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O LEGADO

A batalha de Vouillé é um dos momentos mais significativos da história cristã. Pode ser comparada a outras grandes batalhas decisivas, como, por exemplo, a do Ponte Mílvio, em 312, onde Constantino exibiu pela primeira vez o Labarum, uma bandeira adornada com a Cruz e a inscrição que lhe havia aparecido no céu alguns dias antes: «In hoc signo vinces». Maxêncio, que tiranizava Roma, foi derrotado e se afogou no Tibre enquanto fugia. Constantino pôde promulgar no ano seguinte (313) o Édito de Milão, que concedia liberdade pública à Igreja. Era o fim das catacumbas.

Vouillé supera até mesmo o Ponte Mílvio em importância. Foi em Vouillé que a identidade feudal e católica da Idade Média se formou definitivamente. Se Clóvis tivesse sido derrotado, o arianismo teria prevalecido, transmitindo seu espírito para a nova era que se abria.

Mas em Vouillé, não há nenhum vestígio visível, nenhuma ruína venerável, nenhum diploma homologado. Apenas um nome, uma memória e uma lógica. Uma lógica que esperou quinze séculos para se desabrochar. Pois hoje, no Campus Vocladeusis, a batalha continua. A forma do combate pode não ser mais a mesma. Mas é a mesma causa. Excelentes escritores tradicionalistas atuais apontaram que os erros modernos são a ampliação da heresia de Ário. Este infame herege negava a divindade do Verbo, Sua coeternidade e Sua consubstancialidade. Ele retirava de Jesus Cristo Sua majestade divina, reduzindo-O a um mensageiro exemplar, colocando-O ao nível de um fundador de seita como Buda ou Zoroastro. É exatamente isso que ouvimos hoje.

O Vouillé de 507 definiu nossa identidade francesa e cristã. O Vouillé de hoje luta para que a redescubramos. Que os santos que conduziram Clóvis à vitória — São Martinho, São Remígio, São Hilário, São Maurício, Santa Clotilde, Santa Genoveva — se dignem nos conduzir também para lá amanhã.