O Segredo de La Salette foi condenado pela Igreja?

Introdução

RESPOSTA À 'FICHA SALETINA Nº 5' E A ALGUNS OUTROS QUE A AFIRMAM [4]

Quem ama a verdade detesta o erro.

Mas essa detestação do erro é o critério pelo qual se reconhece o amor à verdade.

Se você não ama a verdade, pode dizer que a ama e até fazer com que os outros acreditem;

mas tenha certeza de que, nesse caso, você carecerá de horror pelo que é falso

e, por esse sinal, se reconhecerá que você não ama a verdade.

Ernest HELLO.

Existe um opúsculo que lança uma clara luz sobre a Aparição de La Salette, integralmente relatada pela Vidente, Mélanie Calvat, que dedicou toda a sua vida a transmitir sua Mensagem "a todo o povo de Maria", como havia recebido a ordem.

Ela nunca variou em sua afirmação de uma Mensagem que compreende diferentes partes que publicou, cada uma no tempo apropriado.

Essa Mensagem se compõe do Discurso público, do Segredo (o qual deveria permanecer secreto apenas até uma data determinada) e da Regra de uma Nova Ordem.

Este opúsculo possui o Imprimatur, concedido em Roma pelo R.P. Lepidi, O.P., Mestre do Sagrado Palácio, Assistente Perpétuo da Congregação do Índice, e esse Imprimatur é reforçado por um autógrafo do Mestre do Sagrado Palácio: "Essas páginas foram escritas pela pura verdade".

Esta preciosa publicação torna conhecidas as altas aprovações das quais foi revestida a Mensagem integral de Mélanie, incluindo o Segredo, aprovações de Príncipes da Igreja e de bispos que morreram em fama de santidade, aprovações também dadas por dois Papas, como será dito adiante.

Esta brochura mostra claramente a fidelidade da Mensageira, bem como sua imensa importância, sublinhada, aliás, pelos eventos presentes que a realizam na letra e no espírito.

I. Semeadores de pérolas

A luz sobre La Salette, no entanto, ainda não deveria ser definitiva.

Devemos nos surpreender com isso?

Seria desconhecer a astúcia do Maligno. Ele irá inspirar um autor obscuro que, sob o pretexto de zelo mariano, irá imaginar inserir, no opúsculo do P. Lepidi, várias páginas impressas, com um vitriolo de sua própria lavra, e assim fazer condenar o conjunto da obra aprovada pelo Mestre do Sagrado Palácio, mas aumentada de seu libelo injurioso.

Oh! Certamente, foram necessários inimigos na situação. Teria sido elementar e fácil fazer a distinção, condenando a adição, respeitando o original aprovado. Mas o Inimigo não poderia deixar passar a oportunidade de um esmagamento que ele acreditava ser definitivo da Mensagem abominada, fazendo crer na condenação do luminoso opúsculo que a justificava.

II. Sistinção "sutil" (! ! !)... entre a luz e as trevas

"A ficha saletina n° 5" fala de "distinções sutis entre o segredo e certas diatribes venenosas contidas na brochura condenada".

"CONTIDAS". Eis aqui a confissão de que a brochura condenada é aquela que contém o panfleto injurioso. Pois há, de fato, duas brochuras: uma aprovada pelo P. Lepidi e a outra, que é obra de um falsificador que adquiriu uma pequena parte da edição autêntica para colar sua obra clandestina (Carta ao Sr. padre Z., assinada Mariavé, em 2 de fevereiro de 23), tentando encobri-la com o título da brochura aprovada em 6/6/22.

Sem mesmo esperar a condenação de 9/5/23, o Editor imediatamente processou o Dr. Grémillon (Mariavé) e exigiu dele a retirada das brochuras falsificadas.

Não há "sutileza" quando se procede à indispensável restituição das duas paternidades, grosseiramente e intencionalmente confundidas; a primeira, apenas, tendo recebido a aprovação da Igreja, a segunda, merecendo a censura.

Portanto, a brochura intitulada:

A Aparição da Santíssima Virgem

na Montanha de La Salette

no sábado, 19 de setembro de 1846;

simples reimpressão do texto integral publicado

por Mélanie

com o Imprimatur de Sua Gr. Dom Sauveur Louis, Cte Zola

Bispo de Lecce, em 1879,

seguido de algumas peças justificativas.

Tudo publicado com o Imprimatur do R.P. Lepidi, O.P.,

Mestre do Sagrado Palácio, Assistente Perpétuo da

Congregação do Índice

Emitido em Roma em 6 de junho de 1922

(Sociedade Santo Agostinho, Paris-ROMA-Bruges)

e não aumentado pela "diatribe venenosa", fraudulentamente adicionada posteriormente à revelia dos autores, conserva toda a autoridade que lhe confere a alta aprovação do Mestre do Sagrado Palácio, apesar da confusão que a "ficha saletina n° 5" pode causar.

Produziremos em tempo hábil, se necessário, augustos testemunhos pelos quais se verá que a autoridade das "páginas escritas pela pura verdade" permanece intacta após a inclusão no índice, em 1923, da brochura falsificada.

Adicionemos que pessoas de boa fé puderam ser enganadas por essas manobras, uma vez que o texto de condenação do decreto de 1923 se absteve de citar o título completo da brochura em questão, omitindo o Tudo com o imprimatur do R.P. Lepidi, Mestre do Sagrado Palácio... uma vez que a brochura denunciada ao Santo Ofício continha precisamente uma adição estranha a esse "TUDO".

A confusão aumentou ainda mais, pois o catálogo do Índice se limitou a citar:

"La Salette. - A aparição da Santíssima Virgem, decreto de 9/3/23", um procedimento bibliográfico inaceitável, uma falta grave por omissão, que pode fazer crer que o próprio Fato da Aparição foi condenado. (Toda referência bibliográfica deve citar integralmente todas as características de uma obra: título completo, local e ano da edição, número de páginas, etc...)

Que todo amigo da verdade, agora esclarecido sobre o valor e o interesse da preciosa brochura, não deixe de fazer dela seu tesouro e de divulgá-la ao seu redor.

III. Por que essa aversão contra o segredo?

Quanto ao motivo da implacável hostilidade contra o Segredo, ele reside principalmente, como se sabe, nas reprovações que ele contém direcionadas a certo clero, uma simples reedição da hostilidade do Sinédrio que levou Jesus ao Calvário. E se os judeus não puderam suportar que o Salvador censurasse os “sepulcros caiados”, não pode haver tolerância, a fortiori, que a Rainha do Clero, aparecendo em La Salette (do salgado, sal), dirija-se ao “Sal da Terra” e lhe deixe entender que seu enfraquecimento é a causa principal da decomposição da massa!

Não se pretende, nestas poucas páginas, esgotar a explicação da luta contra o Segredo. Existem motivos muito superiores a estes, dos quais daremos uma breve visão mais adiante (Anexo VI). Mas é suficiente saber que Aquela que a Igreja qualifica de Trono da Sabedoria havia solicitado expressamente que a mensagem divina fosse “transmitida a todo o seu povo”.

IV. Argumentos e pessoal da oposição

É preciso dizer isso imediatamente. Entre os principais inimigos do Segredo de Mélanie estão os próprios Padres de La Salette, ou, pelo menos, alguns deles, aqueles, infelizmente, que têm a palavra!

Os tempos atuais nos ensinaram a não nos surpreender mais com nada. Portanto, vamos rapidamente afastar a tristeza de tal constatação, e resumir fielmente seus principais argumentos, limitando-nos, para começar, a reter aqueles que formulam contra a brochura do P. Lepidi. E depois, com esses argumentos reduzidos a nada, o trabalho aprovado pelo Mestre do Sagrado Palácio persistirá; bastará lê-lo para ter sobre o conjunto da questão tudo o que é necessário para conhecer o essencial da questão.

V. os « imprimatur »: pedaços de papel

Aqui está, portanto, um libelo oriundo de La Salette (ficha saletina n° 5) pelo qual se aprende, no final, que:

«Roma desaprovou claramente as publicações (do segredo) que apareceram, revestidas ou não de um 'imprimatur'...»

Pois bem, na verdade:

1° Houve uma primeira edição do Segredo em 1873 com a aprovação do Arcebispo de Nápoles, cuja ordem das partes difere da publicada definitivamente em 1879, mas que contém a substância de tudo o que esta última trará mais tarde.

2° Há o Imprimatur de 1879, dado por Mons. Zola, ao texto completo da Aparição, incluindo o Segredo. Esses imprimatur nunca foram retirados; essas brochuras nunca foram condenadas.

3° Houve o Imprimatur concedido em 1922 pelo P. Lepidi na brochura mencionada. Esta brochura foi o objeto da aversão em questão e, por isso, a alvo da condenação de 1923. Mas essa condenação, como vimos, se anula por si mesma, já que a alta autorização permanece para a edição autêntica onde as folhas fraudulentamente impressas à revelia dos autores não foram inseridas.

VI. onde Roma e a Igreja se tornam entidades complacentes

Para estabelecer a todo custo que a Igreja (?!) condenou o Segredo, a “ficha saletina” menciona a inclusão no índice (real, esta) de duas obras do padre Combe. Mas trata-se apenas de comentários sobre o Segredo, não do Segredo em si.

É preciso dizer que “A IGREJA”, que “ROMA” sempre “SUSPEITOU”, ou “DESAPROVOU”, ou “CONDENOU” essas publicações que apareceram “COM OU SEM IMPRIMATUR”.

Mas após a inclusão no índice desses livros, que se propunham acima de tudo a comentar o Segredo, e após a condenação em porta-voz da brochura falsificada da qual falamos, o que resta a esses oponentes para a justificativa de sua tese? Restam dois argumentos, dizemos DOIS, que a brochura do Mestre do Sagrado Palácio irá reduzir às mais humildes proporções:

1° As cartas do Cardeal Caterini de 1880.

2° O decreto de 1915.

Algumas observações se impõem aqui sobre as cartas de Caterini.

a) Na verdade, houve várias cartas, das quais duas são geralmente citadas: uma de 8 de agosto de 1880 ao Superior dos Padres de La Salette; a outra, ao Bispo de Troyes, Mons. Cortet, com data de 14 de agosto do mesmo ano.

As Annal de La Salette, de maio de 1943, citam bem esta carta, inclusive fototipada. Mas se abstêm de reproduzir a do dia 8 de agosto, que foi endereçada a eles. E por uma boa razão!

É que esta carta foi publicada com reticências que suprimiam a conclusão embaraçosa de uma frase que aqui é restituída à sua integridade original, ao menos substantiva: “Que os exemplares sejam, tanto quanto possível, retirados das mãos dos fiéis, mas mantenha o opúsculo nas mãos do Clero para que ele se beneficie.” Esta é, ao menos, a tese sustentada após certas confidências, desde a publicação da famosa carta. Os bons Padres a qualificam como uma lenda. Seria tão fácil para eles destruí-la apresentando a fotocópia desta carta de 8 de agosto, como fizeram tão prontamente com a de 14!

Essas reticências incômodas (que substituímos pela restituição sublinhada), inicialmente reproduzidas em revistas ou publicações religiosas, logo foram suprimidas sem explicação. Mas a ausência de qualquer fórmula de cortesia ainda testemunha essa supressão.

b) Mas é especialmente importante notar o caráter privado dessas cartas, apesar do ar oficial que os opositores gostariam de lhes conferir; um caráter privado que decorre do simples fato de que a data da reunião dos membros da Congregação não é indicada, como é habitual em casos semelhantes.

Dois cardeais que faziam parte dessa Congregação ignoravam tudo sobre a suposta decisão (carta de Mélanie, p. 30). [5]

c) Essas cartas privadas do cardeal não podem fornecer outra coisa senão a opinião pessoal de seu autor, provocada, aliás, pela insistência e até certas ameaças de seus correspondentes, como o cancelamento da Coleta de São Pedro, entre outros. [6]

d) Essas cartas privadas do cardeal não proibiam de forma alguma o Segredo, apenas solicitavam que ele fosse retirado, tanto quanto possível, das mãos dos fiéis (e não das dos padres).

Por outro lado:

A opinião pessoal do cardeal Caterini não pode prevalecer contra a opinião pessoal de Sua Santidade Leão XIII, que, ao mesmo tempo, encarregava Amédée Nicolas de "redigir uma brochura explicativa do Segredo inteiro para que o público o compreendesse bem" (p. 31).

Aqui, o conselho dado pelo cardeal é substituído pelo de fazê-lo ser bem compreendido por esse mesmo público; esse conselho está em plena conformidade com a ordem dada pela Santíssima Virgem: "Você o fará passar a todo o meu povo".

Em 1912, o cardeal Luçon, ao ser interrogado sobre a mesma questão, consultou a Congregação do Índice e do Santo Ofício, a qual respondeu que dois livros do padre Combe estavam condenados, mas de forma alguma o Segredo (p. 38).

Quanto ao famoso Decreto de 1915, aqui está o que é dito "nessas páginas escritas pela pura verdade":

"Esse Decreto proíbe tratar e discutir a questão do Segredo de La Salette, mas não impõe absolutamente nenhuma censura, nem sobre o opúsculo de Mélanie, nem sobre o segredo em particular, nem qualquer defesa de possuí-lo, lê-lo ou difundi-lo".

Permitir que se continue, ao contrário das insinuações e declarações da "ficha saletina", a leitura do Segredo, a sua posse e divulgação, resulta suficientemente da simples comparação das datas: do decreto (dezembro de 1915) e da brochura altamente aprovada pelo Mestre do Sagrado Palácio (junho de 1922).

Lembre-se, além disso, que o famoso Decreto de 21 de dezembro de 1915, ao contrário de todas as regras canônicas, foi inserido nos Acta Apostolicæ Sedis, munido apenas da assinatura de um notário, e sem menção da aprovação pontifical.

VII. Desejos e realidades

Em um desatino das paixões que lembra aquele que foi vítima Nosso Senhor, ouviram-se sacerdotes afirmarem que, mesmo se o Segredo fosse autêntico e provasse que Nossa Senhora ordenou sua publicação, teríamos o dever de desobedecê-la, uma vez que a Igreja dava a ordem contrária!

Atribuir à Igreja um papel não menos ridículo do que odioso não é suficiente para tais casuístas; é preciso também inventar uma condenação que nunca existiu a não ser em seus desejos.

Mas como sua afirmação, ao ser repetida, corre o risco de enganar um público mal informado, não será inútil mostrar a impossibilidade de fato de tal condenação nas circunstâncias do caso.

Portanto, apresentemos aqui as razões dessa impossibilidade. Tirámo-las de um outro folheto de Amédée Nicolas: «O Segredo da Pastora de La Salette», publicado em Nîmes em 1881. O autor, como se sabe, tinha a plena confiança de Leão XIII, muito versado nas questões de direito por sua formação de advogado, e muito informado sobre tudo que diz respeito aos inícios de La Salette e à oposição que se seguiu; ele demonstra que uma condenação implica um julgamento e acrescenta:

Um tal julgamento, em razão do longo procedimento que é necessário seguir em tais matérias, demoraria cerca de quatro anos.

O Segredo sendo, por um lado, uma revelação, e, por outro, vinculado ao milagre da Aparição, era necessário primeiro fazer com que Mélanie comparecesse diante do Santo Ofício, interrogá-la e examiná-la longamente e em várias ocasiões para bem determinar o espírito que a animava, e saber se era divino, diabólico ou humano. Era necessário conhecer toda a vida da pastora, seja antes, seja desde o acontecimento da Aparição. Era necessário verificar e estudar o Segredo em todas as suas partes, compará-lo com as Sagradas Escrituras para saber se era contrário ou conforme a elas, comparar com os eventos dos quais nossa geração foi testemunha a parte deste documento que se relaciona a esses eventos, para saber se esses eventos ocorreram ou não; era necessário convocar para testemunhar todas as pessoas que poderiam dar informações sobre a Vidente. Era necessário levar em conta todas as graças corporais ou espirituais que foram obtidas pela invocação de N.S. de La Salette, e que estavam consignadas tanto nas Annalés de La Salette quanto em outras obras. Além disso, era preciso lidar com os mil santuários estabelecidos nas cinco partes do mundo, fazer investigações, dar comissões rogatórias por toda parte. Ora, nenhuma dessas coisas, que são os preâmbulos forçados dos caminhos de instrução impostos pelo direito, foi feita, isso é certo; portanto, é também certo que não houve, no Santo Ofício, em 14 de agosto de 1880, nem julgamento, nem julgamento "severo", nem "condenação categórica", embora disso tenha falado o diretor da Semaine Liturgique de Marselha (e vários outros); é mesmo impossível que tenha havido um...

Imaginemos agora, por hipótese, as consequências de uma condenação.

Rejeitar o Segredo publicado por quem o recebeu exclusivamente, prossegue Amédée Nicolas, seria, aos nossos olhos, e aos dos espíritos lógicos e razoáveis, rejeitar o milagre todo, reverter completamente; essa reversão acarretaria a do mandamento doutrinal de 19 de setembro de 1851, dos dez breves, indultos e reescritos dados pelo Papa Pio IX em favor de La Salette, dos mandamentos de 4 de novembro de 1854 e 19 de setembro de 1857, da elevação à condição de basílica menor do santuário da montanha, e da coroação de 21 de agosto de 1879.

«Desde os primeiros dias, os pastores disseram que haviam recebido cada um um segredo particular. Portanto, os segredos fazem parte integrante, necessária e essencial do milagre. Se, de fato, não houve segredos dados, as crianças mentiram. Se elas mentiram sobre este ponto, não se pode crer nelas sobre nenhum outro, e o milagre desaparece».

VIII. A Igreja viva aprova o segredo

Encontraremos na justa e serena brochura do P. Lepidi os NOMES de SEIS Bispos, Arcebispos e Cardeais que conheciam profundamente Mélanie e sua Mensagem. Será que esses Príncipes da Igreja, aos quais deve-se adicionar o Arcebispo de Messina e o Mestre do Sagrado Palácio, não faziam parte da Igreja?

Mas isso não é tudo. Pio IX e Leão XIII tomaram, em relação ao Segredo de Mélanie, uma posição que condena a dos opositores. O testemunho do santo bispo de Lecce é, a esse respeito, irrefutável.

Encontra-se na página 29 da brochura do P. Lepidi, em uma carta de Monsenhor Zola, a afirmação de que uma obra intitulada: Os Segredos de La Salette e sua importância foi honrada «com o agrado e a bênção de Sua Santidade Pio IX», e que «Nosso Santo Padre o Papa Leão XIII também recebeu este mesmo documento por completo» (O Segredo de Mélanie).

Eles não podem ignorar, repetimos, que o mesmo Pontífice pediu, no Sábado Santo de 1880, a Amédée Nicolas que «redigisse uma brochura sobre o Segredo todo, para que o público o entendesse bem» (Mons. Zola, p. 31).

Eles não podem ignorar também que, antes e depois desses atos de fé expressos ao Segredo por esses Pontífices, pressões insistentes foram feitas junto a Pio IX, Leão XIII e Pio X para obter a condenação tão desejada, mas sem o menor sucesso.

Como podem então afirmar que «a Igreja separa a mensagem pública do segredo»?

Como podem rotular de insubmissão à Igreja aqueles que, seguindo seus representantes mais qualificados e os próprios Papas, desejam permanecer fiéis ao divino Segredo?

Que Igreja seria essa que não incluiria esses Príncipes da Igreja, nem esses Papas!

IX. O dilema dos padres

Para poder rejeitar o Testemunho, os porta-vozes dos padres de La Salette não hesitam em diminuir e desvalorizar, tanto quanto podem, a autoridade da Testemunha. (Veremos isso mais adiante: Anexo II.)

É estranho vê-los tomar tal posição sobre esta questão.

Afirmar saber melhor do que a Testemunha o que foi dito pela Santíssima Virgem, a ponto de rejeitar a peça essencial da Mensagem, equivale a dizer que Mélanie mentiu, ou inventou, ou se iludiu. Mas, nesse caso, a quem recai a acusação, senão sobre Maria, que teria tão mal escolhido seus testemunhos? (Ver capítulo XI o recall da doutrina de Bernardin de Siena sobre esse ponto da teologia mística).

E então, se o Testemunho é irrecebível para uma parte, quem nos garante que não o seja para o todo? Ou, se ele é fiel para a Mensagem pública, como pretender que não o é para o restante, visto que Mélanie, única confidente de Maria, portanto única qualificada para dizê-lo, sempre afirmou, ao longo de sua vida e sem jamais variar, que sua missão consistia em transmitir seu Segredo «a todo o povo de Maria», o que ela fez quando seus Superiores lhe confirmaram a ordem. (Ver Anexo IV).

Não devemos então tomar tudo ou rejeitar tudo, e os Padres de La Salette com eles, caso contrário, uma vez que é agora evidente que sua presença na Montanha não tem mais sentido, a Aparição toda, como mostrou Amédée Nicolas, não sendo agora senão uma fraude!

Mas como entender um partido tão insustentável por parte dos religiosos de La Salette, ocupados em arruinar a Aparição que os justifica!

Oferecemos uma explicação indireta que nos parece a mais plausível (Anexo VI), mas é preciso recordar bem o motivo todo humano que, desde o início, fez ranger dentes e levantou opositores: as críticas ao Clero!

Acreditando neles, essas críticas seriam de natureza a desacreditar o clero aos olhos dos descrentes, e dessa afirmação (tão contestável), deduz-se que a Santíssima Virgem não poderia ter dito isso!

Uma lógica bastante limitada, fora da qual se buscará em vão alguma outra razão, lógica da qual se contentam, no entanto, para rejeitar uma Mensagem que não pode ser razoavelmente abalada a não ser rejeitando a Aparição toda. Raciocínio que, ademais, é reduzido à sua justa medida pelas observações do santo bispo de Lecce[7] e, sobretudo, pela admirável defesa do Segredo por Amédée Nicolas publicada, reafirmamos, a pedido de Leão XIII.

X. A histeria, chave do mistério

Este é um homem de boa mesa e um bebedor de vinho (Mat. XI, 19). Ora, o discípulo não é maior do que o Mestre, e a tardia descoberta dos inimigos de Mélanie, que já não está mais lá para o diagnóstico que se imporia, evoca a acusação dos inimigos de Jesus.

Em frente a esta "pseudo-histeria", coloquemos o testemunho de um capelão de La Salette, que disse sobre Mélanie, em 1902: Nunca tanta candura sobreviveu a tantos anos. Nunca a franqueza brilhou com esse esplendor soberano sob nenhuma pálpebra humana... Sinto-me profundamente comovido ao mergulhar nesses olhos que permaneceram jovens e límpidos como no dia da Aparição, deixando o corpo envelhecer sozinho, e carregando neles como um reflexo da luz miraculosa da qual foram iluminados outrora. (Veremos mais adiante, no Anexo III, o conjunto desse testemunho.)

Como encaixar essas impressões, que foram as de todos que se aproximaram da plácida Pastora e que não fecharam seus corações à evidência, com a acusação de histeria que descobrem, 40 anos após sua morte, seus detratores de hoje?

A quem se pode fazer crer que os olhos, "janelas da alma", poderiam ao mesmo tempo refletir a candura, a luz da Aparição e o demônio da histeria?

Que nos perdoem, portanto, por não levar a sério essa nova tática mergulhada em um mar de falsidades, e que vem como uma miséria a mais. E voltemos ao dilema que esta complacente histeria está carregada de nos fazer esquecer.

Rejeitar tudo, e os Padres junto, se Mélanie mentiu ou se iludiu, ou então aceitar tudo, incluindo o Segredo, se o Discurso público for retido, tal é o dilema inevitável do qual parece que não se pode escapar.

Para se livrar desse péssimo caso, os opositores apoderaram-se de uma declaração do bispo de Grenoble, Dom Ginoulhiac, que afirmou após a entrega dos Segredos ao Papa em 1851: "A missão das crianças está terminada; a da Igreja começa!" (Veremos no Anexo II o que deve ser pensado sobre essa afirmação).

Mélanie, que tinha boas razões para não acreditar em nada disso, uma vez que deveria começar sua segunda missão, a publicação do Segredo, em 1858, foi considerada, a partir de então, como em rebelião em relação ao seu bispo. E do orgulho que eles alegariam inferir desse estado, os negadores do Segredo concluem para a crescente queda de seu coração e de seu espírito, destinados, desde então, a todos os excessos e agitações, para afundar, no final das contas, na mais pura histeria.

Descoberta circunstancial que chega a tempo para substituir a acusação de apocaliptismo que lhe dirigiam tão prontamente outrora, mas que agora poderia arriscar-se a fazer figura de apologia!

Candida e fiel até 1851, ela se desvia logo depois. Fiéis e sacerdotes a cercam com uma veneração que a embriaga, e para agravar essa desgraça, eis que ela se vê cercada por «PSEUDO-PROFETAS», por «ILUMINADOS», que a desnorteiam de vez; o segredo escapa, assim, de uma mente abarrotada de leituras apocalípticas e influências mórbidas. «O ESTIGMA DA HISTERIA» transforma essa «POBRE EXALTADA» em um «CARÁTER IMPERATIVO TINGIDO DE CHANTAGEM», completamente absorvido por «POSTURAS TEATRAIS», que chega a «SENTIR O CONSTRANGIMENTO DA INFERIORIDADE SOCIAL DE SUA FAMÍLIA»...

O estrado, é verdade, está bem montado. A Santa Virgem não é responsável por nada. Ela tinha escolhido bem seu testemunho, mas a escolha estava a venda; 1851 marca o fim!

Vamos ver mais tarde outros testemunhos sobre aquela que deve ser chamada de santa Pastora; vamos ver (e já vimos) a realização do célebre mensagem que lhe vale todas essas faltas e do alto de sua morada ela não pode deixar de saborear essa beatitude prometida aos que foram perseguidos, contra os quais se disseram falsamente toda sorte de mal por causa de Deus!

E vamos recitar, para a glorificação de Mélanie, a prece que foi composta a essa intenção com o Imprimatur do Mestre do Sacro-Palácio em vista de sua beatificação futura. (Encontrar-se-á no final dessa folha.)

XI. Aparentes contradições

Acreditou-se poder concluir, originalmente, a origem humana do Segredo deste fato de que seu "LUXO VERBAL", seu "ORDENAMENTO" e seu "VOCABULÁRIO" eram muito diferentes do Discurso público.

Essa diferença é, de fato, muito acentuada. Mas longe de ver "UM ENIGMA", como se disse, nós vemos uma marca nova de verdade.

Nós constatamos, de fato, os mesmos distanciamentos de estilo, entre o evangelho de São João e seu apocalipse, e pelas mesmas razões. Um e outro textos têm o mesmo inspirador, o mesmo Espírito Santo, e um mesmo autor. Mas um e outro, aqui e ali, se relacionam a dois planos distintos, o Evangelho e o Discurso público sendo do moral e do particular, a Apocalipse e o Segredo, do profético e do universal.

Acreditou-se ver ainda uma contradição entre a autobiografia de Mélanie e sua resposta à Bela-Dama perguntando aos dois pastores se eles faziam bem sua oração. "Não muito", foi a resposta. E concluiu-se a incompatibilidade dessa resposta com o colóquio perpétuo de Mélanie criança e o Menino Jesus que a instruía, a conduzia ao Paraíso, lhe mostrava a glória da Santa Trindade, a introduzia nos mistérios da Beatitude.

E, no mesmo tempo, Mélanie não conseguia aprender o "Pai Nosso"; seu padre adiava a data de sua primeira comunhão devido à sua ignorância catequetica!

Nesta vida escrita por obediência, Mélanie, desde a idade mais tenra, é colocada em um mundo onde, por privilégio excepcional, o pecado original parece ser excluído; seu "Pequeno Irmão" [8] a guia, a apoia, nutre e ela, em sua candura, ignora esse privilégio; ela acredita que vai assim para todos os homens. Mas a ciência que ela adquire por esse contato não é nem a ciência da terra, nem mesmo a de Deus no modo humano. A música poderia nos dar uma ideia dessa transposição das valores. Ela nos expressa sentimentos que o linguagem também pode trazer, mas em um modo totalmente diferente que pode nos dar a chave do que foi o caso para essa criatura excepcional que foi a "solitária", a "louve" (como ela era chamada pela sua mãe).

Assim, sua resposta à Bela-Dama dizia a verdade, expressava a raridade de suas preces faladas ou litúrgicas, mas não excluía nem por um momento seu estado de oração perpétua. Seus atos, seus jogos o testemunham. O que ela fazia no dia da Aparição que a surpreendeu, brincando com Maximin, "no Paraíso" e "com as pequenas flores do Bom Deus", falando-lhe como se fosse um souvenir de sua vida de solitária no fundo dos bosques em companhia de seu "Pequeno Irmão"!

Eles querem ver ainda mais uma contradição entre essa sublimidade interior e sua correspondência tão abundante onde acreditam muitas vezes pegá-la em falta de caridade.

Ela é agora lançada, apesar de si mesma, no turbilhão da vida exterior e na luta. Seu olhar está sempre voltado para aquele Céu que é sua vida, e todas suas cartas o testemunham. Essa contemplação de todos os instantes impressiona também todos aqueles que a aproximam; seus adversários mesmo reconhecem a "beleza superior de sua vida moral", "o ardor de sua contemplação que edifica todo o mundo" e reconhecem que "ela não seguiu as vias ordinárias". Mas ela está no turbilhão onde os fariseus são numerosos e poderosos; é preciso responder às suas negações algumas vezes, e isso não pode ser feito apenas pelo encantamento de sua visão direta onde o olho não viu e onde a orelha não ouviu; é preciso usar a linguagem da terra para se fazer entender aos homens de coração duro, e, nisso, como em alguns julgamentos sobre os homens e as coisas, nada a protege contra o erro, mesmo que os santos maiores nunca tenham sido preservados dessa lei comum de errância.

Vemos, enfim, uma contradição entre os termos do Segredo e sua afirmação constante mais tarde, em sua carta Testamento publicada em 1904 entre outros (Anexo III) onde ela afirma que a Rainha da Sabedoria lhe disse "de fazer passar seu Segredo a todo seu povo".

Ou, no início deste Mensagem, a Muito Santa Virgem pronuncia essas palavras que Mélanie relata: "Mélanie, o que vou lhe dizer agora não será sempre um segredo, você poderá publicá-lo em 1858".

Você poderá não é um imperativo; ela ficou então livre para publicá-lo ou calá-lo.

Enquanto isso, ela afirma depois, o ordem de publicá-lo.

Mas para quem se lembra das favoritas que acompanharam toda a vida da santa Pastora, das aparições e conversas de Maria, entre outras, não há nenhuma dificuldade em admitir uma confirmação de Nossa Senhora posterior a 1846. E o texto do Segredo que, sozinha, poderia trazer ao mundo quem o recebeu, não teria sofrido, da própria mão de Mélanie, a pequena retocada de forma que o teria servido tão bem se ela fosse sua autora!

Que, além disso, a confirmação venha de Maria ou simplesmente do Diretor de Mélanie, ela era válida e regular para transformar em preceito a missão supostamente facultativa.

Apoio a essas observações, não convém esquecer o ensinamento de Bernardino de Siena que a Igreja faz ler aos seus padres no breviário para que ninguém ignore: "É uma regra geral, diz ele. Cada vez que a bondade divina escolhe alguém para uma missão especial, ela enche e ornamenta essa pessoa escolhida de toda a graça necessária para sua missão". E qual seria a primeira dessas graças, senão ser preservada de toda ilusão, de toda fraude espiritual?

Vamos bem reconhecer a autoridade de Bernardino de Siena em teologia mística, ele que foi anunciado por São Vicente Ferrier como deveria ser a luz da Itália, de todo o ordem de São Francisco e da Igreja!

Lá, novamente, a contradição é apenas aparente.

Longe de testemunhar contra ela, essas contradições adicionam apoio à inabalável solidez da posição da Pastorinha. Ao indicar essas aparências contrárias, os detratores fazem, sem querer, um grande serviço à verdade, pois a menor reflexão revela essas contradições em acordo, talvez escondido dos olhos superficiais, mas profundo com o real. E eles dão assim prova adicional de quão vão é o seu desprezo ao Testemunho.

Pois lhes resta explicar toda a série de favores inacreditáveis que marcaram a vida da santa Pastorinha, desde sua infância (veja sua vida escrita por obediência [9]) onde se prepara sua missão futura; o dia mesmo da Aparição onde lhe é dado o entendimento instantâneo do francês que ela ignorava, conhecimento ainda mais surpreendente por contraste com sua ignorância excepcional.

A graça suprema que ela pede é ser desprezada durante sua vida e após sua morte, pois toda sua vida é a sublime realização desse desejo de sua infância: "Quero parecer com o crucifixo de meu pai: sofrer e me calar!"

Sua vida de excepcional mortificação lhe vale graças extraordinárias que ela sempre conservou, como a subodoração das almas, por exemplo. Ela anuncia com precisão sua morte 22 meses antes, com todas as circunstâncias de tempo e lugar; ela repete assim, por última vez, seu Segredo, em 1904, em Lyon, como em um supremo testamento, alguns meses antes de aparecer diante de Deus. Seis meses depois, Dom Cecchini, desde então arcebispo de Tarente, a faz exumar e a encontra "intacta, suave, o rosto corado, os olhos abertos". E se a reputação de santidade de Mélanie não estivesse bem estabelecida, como a autoridade religiosa permitiria a construção de uma igreja no local da casa mortuária da Pastorinha, igreja cujo centro abriga um magnífico túmulo onde repousa o corpo de Mélanie!

Poderíamos adicionar muitas outras maravilhas, entre outras a aparição da Muito Santa Virgem acompanhada de Mélanie, na noite mesmo de sua morte, ao padre Rigaux, cura de Argœuves, que foi seu confidente durante várias anos.

Um dia se percebeu que ela estava estigmatizada; ela sempre se escondera, mas confessou então ter sido desde os três anos de idade. Testemunhos serão fornecidos e detalhados no momento oportuno para o processo de beatificação, se agradar a Deus que ocorra.

Para ter um conhecimento mais amplo da sua vida, lerá com proveito sua Oração fúnebre pronunciada na catedral de Altamura, com o Imprimatur do Arcebispo de Messina.

Bem, essa criatura excepcional "que não seguiu as vias ordinárias", confessou um de seus detratores (veja Anexo I), é desprezada e humilhada por seus adversários e o Centenário é uma nova oportunidade para essa tarefa que não ousaram executar os versos do túmulo [10].

Neste ponto, como nos outros, ela foi plenamente atendida!

Então, o que concluir de todos esses sinais do Céu? Pois é bem do Céu, e apenas do Céu, que pode vir essa longa série de favores. E depois disso, o que resta à razão humana para não falhar, senão concluir: a Virgem Muito Sábia e Muito Prudente escolheu bem seus Testemunhos; portanto, o Testemunho é verdadeiro. Ela nos deu, da veracidade do Testemunho do Segredo, não uma, mas cem provas, não apenas em 19 de setembro de 1846, mas toda a vida do Testemunho, e ainda depois de sua morte.

XII. Santidade de Melanie

Longe de testemunhar contra ela, essas contradições adicionam apoiam à inatacável solidão da posição da Pastorinha. Ao assinalar essas aparências contraditórias, os detratores fazem, sem querer, um grande serviço à verdade, pois a menor reflexão revela essas contradições em concordância, talvez escondida aos olhos superficiais, mas profunda com a realidade. E eles dão assim uma prova a mais da vaidade de seu rejeição do Testemunho.

Porque lhes resta explicar toda a sequência de favores incomuns que marcaram a vida da santa Pastorinha, desde sua infância (ver sua vida escrita por obediência[9]) onde se prepara sua missão futura; o mesmo dia da Aparição onde lhe é dado o entendimento instantâneo do francês que ela ignorava, conhecimento ainda mais surpreendente, dado que contrasta com uma ignorância excepcional.

A graça suprema que ela pede é ser desprezada durante sua vida e após sua morte, pois sua vida toda é a sublime realização desse desejo de sua infância: "Quero parecer com o crucifixo de meu pai: sofrer e calar-me!"

Sua vida de excepcional mortificação lhe vale graças extraordinárias que ela conservará sempre, a subordinação das almas, por exemplo. Ela anuncia com precisão sua morte 22 meses à frente, com todas as circunstâncias de tempo e lugar; ela repete assim por última vez seu Segredo, em 1904, em Lyon, como em um suprêmo testamento, alguns meses antes de comparecer diante de Deus. Seis meses depois, Mgr Cecchini, desde então arcebispo de Tarente, a faz exumar e a encontra "intacta, suave, o rosto corado, os olhos abertos". E se a reputação de santidade de Melanie não estivesse bem estabelecida, como a autoridade religiosa permitiria a construção de uma igreja no local da casa mortuária da Pastorinha, igreja no centro da qual está erigido um magnífico túmulo onde repousa o corpo de Melanie!

Podríamos adicionar muitas outras maravilhas, entre elas a aparição da Santíssima Virgem acompanhada de Melanie, na noite mesma de sua morte, ao padre Rigaux, cura de Argœuves, que foi seu confidente durante várias anos.

Um dia, perceberam que ela estava estigmatizada; ela sempre se escondera, mas então confessou ter sido desde os três anos de idade. Testemunhos serão fornecidos e detalhados no momento oportuno para o processo de beatificação, se Deus permitir.

Para ter uma conhecimento mais amplo de sua vida, lerá com proveito seu Oração Fúnebre pronunciada na catedral de Altamura com o imprimatur do Arcebispo de Messina.

Bem, essa criatura excepcional "que não seguiu as vias ordinárias", admite um de seus detratores (ver Anexo I), é desprezada e aviltada por seus adversários e o Centenário é uma nova oportunidade para essa tarefa que não ousaram realizar os versos do túmulo[10].

Neste ponto, assim como nos outros, ela foi plenamente atendida!

Então, que conclusão se pode tirar de todos esses sinais do Céu? Pois é bem do Céu, e apenas do Céu, que pode vir essa longa sequência de favores. E depois disso, o que resta à razão humana para não falhar, senão concluir: a Virgem muito Sábia e muito Prudente escolheu bem seus Testemunhos; portanto, o Testemunho é verdadeiro. Ela nos deu, da verdade do Testemunho do Segredo, não uma, mas cento provas, não apenas em 19 de setembro de 1846, mas durante toda a vida do Testemunho, mas ainda após sua morte.

XIII. Após os imprimáturs da igreja, aqui estão, lamentavelmente, os imprimáturs do céu...

Embora com certa sufocação atualmente, neste ponto,  Mélanie e seu Segredo frequentemente foram criticados pela natureza "apocalíptica" de seus avisos. Isso poderia impressionar os tempos felizes (relativamente) da paz proclamada definitiva da III República. Mas agora, em 1946, à abertura desta apocalipse de facto que nenhuma cena do Livro inspirado ultrapassa em horror, no tempo do rei átomo (que, naturalmente, ainda está apenas começando e que nos é garantido que será mil vezes ultrapassado em breve), teríamos realmente pensado na empreitada de um desafio desses?

Ou bem culparemos o Segredo por nos ter enganado quando anuncia que

"Deus vai golpear de uma maneira sem precedentes, de tal forma que toda ordem e toda justiça serão pisoteadas, que os governos civis terão todos um mesmo propósito: fazer desaparecer todo princípio religioso; que cada indivíduo desejará conduzir-se por si mesmo e se sentir superior aos seus semelhantes; que só se verá homicídios, ódio, ciúme, mentira e discórdia, sem amor pela pátria nem pela família; que a desordem e o amor pelos prazeres carnais se espalharão por toda a terra; que Deus permitirá à Velha Serpente semear divisões entre os governantes, em todas as sociedades e em todas as famílias; que uma falsa luz iluminará o mundo; que os prodígios mais espantosos ocorrerão na terra e nos ares; que ninguém poderá escapar de tantos males reunidos, etc., etc...

É bastante natural que o fim da cristandade veja se renascer o mistério do seu início.

O Mensagem da Mãe de Deus não foi melhor recebido pelo clero da Igreja dos Gentios do que o de Filho não fora recebido pela Sinagoga dos Judeus.

Aqueles que fazem o mal odeiam a luz, pois temem que suas obras sejam descobertas. E porque suas obras eram más, o Sanhédrin moderno[11], não podendo matar a Mãe de Deus, lhe fechava a boca.

Ora, os males que se abateram sobre Roma e sobre a Igreja desde o rejeito da Mensagem central de 1846 têm uma analogia impressionante com os que se abateram sobre Jerusalém e a Sinagoga após o rejeito do Messias. E se pode dizer de uns e dos outros: "Eu ceguei seus olhos e endureci seus corações para que eles não vejam com os olhos, para que eles não compreendam pelo coração, para que eu os converta e os cure!"

Mélanie deveria publicar seu Segredo em 1858. Ela está impedida, por exílio, de fazê-lo antes de 1860, e isso, devido ao seu Bispo, Dom Ginoulhiac. Em 1859, ocorre o primeiro assalto aos Estados da Igreja com o apoio do carbonário coroado, cujo bispo de Grenoble era um servo zelooso. E essa guerra deveria ter seu epílogo em 1870, com a tomada de Roma em 20 de setembro, um dia depois da capitulação de Paris em 19 de setembro, aniversário de La Salette, que, neste dia preciso, havia tudo anunciado!

Seja qual for o desejo, Mélanie é uma das almas mais favorecidas da Igreja. Ela pregou toda a sua vida apenas UMA COISA, coisa que ela tinha missão de "fazer passar a todo seu povo". Para rejeitar essa única coisa, encimada, destacada, pontuada por uma sequência ininterrupta de milagres, é mentir continuamente, caluniar, delirar do coração e da mente durante um século...

Seria de desejo que o Centenário veja finalmente a desaparição deste Mentiroso pelo qual, desde 1880, os adversários do Segredo alimentam sua Oficina. E pelo qual o mundo desmorona, em execução literal desta Mensagem de Nossa Senhora, que recebe, após os imprimaturs dos Príncipes da Igreja, o imprimatur de fogo e sangue do Céu...

QUI LEGIT INTELLIGAT

O Beato Grignion de Montfort, anunciador da Rainha Maria na último Idade da Igreja, mostrou, em uma visão profética, a ação de um Novo Ordenamento que ele intitula "Apóstolos dos Últimos Tempos", apóstolos de fogo, santos e taumaturgos, que renovarão a face da terra.

E o Ordenamento que Maria veio fundar em La Salette vê exatamente esse título "Ordem dos Apóstolos dos Últimos Tempos".

O Beato, autor do "Tratado da Verdadeira Devoção", comenta o mistério do Selmon do profeta (Ps. LXVIII, 15), montanha mística que, para ele, não é outra senão Maria. Selmon, "montanha na qual Deus se compraz maravilhosamente", não evoca a montanha do sal, La Salette, onde, como para o Selmon, brilha soberanamente o ensinamento do Fim: "Eis o tempo dos tempos, a fim dos fins"!

Mas esse aviso é duro para os homens da terra. Ele "é duro aos ouvidos, e quem pode ouvi-lo?" (Êxodo VI:6).

Como, depois disso, poderia alguém continuar a sorrir para os ídolos do dia?

Então, "Eles dizem aos que veem, não vede; e aos profetas, não profetize a verdade; digam-nos coisas agradáveis" (Isaías XXX:10).

Não entendendo que, por sua prevaricação, eles realizam outro sinal do Fim:

CUM ERGO VIDERITIS ABOMINATIONEM

DESOLATIONIS,

QUÆ DICTA EST A DANIELE PROPHETA,

STANTEM IN LOCO SANCTO,

QUI LEGIT, INTELLIGAT...

(Portanto, quando virdes a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, em pé no lugar santo, quem lê, entenda...)