Introdução
Torna-se cada vez mais evidente que a luta contra-revolucionária ocorre em dois níveis.
1. – Primeiro, devemos lutar para conservar as últimas posições que nos restam. É evidente e necessário conservar nossas capelas, nossos poucos mosteiros, nossas escolas, nossas publicações, nossas associações e, mais geralmente, nossas esperanças de salvação e a ortodoxia de nossas doutrinas. Assim, estamos envolvidos em uma série de combates conservadores de pequena amplitude dos quais não podemos nos esquivar.
De fato, encontramos a menção desses combates na própria Escritura. São João Evangelista, sob o ditado de “Aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas”, ou seja, sob o ditado de Nosso Senhor, dirige-se ao anjo da igreja de Sardes dizendo: “Esto vigilens et confirma cetera quae moritura erant”, o que significa:
“Seja vigilante e mantenha os restos que estavam prestes a perecer” (Apoc. III, 2).
Sabemos que a Igreja de Sardes corresponde ao nosso tempo. Portanto, essa admoestação “mantenha os restos” é dirigida a nós. O céu espera de nós essa salvaguarda dos restos. Isso formula nossa missão. Constitui nosso combate contra-revolucionário diário. Esta é a batalha inferior. É uma batalha defensiva, uma batalha de manutenção.
2. – Mas acima desses inúmeros compromissos conservadores, uma batalha ainda mais importante começou, cujo objetivo é a mudança do poder.
“Eu reinarei apesar dos meus inimigos”. Quem de nós teria esquecido essa promessa lacônica mas formal, que Nosso Senhor fez a Santa Margarida Maria em 1689? Sozinha, ela poderia nos bastar. Mas foi renovada, durante os séculos XIX e XX, a um grande número de místicos, em particular à senhora Royer. E quando se considera que o juramento resulta da repetição da promessa, pode-se afirmar que o reinado do Sagrado Coração nos foi prometido com juramento. Podemos, portanto, estar seguros de que hoje Nosso Senhor opera misteriosamente conforme Seu modo habitual, com o objetivo de extirpar o poder da Besta e instaurar Seu próprio reinado. Essa misteriosa batalha, da qual Ele é o agente essencial, constitui a batalha superior, a do objetivo principal.
Essas duas batalhas respondem, ambas, à Vontade divina. Entende-se que não possamos eludir nenhuma delas.
Elas estão entrelaçadas porque são sustentadas pelos mesmos combatentes, que assim têm duas lutas diferentes a travar. É de suma importância distinguir essas duas lutas, pois não têm o mesmo objetivo e, portanto, não são suscetíveis da mesma estratégia. Em particular, a parte que cabe a Deus e a que cabe aos homens diferem grandemente entre uma batalha e outra.
As incompreensões que se observam entre os líderes dos grupos provêm do fato de que a maioria vê apenas um único combate e confunde os objetivos secundários, que são os da batalha inferior, com o objetivo principal, que é o da batalha superior.
São precisamente as estratégias respectivas desses dois enfrentamentos sobrepostos que gostaríamos de examinar um pouco mais de perto.