animais e imundícies. Como era necessário, para consumir tudo isso, manter um fogo perpétuo, o local se tornou um "vale ardente" ou Geena de fogo. E a palavra passou para a linguagem corrente para designar o inferno".

Os homens condenados entrarão na Geena com seus corpos ressuscitados. A entrada na Geena constitui para os condenados, assim como para os demônios, a segunda morte, definida por São João como "o lago ardente de fogo e enxofre" (Apocalipse XXI, 8).

Quem julgará o Universo? É o Pai ou é o Filho? É o Filho, pois o Universo é o Reino que Lhe foi dado pelo Pai. É a Sua herança, o Evangelho de São João ensina expressamente o julgamento do Universo pelo Filho:

"Além disso, o Pai não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento" (João V, 22).