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ANEXO I: A VISIBILIDADE DA IGREJA

«A  é uma, e tudo o que está fora desta unidade de  não é ». São Hilário de Poitiers, primeiro doutor da Igreja.

A  católica é de tal natureza que nada lhe pode ser acrescentado ou retirado ; ou a possuímos inteiramente, ou não a possuímos de modo algum. Tal é a  católica : quem não a abraça firmemente não poderá ser salvo. (Símbolo de Santo Atanásio).

Na sua entrevista ao Figaro de 3 de junho de 1998, Dom Fellay, superior da Fraternidade São Pio X, responde à pergunta do jornalista:

"Alguns entre vocês não afirmam que a  de Pedro está vaga?

Eles não são dos nossos. Nós não aceitamos essa afirmação. Eles pretendem resolver um problema, mas criam um ainda mais grave. De fato, o Papa realiza atos que foram anteriormente condenados pela Igreja; portanto, para salvar a infalibilidade pontifícia, afirmam que não há papa. Esta é uma posição fácil que, na realidade, dissolve a visibilidade da Igreja. Não podemos aceitá-la."

É triste ler tais linhas.

Primeiro, notemos a incoerência dos argumentos.

Dom Fellay reconhece que “o Papa realiza atos que foram anteriormente condenados pela Igreja”.

Esta frase é muito importante. É uma excelente constatação. É a mesma que fazemos.

Estes atos haviam obrigado Mons. Lefebvre a declarar:

"A igreja que afirma tais erros (liberdade de consciência...) é ao mesmo tempo cismática e herética. Esta seita conciliar não é, portanto, católica. Na medida em que o Papa, os bispos, padres, fiéis aderem a esta nova igreja, eles se separam da Igreja Católica" (Ecône, 29/6/1976).

Reestudando longamente este problema da liberdade de consciência em seu livro Dubia sobre a liberdade religiosa, quatro vezes Mons. Lefebvre é obrigado a concluir pela heresia.

Historicamente, nunca houve papas praticando atos anteriormente condenados pela Igreja. Os jansenistas quiseram nos fazer acreditar nisso para Honório, Libério ou outros, mas estas supostas falhas foram demonstradas como falsas durante os trabalhos feitos para o Vaticano I.

Teologicamente, qual é esta nova afirmação, estudada e condenada pelo Vaticano I, que ensina que um Vigário de Nosso Senhor Jesus Cristo possa praticar atos que foram anteriormente condenados pela Igreja, portanto contrários à doutrina da Igreja?

Deve-se tirar uma única conclusão: se este "papa" pratica atos que foram anteriormente condenados pela Igreja, ele pratica atos falsos, merecendo até mesmo a nota de heresia. Ele é, portanto, falível.

Se ele não é infalível, como pode ser Papa?

Esperamos uma resposta clara, nítida, precisa por parte de Mons. Fellay a esta questão. Ele não pode se esquivar e nos deve, como bispo, um ensinamento coerente.

Mas e quanto à visibilidade?

Esta visibilidade da Igreja deve ser manifesta aos olhos de todos por quatro razões:

1° o bem dos fiéis que podem assim facilmente seguir os ensinamentos da Igreja e obedecer com toda segurança aos seus preceitos;

2° a necessidade para os fiéis, expostos a perder a fé, de poder discernir facilmente das seitas heréticas a Igreja católica cuja verdade é tão resplandecente;

3° a necessidade, para os infiéis que querem abraçar a fé católica, de poder facilmente reconhecer a Igreja católica;

4° enfim a glória de Jesus Cristo cujo reino sobre toda a terra brilha assim com um maravilhoso esplendor.

O Padre Hugon OP, em "La vie spirituelle" n°35, pp. 355-356 lembra este ensinamento constante da Igreja que:

«Três princípios fundamentais constituem o corpo da Igreja:

  • um magistério visível e a profissão de uma mesma fé por todos os crentes;
  • um ministério visível e a comunhão de todos os fiéis no mesmo culto;
  • um governo visível e a obediência de todos os súditos aos mesmos pastores».

Resumem-se estes três princípios por uma fórmula simples: profissão da mesma fé, participação nos mesmos sacramentos, obediência aos mesmos pastores.

Pio XII, na encíclica "Mystici corporis", observa:

"...Sim, certamente, a piedosa Mãe resplandece sem nenhuma mancha nos sacramentos, com os quais ela gera e nutre seus filhos, na fé que ela conserva sempre não contaminada, nas santíssimas leis pelas quais ela comanda..."

Desde Nosso Senhor Jesus Cristo e até 9 de outubro de 1958 (morte de Pio XII), tínhamos a mesma fé não contaminada, os mesmos sacramentos sem manchas, os mesmos bispos e portanto a mesma Igreja.

Estes três princípios tornam a Igreja visível, e até se tinha o hábito de abreviar estes princípios reduzindo a visibilidade à pessoa do Papa: onde está o Papa, aí está a Igreja.

Era um atalho justificado na Igreja em ordem, pois o Papa tinha a mesma fé até 9 de outubro de 1958, vivia dos mesmos sacramentos até 9 de outubro de 1958 e era a continuação da mesma hierarquia [24].

É o mesmo desde então?

É evidente que desde o Vaticano II, a seita conciliar transformou os sacramentos católicos. Tudo está repleto de modernismo e protestantismo.

Ela não professa mais a mesma fé. Sua doutrina é a expressão da heresia modernista e protestante.

A melhor prova é que ela combate, e com que violência, apenas aqueles que se recusam a mudar de sacramentos e de Fé.

Os amigos se tornaram inimigos, os inimigos se tornaram amigos. Isso prova mais que tudo que a seita conciliar não é a Igreja católica.

Resta o problema da hierarquia.

Como um "papa" não católico como João Paulo II, como uma hierarquia inimiga pode, por si só, sem a presença dos outros dois princípios mais importantes que são a Fé ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo e os sacramentos que Ele instituiu, representar a visibilidade da Igreja?

Reter apenas o atalho como princípio da visibilidade da Igreja e isso em uma igreja que não é mais católica (mesmo que ela queira nos fazer acreditar que é a igreja católica) é uma impostura, um engano.

Essas pessoas usurparam (usurpar: apoderar-se por violência ou por astúcia, de um bem, de uma dignidade, de um título que pertence a outro) os assentos que ocupam.

Eles, como nos havia anunciado a Santíssima Virgem Maria em La Salette, eclipsaram a Igreja.

Cabe a nós não mudar nada no que acreditamos e fazemos. Sabemos que a Santa Igreja não pode nem se enganar, nem nos enganar. A nós, não se pode reprovar nada.

Então reter apenas como critério da visibilidade, esse "papa" usurpador herético, essa hierarquia apóstata e inimiga, é enganar-se e é enganar aqueles que se ensina.

Mons. Fellay não resolve o problema da visibilidade. Por uma posição fácil, na realidade ele dissolve a visibilidade da Igreja. Ele cria um problema mais grave: fazer crer que a seita conciliar é a Igreja Católica. É o oposto do ensinamento de Mons. Lefebvre.

Oremos por Mons. Fellay, sua Fraternidade e seus padres.