ANEXO II: UMA FORMULAÇÃO PRECIPITADA DE MONSENHOR LEFEBVRE EXPLORADA POR ALGUNS QUE SE DIZEM SEUS FILHOS (MAS SERÁ QUE SÃO?)
Ela tem sua origem em uma má aplicação do princípio da não contradição. Vamos lembrar este princípio fundamental:
- sob sua forma metafísica: uma mesma coisa não pode, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, ser e não ser;
- sob sua forma lógica: é impossível afirmar e negar ao mesmo tempo a mesma coisa sob o mesmo aspecto.
Quando, em sua proclamação de 21 de novembro de 1974, Monsenhor Lefebvre declara:
“Nós aderimos de todo coração, de toda alma, à Roma católica, guardiã da fé católica e de suas tradições necessárias à manutenção desta Fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade”.
“Por outro lado, rejeitamos e sempre rejeitamos a Roma de tendência neo-modernista e neo-protestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II e, após o Concílio, em todas as reformas que dele surgiram”.
Quando, na carta aos futuros Bispos de 29 de agosto de 1987, ele escreve:
“A corrupção da santa Missa levou à corrupção do sacerdócio...”
nestes dois textos, Monsenhor Lefebvre não é suficientemente preciso, o que gera uma confusão mantida e desenvolvida por alguns que se apresentam como seus filhos ou que se dizem seus herdeiros.
Na verdade, a Santa Missa não pode ser corrompida. Ela é Santa por essência.
Se há algo que se chama de "missa" e está corrompido, é algo diferente da Santa Missa.
O mesmo vale para o sacerdócio. Ele não pode ser corrompido.
Se há algo que se chama de "sacerdócio" e está corrompido, é algo diferente. Pode haver homens corruptos no sacerdócio, mas o Sacerdócio da Santa Igreja não pode ser corrompido.
O mesmo se aplica a Roma. Ela não pode ser ao mesmo tempo católica e herética. A Roma atual, aliás, não se esconde: ela se diz conciliar. Ela é conciliar. Às vezes ela se diz católica, mas é uma usurpação. Ela não tem mais nada de católico, nem os dogmas, nem os sacramentos, nem os rituais (especialmente o da ordenação episcopal), nem a moral, nem a vida, nem o ensinamento, nem... etc. Tudo mudou.
Além disso, a Roma conciliar persegue os verdadeiros católicos, aqueles que não quiseram mudar nada em sua fé e em sua vida, que acreditam e fazem o que sempre foi acreditado e feito, sabendo que a verdadeira Igreja não pode se enganar nem nos enganar.
Essa perseguição em todos os lugares prova claramente que a Roma modernista, e portanto herética, não tem nada a ver com a Roma católica. É algo diferente.
Monsenhor Lefebvre sabia disso muito bem. Entendemos o que ele queria dizer e fazer.
É evidente que em seu pensamento, tanto Paulo VI quanto João Paulo II representavam a Roma modernista que ele condenava.
É evidente que em sua carta aos quatro futuros bispos, quando ele pede que permaneçam ligados à Sé de Pedro, não se trata de se apegar a João Paulo II, visto que ele especifica acima:
"...confiante de que em breve o Trono será ocupado por um sucessor de Pedro perfeitamente católico, nas mãos do qual vocês poderão depositar a graça de seu episcopado para que ele a confirme".
Ao esclarecer isso, Monsenhor Lefebvre provou que não considerava João Paulo II católico. Ele até previa que J-P II era inconversível, aguardando um sucessor católico.
Infelizmente, sua declaração não foi clara o suficiente.
Foi explorada por alguns que querem fazer os fiéis acreditarem que estar ligado à Sé de Pedro é estar ligado a João Paulo II, o que vai contra o pensamento de Monsenhor Lefebvre, como acabamos de demonstrar.
Daí a confusão prática em que vivemos desde então.
Uma confusão alimentada e ampliada por alguns que ainda se dizem seus seguidores. Nem todos, mas alguns. Basta comparar o que o padre de Jorna escreve no editorial do número 111 da Fideliter p. 2:
"Por fim, dirigindo-se aos futuros bispos em 29 de agosto de 1987, ele lhes escreveu:
'Eu lhes suplico que permaneçam ligados à Sé de Pedro, à Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas'".
E o padre de Jorna para a citação por aí.
Vamos reler a frase completa de Monsenhor Lefebvre:
"Eu lhes suplico que permaneçam ligados à Sé de Pedro, à Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, na fé católica integral, expressa nos símbolos de fé, no catecismo do Concílio de Trento, de acordo com o que lhes foi ensinado em seu seminário. Permaneçam fiéis na transmissão desta fé para que o Reino de Nosso Senhor venha".
É muito diferente. Como qualificar uma tal manipulação? Que traição!
Daí a confusão no campo da Tradição. Daí a falta de firmeza doutrinal e prática. A falta de firmeza que levará um dia ou outro a graves traições, idênticas às anteriores. Este erro gerou um comportamento e uma tática de defesa, quando deveria ter sido uma ataque. É o campo da Verdade que deveria impor as regras do jogo.
Deveríamos ter lhes dito:
"Vocês não são mais católicos. Vocês não são mais a Igreja Católica. Vocês se dizem ‘Papa’, são realmente? Vocês se dizem bispos, são realmente?"
E não:
“Muito Santo Pai, deixe-nos experimentar a Tradição”.
No final, Dom Lefebvre os chamou pelo verdadeiro nome: “Anticristo”, mas era tarde demais, seus discípulos não entenderam.
Ele desejou ir mais longe antes de morrer?
O isolamento em que o encerraram então, deixa tudo supor [25].
E desde então? Como é pensável que os quatro bispos, excomungados pela seita conciliar após sua sagração, tenham sido recebidos em São Pedro, em Roma, com as honras condizentes com sua grandeza?
A excomunhão foi levantada?
Caso contrário, em que mentiras estamos vivendo? Um dia excomungados, no dia seguinte recebidos com solenidade. Por qual compromisso chegamos a isso?
Têm a mesma Fé?
Os quatro bispos não traíram a vontade de seu consagrador? Eles estão lutando a mesma luta que seu fundador?
Tiveram medo de que sua Fraternidade fosse tratada e perseguida como uma seita?
E para evitar os efeitos, preferiram encontrar um acordo com esses hereges?
Mas, sobretudo, estão em conformidade com a luta da Fé que Deus lhes pede?
Qual é a diferença em relação aos "raliados"ralliés*"?
Não devemos esquecer que o termo "raliado"ralliés" não é católico. O verdadeiro termo católico é apóstata.