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A verdadeira e a falsa mística

A avaliação do limite entre a verdadeira e a falsa mística é muito difícil. No entanto, constantemente precisamos dela ao estudar as seitas.

O comércio da alma humana com o mundo dos espíritos através das vias particulares da mística (vias que variam em intensidade e natureza, desde a simples elevação da alma... pela oração), desempenha um papel significativo tanto na verdadeira quanto na falsa religião. Encontramos até mesmo a falsa mística na origem das doutrinas filosóficas ("iluminação" de muitos filósofos). Ela é encontrada até mesmo na origem de certas descobertas científicas. Há toda uma zona que não podemos deixar de explorar, pois é por ela que as doutrinas demoníacas penetram na sociedade.

O mundo dos espíritos, de fato, está dividido em dois campos: o dos espíritos fiéis e o dos espíritos reprovados.

Cada vez que um indivíduo (um orador, um cientista, um filósofo, um monge ou um simples membro do vulgum pecus) recebe uma inspiração mística, em qualquer grau, surge a questão de qual é a sua origem.

Esse assunto foi colocado em comunicação com seu próprio metapsiquismo (nesse caso, ele é tanto inspirado quanto inspirador), ou com um bom espírito, ou com um espírito ruim? Ou ainda, esse fenômeno é complexo?

Essa questão se coloca para nós a cada passo. É a do DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS. Ora, a faculdade de discernimento é um carisma. E a Providência não distribui esse dom de maneira muito ampla. Mesmo na ausência de um dom pessoal, o Bispo desfruta ipso facto da faculdade de discernimento quando, no exercício de suas funções e mediante o respeito das formas canônicas, ele examina uma causa sobrenatural. Nesse caso, Deus lhe deve Sua assistência e Ele obviamente a lhe dá.

Infelizmente, o Bispo moderno, por toda sorte de razões, abstém-se de examinar canonicamente as causas sobrenaturais que lhe são submetidas. Elas evoluem, portanto, de uma maneira anárquica e exuberante, e, por falta de proteção, a maioria delas se polui irremediavelmente.

Ora, a história das seitas está impregnada de falsa mística. Ela é um tecido de êxtases que, por serem falsos, não deixam de imprimir orientações muito precisas. Portanto, é impossível expor inteligivelmente essa história se nos proibimos toda apreciação, toda estimativa, todo julgamento de valor sobre o sentido dessas orientações e, portanto, sobre a natureza da mística que está na sua origem. Ela é autêntica e vem, portanto, do Céu. Ou então, é falsa e vem do "buraco do abismo"?

Para responder a esta pergunta, que continua a surgir, sempre houve dois recursos: uma atitude a priori e um exame a posteriori.

  • A atitude a priori é o que se chama de "a finura do anjo". É essa posição de desconfiança que detecta o mal onde quer que esteja, mas sem experimentá-lo; permanece-se como observador externo. Portanto, exclui a curiosidade experimental, que sempre leva ao atolamento. Aquele que, por exemplo, deseja se misturar com os ocultistas para conhecê-los melhor, abandona por consequência sua independência de espírito como observador verdadeiramente objetivo.

  • O exame a posteriori é o dos frutos: "Pelos seus frutos os conhecereis". Dessa forma, por exemplo, poderemos examinar os frutos do pentecostalismo de hoje: