# Refutação das 40 proposições heréticas de Rosmini # Introdução
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*In ordine rerum creatarum immediate manifestatur humano intellectui aliquid divini in seipso, hujusmodi nempe quod ad divinam naturam pertineat.* | Na ordem das coisas criadas se manifesta imediatamente ao espírito humano algo de divino em si, que por sua essência pertence à natureza divina. |
Cum divinum dicimus in natura, vocabulum istud «divinum» non usurpamus ad significandum effectum non divinum causæ divinæ ; neque mens nobis est loqui de divino quodam, quod tale sit per participationem. | Quando falamos do divino na natureza, este termo «divino» não é usado por nós para significar um efeito não divino de uma causa divina, nem é nossa intenção falar de algum divino que seja tal por participação. |
*In natura igitur universi, idest in intelligentiis quœ* *in ipso sunt, aliquid est, cui convenit denominatio divini non sensu figurato sed proprio.* *Est actualitas non distincta a reliquo actueltatis divin**æ**.* | Na natureza do universo, isto é, nas inteligências que o compõem, há algo a que convém a denominação de divino, não no sentido figurado, mas próprio. É uma atualidade que não é distinta do resto da atualidade divina. |
*Esse indeterminatum, quod procul dubio notum esi omnibus intelligentiis, est divinum illud quod homini in natura manifestatur* | O ser indeterminado, que sem dúvida é o mesmo que toda inteligência conhece, é esse ser divino manifesto ao homem na natureza. |
*Esse quod homo intuetur necesse est ut sit aliquid entis necessarii et æterni, causæ creantis, determinantis ac finientis omnium entium contingentium ; atque hoc est Deus* *In esse quod præscindit a creaturis et a Deo quod est esse indeterminatum, atque in Deo esse non indeterminato sed ab soluto, eadem est essentia. * | O ser, objeto da intuição humana, deve ser necessariamente algo do ser necessário, eterno, criador, causa determinante e final de todos os seres contingentes, isto é, de Deus mesmo. No ser \[universal\] que abstrai as criaturas e Deus, ou seja, no ser indeterminado, há a mesma essência que em Deus, ser determinado e absoluto. |
*Esse indeterminatum intui tionis, esse initiale, est aliquid Verbi, quod mens Patris distinguit non realiter sed secundum rationem a Verbo.* | O ser indeterminado da intuição, o ser inicial, é algo da Palavra, que a inteligência do Pai distingue da Palavra, não real, mas por razão. |
Entia finita, quibus componitur mundus, resultant ex duobus elementis, id est ex termino reali flnito et esse initiali, quod eidem termino tribuit formam entis. | *Os entes finitos, de que se compõe o mundo, resultam de um duplo elemento, ou seja, de um termo real finito e do ser inicial, que confere a esse termo a forma de ser.* |
*Esse, objectum intuitionis, est actus initialis omnium entium. - Esse initiale est initium tam cognoscibilium quam subsistentium; est pariter initium Dei, prout a nobis concipitur, et creaturarum.* | *A ser que é objeto de intuição é o ato inicial de todos os seres. O ser inicial é a origem tanto do que pode ser conhecido quanto do que subsiste; ele é igualmente a origem de Deus — ao menos tal como o concebemos — e das criaturas.* |
E*sse virtuale et sine limitibus est prima ac simplicissima omnium entitatum, adeo, ut quælibet alia entitas sit composita, et inter ipsius componentia semper el necessario sit esse virtuale. Est pars essentialis omnium omnino entitatum, utut cogitatione dividantur.* | *O ser virtual e sem limites é a primeira e a mais simples de todas as entidades; assim, toda outra entidade é composta, e o ser virtual é sempre e necessariamente um dos componentes. Esse ser virtual é parte essencial de todas as entidades sem exceção, quaisquer que sejam as divisões que nossa pensamento lhe imprima.* |
*Quidditas (id quod res est) entis finiti non constituitur eo quod habet positivi, sed suis limitibus. Quidditas entis in finiti constituitur entitate, et est positiva ; quidditas vero entis finiti constituitur limitibus entitatis, et est negativa.* | *A quididade (o que é a coisa) do ente finito não é constituída pelo que ela contém de positivo, mas pelos seus limites. A quididade do ente infinito é constituída pela sua entidade, e é positiva; a quididade do ente finito é constituída pelos limites de sua entidade e é negativa.* |
Finita rectifias non est, sed Deus facit eam esse addendo infinitæ realitati limitotionem. Esse initiale fit essentia omnis entis realis. Esse quod actuat naturas finitas, ipsis conjunctum, est recisum a Deo. | A realidade finita não existe; mas Deus a faz existir ao adicionar uma limitação à realidade infinita. O ser inicial torna-se (assim) a essência de todo ser real. O ser que atualiza as naturezas finitas, às quais está unido, é tirado de Deus. |
*Discrimen inter esse absolutum et esse relativum non illud est quod intercedit substantiam inter et substantiam, sed aliud multo majus : unum enim est absolute ens, alterum est absolute non-ens. At hoc alterum est relativum ens. Cum autem ponitur ens relativum, non mulliplicator absolute ens : huic absolutum et relativum absolute non sunt unica substantia, sed unicum esse ; atque hoc sensu nulla est diversitas esse, imo habetur unitas esse.* | A diferença entre o ser absoluto e o relativo não é aquela que intervém entre substância e substância, é uma outra muito maior. O ser absoluto é absolutamente ser; o ser relativo é absolutamente não-ser. Mas este último é relativo ser. Ou, quando um relativo ser é posto, o ser absoluto não é multiplicado. Daí decorre que o absoluto e o relativo não são substância única, mas sim ser único; e é então ser nessa sensação, e não há diversidade de ser, mas sim unidade de ser. |
*Divina absiractione producitur esse initiale, primum finitorum entium elementum ; divina vero imaginatione producitur reale finitum, seu realitates omnes, quibus mundus constat.* *Tertia operatio esse absoluti mundum creantis est divina synthesis, id est unto duorum elementorum, qu\*\*æ sunt esse initiale, commune omnium finilorum entium initium, atque reale finitum, sea potius diversa realia finita, termini diversi ejusdem esse initialis. Qua unione creantur entia finita.* | *Com a abstração divina é produzido o ser inicial, primeiro elemento dos entes finitos; mas com a imaginação divina é produzida a realidade finita, ou seja, todas as realidades de que consta o universo.* *A terceira operação do Ser Absoluto criando o mundo é a síntese divina, ou seja, a união dos dois elementos, que são o ser inicial e a realidade finita, ou melhor, as diversas realidades finitas, termos diferentes do mesmo ser inicial. É com esta união que são criados os entes finitos.* |
*Esse initiale per divinam sythesim ab intelligentia relatum, non ut intelligibile, sed mere ut essentia, ad terminos finitos reales efficit ut existant entia finita subjective et realiter.* | *O ser inicial, relacionado pela inteligência (de Deus) por meio da síntese divina, não como ser inteligível, mas como pura essência, com os limites finitos reais, faz com que os seres finitos existam subjetivamente e realmente.* |
*Id unum efficit Deus creando, quod totum actum esse creaturarum integre ponit : hic igitur actus proprie non est factus, sed positus.* | *Tudo o que Deus faz ao criar é colocar integralmente o ato da existência das criaturas; este ato não é, propriamente dito, feito, mas é posto.* |
*Amer quo Deus se diligit etiam in creaturis et qui est ratio qua se determinat ad creandum, moralem necessitatem constituit, quæ in ente perfectissimo semper inducit effectum : hujusmodi enim necessitas tantummodo in pluribus entibus imperfectis integram relinquit libertatem bilateralem.* | *O amor com que Deus se ama até nas criaturas e que é a razão determinante da criação constitui uma necessidade moral que, no ser perfeito, sempre se traduz em efeito. É somente na maioria dos seres imperfeitos que esse tipo de necessidade deixa intacta a liberdade bilateral (agir ou não agir).* |
*Verbum est materia illa invisibile ex qua, ut dicitur Sap., XI, 16, creatæ fuerunt res omnes universi.* | *A Palavra é essa "matéria invisível" da qual, como diz a Sabedoria, XI, 16, foram criadas todas as coisas do universo.* |
*Non repugnat ut anima humana generatione multiplicetur, ita ut concipiatur eum ab imperfecto, nempe a gradu sensitivo, ad perfectum, nempe ad gradum intellecticum, producere.* | *Não é repugnante que a alma humana se propague por via de geração, de modo que seja concebida como se elevando do grau imperfeito - a alma sensitiva - ao grau perfeito - a alma intelectual.* |
*Cum sensitivo principio intuibile fit esse, hoc solo tactu, hac sui unione, principium illud antea solum sentiens, nunc simul intelligens, ad nobiliorem statum evehitur, naturam mutat, ac fit intelligens, subsistens atque immortale.* | *Quando o ser se torna objeto de intuição para o princípio sensitivo, este, por esse único contato, por essa única união, se eleva a um estado superior. Aquele que era apenas sensível agora se torna também inteligente; ele muda de natureza e se torna inteligente, subsistente e imortal.* |
*Non est cogitatu impossibile, divina potentia fieri posse, ut a corpore animato dividatur anima intellettiva, et ipsum adhuc maneat animale: maneret nempe in ipso, tanquam basis puri animalis, principium animale, quod antea in eo erat veluti appendix.* | *Não é impossível conceber que, pela potência divina, a alma intelectiva possa ser separada do corpo animado e que este ainda permaneça um animal. Pois o princípio animal, que estava nele antes como um apêndice (da alma intelectiva), permanecerá nele como a base do puro animal.* |
*In statu naturali, anima defuncti existit perinde ac non existeret : cum non possit ullam super seipsam reflexionem exercere, aut ullam habere sui conscientiam, ipsius conditio similis dici potest statui tenebrarum perpetuarum et somni sempiterni.* | No estado natural, a alma do falecido existe como se não existisse, pois não pode mais exercer reflexão sobre si mesma, ou ter qualquer consciência de si. Sua condição pode ser comparada a um estado de trevas perpétuas e de sono eterno. |
*Forma substantialis corporis est potiu effectus animæ atque interior terminus operationis ipsius : propterea forma substantialis corporis non est ipsa anima.* *Unio animæ et corporis proprie consistit in immanenti perceptione, qua subjectum intuens ideam affirma sensibile, postquam in hac ejus essentiam intuitum fuerit.* | *A forma substancial do corpo é, na verdade, um efeito da alma e o termo interno de sua operação. Assim, a forma substancial do corpo não é a própria alma.* *A união da alma e do corpo consiste, propriamente, na percepção imediata, pela qual o sujeito, ao apreender a ideia (do ser), afirma o sensível, ao ter apreendido nessa ideia a própria essência do sensível.* |
*Revelato mysterio sanctissimæ Trinitatis, potest ipsius existentia demonstrari argumentis mere speculativis, negativis quidem et indirectis, hujusmodi tamen ut per ipsa, veritas illa ad philosophicas disciplinas revocetur, atque fiat propositio scientifica sicut ceteræ: si enim ipsa negaretur, doctrina theosophica puræ rationis non modo incompleta maneret, sed etiam omni ex parte absurditatibus scatens annihilaretur.* | *Uma vez revelado o mistério da Santíssima Trindade, sua própria existência pode ser demonstrada por argumentos puramente especulativos, negativos, sem dúvida, e indiretos, mas, de qualquer forma, tais que, por meio deles, essa verdade é reintegrada nas conhecidas filosóficas e que dela, como de outras conhecidas desse tipo, pode-se fazer uma proposição científica. De tal forma que, se se negar, a doutrina teosófica da pura razão não apenas permanece incompleta, mas é destruída pelos próprios absurdos que dela surgiriam de todos os lados.* |
*Tres supremæ formæ esse nempe subjectivitas, objectivitas, sanctitas, seu realitas, idealitas, moralitas, si transferantur ad esse absolutum, non possunt aliter concipi nisi ut persanæ subsistentes et viventes. - Verbum, quatenus objectum amatum, et non quatenus Verbum, id est objectum in se subsistens per se cognitum, est persona Spiritus Sancti.* | *As três formas supremas do ser, a saber, a subjetividade, a objetividade, a santidade, ou, em outras palavras, a realidade, a idealidade, a moralidade, ao serem transferidas ao ser absoluto, não podem ser entendidas de outra maneira a não ser como pessoas subsistentes e viventes. — A Palavra, na medida em que é objeto amado e não na medida em que é Palavra, isto é, objeto subsistente em si e por si conhecido, é a pessoa do Espírito Santo.* |
*In humanitate Christi humana voluntas fuit ita rapta a Spiritu Sancto ad adhærendum Esse objectivo, id est Verbo, ut illa Ipsi integre tradiderit regimen hominis, et Verbum, illud personaliter assumpserit, ita sibi uniens naturam humanam. Hinc votuntas humana desiit esse personalis in homine, et cum sit persona in aliis hominibus, in Christo remansit natura.* | *Na humanidade de Cristo, a vontade humana foi de tal modo arrebatada pelo Espírito Santo para aderir ao Ser objetivo, isto é, ao Verbo, que ela entregou a Ele inteiramente o governo do homem, e o Verbo, assim, pessoalmente assumiu essa regência, unindo-se à natureza humana. Assim, a vontade humana deixou de ser pessoal no homem e, embora sendo uma pessoa nos outros homens, permaneceu em Cristo como natureza.* |
*In christiana doctrine, Verbum, character et facies Dei, imprimitur in animo eorum qui cum fide suscipiunt baptismum Christi. - Verbum id est character in anima im* | *Na doutrina cristã, o Verbo, caráter e face de Deus, é impresso na alma daqueles que, com fé, recebem o batismo de Cristo. - O Verbo, isto é, o caráter na alma* |
*pressum, in doctrina christiana, est Esse reale (in finitum) per se manifestum, quod deinde novimus esse secundam personam sanctissimæ Trinitatis.* | *O caráter impresso na alma, segundo a doutrina cristã, é o Ser real, infinito, que se manifesta por si mesmo \[à inteligência\], e que nós conhecemos depois como sendo a segunda pessoa da Santíssima Trindade.* |
*A catholica doctrina, quæ sola est veritas, minime alle nam putamus hanc conjectu ram : «In eucharistico sacramento substantia panis et vinifit vera caro et verus sanguis Christi, quando Christus eam facit terminum sui principii sentientis, ipsamque sua vita vivificat : eo ferme modo quo panis et vinum vere transsub stantiantur in nostram carnem et senguinem, quia fiunt terminus nostri principii sentientis».* | *Não seria uma conjectura contrária à doutrina católica, que é a única verdadeira, dizer: 'No sacramento da eucaristia, a substância do pão e do vinho se torna a verdadeira carne e o verdadeiro sangue de Cristo, quando Cristo faz deles o termo de seu princípio sensível e os vivifica com sua própria vida, quase da mesma maneira que o pão e o vinho são verdadeiramente transubstanciados em nossa carne e sangue, uma vez que eles se tornam o termo de nosso princípio sensível.* |
*Peracta transubstantiatione intelligi potest, corpori Christi glorioso partem aliquam adjungi in ipso incorporatum, indivisam pariterque gloriosam.* | *A transubstanciação concluída, pode-se pensar que alguma parte, incorporada ao corpo glorioso de Cristo, inseparável dele e gloriosa como ele, lhe seja juntada.* |
*In sacramento eucharistiæ, vi verborum corpus et sanguis Christi est tantum ea mensura quæ respondet quantitati (a quel tanto ) substantiæ panis et vini quæ transsubstantiantur ; reliquum corporis Christi ibi est per concomitantiam.* | *No sacramento da eucaristia, pelo poder das palavras, o corpo e o sangue de Cristo estão presentes apenas na medida que corresponde à quantidade da substância do pão e do vinho que são transubstanciados; o restante do corpo de Cristo está ali por concomitância.* |
*Quoniam «qui non manducas carnem Filii hominis et bibit ejus sanguinem», non habet vitam in se (João, vi, 54), et nihilominus qui moriuntur eum baptismo aquæ, sanguinis aut desiderii, certo consequuntur vitam æternam, dicendum est his qui in hac vita non comederunt corpus et sanguinem Christi, subministrari hanc cœlestem cibum in vita futura, ipso mortis instanti. - Hinc etiam sanctis Veteris Testamenti potuit Christus descendens ad inferos se ipsum communicare sub speciebus panis et vini, ut aptos eos redderet ad visionem Dei.* | *Porque 'quem não come a carne do Filho do Homem e não bebe o seu sangue' não tem a vida em si, e, no entanto, aqueles que morrem apenas com o batismo de água, de sangue ou de desejo obtêm a vida eterna, deve-se dizer que, àqueles que, na vida presente, não comeram o corpo e \[não beberam\] o sangue de Cristo, este alimento celestial é administrado na vida futura, no momento mesmo da morte. – Daí também que, aos santos do Antigo Testamento, Cristo, ao descer aos infernos, pôde se comunicar a eles sob as espécies de pão e vinho, para torná-los aptos à visão de Deus.* |
*Cum dæmones fruetum possederent, putarunt se ingressuros in hominem, si de illo ederet; converso enim cibo in corpus hominis animatum, ipsi poterant libere ingredi animalitatem, id est in vitam subjectivam hujus entis, atque ita de eo disponere sicut proposuerant.* | Como os demônios tinham tomado posse do fruto (proibido), pensaram que poderiam entrar no homem se esse comesse. O alimento \[o fruto\] sendo mudado no corpo animado do homem, eles poderiam livremente tomar posse da animalidade, da vida subjetiva desse ser \[o homem\], e dispor assim dele, como se haviam proposto. |
*Ad præservandum B. V. Mariam a labe originis, satis erat ut incorruptum maneret minimum semen in homine, neglectum forte ab ipso dæmone; e quo in corrupto semine, de generatione in generationem transfuso, suo tempore oriretur virgo Maria.* | Para preservar a bem-aventurada virgem Maria da mancha original, bastava que em Adão permanecesse uma muito pequena partícula de semente, talvez negligenciada pelo demônio, e que dessa partícula intacta, transmitida de geração em geração, surgisse em seu tempo a Virgem Maria. |
*Quo magis attenditur ordo justifcationis in homine, eo aptior apparet modus dicendi scripturalis, quod Deus peccata quædam tegit aut non imputat. - Juxta Psalmis tam (xxxi, 1) discrimen est inter iniquitates quæ remittuntur, et peccata quæ teguntur: illæ, ut videtur, sunt culpæ actuales et liberæ, hæc vero sunt peccata non libera eorum qui pertinent ad populum Dei, quibus propterea nullam afferunt nocumentum.* | Quanto mais se atenta à ordem da justificação no homem, mais se torna justo o discurso da Escritura, segundo o qual Deus cobre ou não imputa certos pecados. - Segundo o Salmista, há uma diferença entre as iniquidades que são perdoadas e os pecados que são cobertos. Aqueles, parece, são as faltas atuais e livres; estes, os pecados não livres daquelas pessoas que pertencem ao povo de Deus e que, por isso, não recebem delas nenhum dano. |
*Ordo supernaturalis constituitur manifestatione esse in plenitudine suæ formæ realis: cujus communicationis seu commanifestationis effectus est sensus (sentimento) deiformis qui inchoatus in hac vita constituit lumen fidei et gratiæ, completus in altera vita constituit lumen gloriæ.* | *A ordem sobrenatural é constituída pela manifestação do ser na plenitude de sua forma real. Dessa comunicação ou manifestação, o efeito é um sentimento deiforme, que, iniciado nesta vida, constitui a luz da fé e da graça e que, completado na outra vida, constitui a luz da glória.* |
*Primum lumen reddens animam intelligentem est esse ideale; alterum primum lumen est etiam esse, non tamen mere ideale sed subsistens ac vivens : illud abscondens suam personalitatem ostendit solum suam objectivitatem ; at qui videt alterum (quod est Verbum) etiamsi per speculum et in ænigmate (I Cor., xiii, 12), videt Deum.* | *Uma primeira luz que torna a alma inteligente é o ser ideal; uma outra primeira luz é ainda o ser, não apenas ideal, mas subsistente e vivo: este, ocultando sua personalidade, mostra apenas sua objetividade; mas quem vê o outro (que é o Verbo), mesmo que o veja "como em um espelho e em enigma" (I Cor., xiii, 12), vê Deus.* |
*Deus est objectum visionis beatific**æ**, in quantum est auctor operum ad extra.* | *Deus é o objeto da visão beatífica, na medida em que é autor das obras ad extra.* |
*Vestigia sapientiæ et bonitatis, quæ in creaturis elucent, sunt comprehensoribus necessaria : ipso enim in æterno exemplari collecta sunt ea Ipsius pars quæ ab illis videri possit (che è loro accessibile), ipsaque argumentum præbent laudibus, quas in æternum Deo beati concinunt. * | *Vestígios da sabedoria e da bondade, que brilham nas criaturas, são necessários aos bem-aventurados; pois, reunidos no exemplar eterno, formam a parte deste que pode ser vista por eles (que é acessível a eles), e fornecem argumento para os louvores que, por toda a eternidade, os bem-aventurados cantam a Deus.* |
*Cum Deus non possit, nec per lumen gloriæ, tolatiter se communicare entibus finitis, non potuit essentiam suam comprehensoribus revelare et communicare nisi eo modo, qui finitis intelligentiis sit accommodatus : scilicet Deus se illis manifestat quatenus cum ipsis relationem habet, ut eorum creator, provisor, redemptor, sanctificator.* | *Como Deus não pode, nem através da luz da glória, comunicar-se totalmente aos seres finitos, não pôde revelar e comunicar sua essência aos compreensores senão do único modo que seja adequado às inteligências finitas: isto é, Deus se manifesta a elas na medida em que tem relações com elas, como seu criador, provedor, redentor e santificador.* |