Anexos
- Anexo I: Dois Retratos de Mélanie
- Anexo II: Um andaime vacilante a serviço da impostura
- Anexo III: "Os anais de La Salette" antigamente e hoje
- Anexo IV: Os segredos de La Salette
- Anexo V: Uma confirmação do Segredo
- Anexo VI: Uma Tentativa de Explicação da Guerra ao Segredo de La Salette
- Anexo VII: Para a Intelligência do Segredo
Anexo I: Dois Retratos de Mélanie
O primeiro, pelo P. Sougez, M.S. em Nossa Senhora Reconciliadora (pp. 171 e seguintes) editada pelo Secretariado de La Salette (12, rua Joseph Chanrion em Grenoble).
O segundo, extraído da Oração Fúnebre de Mélanie, pelo cónego Annibal de France, com imprimatur do arcebispo de Messina.
O cónego Annibal de France, Superior do Instituto Religioso de Caridade de Messina, abrigou Mélanie em sua Comunidade por mais de um ano; assim, pôde conhecê-la profundamente.
(Nós faremos nossas próprias observações no centro).
...esquiva, brusca, taciturna... ...e talvez[12] secretamente tentada pela vaidade e sensível aos elogios... |
...calma, serena, tranquila, consumida na virtude e no sofrimento... Ela permanecia ignorada onde quer que fosse, mas, quando, após algum tempo, era reconhecida e se tornava um objeto de veneração, a pura pomba do Senhor alçava seu voo para outras regiões. |
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Um prelado inglês lhe propõe, para restabelecer sua saúde, hospedá-la em um convento na Inglaterra. Ela aceita... |
« Eu só tinha que me inclinar », escreveu ela, « eu não quis causar o escândalo de uma resistência ao meu bispo, que só teria conseguido irritá-lo ». Na mesma carta, ela acrescenta: « Recusei fazer os grandes votos. A partir de 1858, minha consciência me impunha como dever transmitir ao povo de Maria a mensagem divina » (citada por M. de la Vauzelle em "O segredo de La Salette diante do Episcopado francês", p. 138). |
Expulsa da França por Napoleão III, ela foi para a Inglaterra, para o convento de Darlington... |
Após seis meses no Carmelo, ela se sentiu prisioneira das irmãs e, provavelmente enganada pela esperança de um maior reconhecimento, pediu para retornar à França. | Na carta acima citada, ela escreve: «Pio IX... declarou que o meu lugar não estava em um convento, dado que minha missão pública foi imposta em 19 de setembro de 1846. Ele acrescentou ainda que eu deveria depender apenas de Roma. O Papa Leão XIII, mais tarde, me fez escrever no mesmo sentido». | Quando chegou o momento de publicar seu Segredo, ela foi dispensada de seus votos por Pio IX. |
Então começou sua vida errante, de um convento a outro, de uma congregação a outra, de uma paróquia a outra, de um bispado a outro, na França, na Grécia, na Itália... |
« Ide, ensinai todas as nações» « Fazei passar isso a todo o meu povo» Duas missões que não podem se conformar com o claustro. Como Pedro e os Apóstolos, Mélanie só poderia cumprir a sua se movendo. |
...ainda jovem (26 anos), ela se encontra sozinha no mundo, fugitiva, errando à mercê da sorte, um pouco em um país, um pouco em outro... Durante 50 anos, Mélanie cumpriu sua missão. ...Alguns, ela me dizia um dia, acreditam que eu gosto de viajar e de ir daqui para ali, mas como estão enganados. |
...sempre impaciente para converter o mundo, mas incapaz de ajustar os meios ao fim, e tomando, com a fé mais absoluta, a falta de medida por heroísmo, a virulência nas palavras por zelo, suas imaginações por inspirações... ...sonhando com uma nova comunidade... |
A Ordem dos Apóstolos dos Últimos Tempos, cuja Regra, dada pela Santíssima Virgem, foi redigida por Mélanie em Roma, por ordem de Leão XIII, que a fez vir expressamente para esse fim. |
Graciosa e delicada em sua maneira de andar, em seus modos e em sua linguagem, e, como se, nela, os contrastes tivessem se harmonizado, ela era recolhida e sociável, humilde e imponente, amável e reservada, forte e submissa... permaneceu toda uma pequena criança e, ao mesmo tempo, superior a uma pessoa madura. As palavras contidas no Segredo de Mélanie, pelas quais a Santíssima Virgem anuncia a fundação desta grande Ordem religiosa, não têm, na verdade, nada de humano; elas respiram um sopro divino, são a simplicidade colocada em harmonia com o sublime. |
...voltando às vezes para a Santa Montanha e lá, edificando a todos pela ardência de sua contemplação... Tal foi essa alma que é delicado julgar... |
Mas o que é todo este capítulo, senão um julgamento sem justiça e sem delicadeza! | Quando ela entrava em uma igreja, seu recolhimento e sua atitude humilde faziam entrever algo de sua santidade oculta. |
pois ela não seguiu os caminhos ordinários... |
Não digo nada sobre esse tipo de adivinhação dos corações que a fazia ler os pensamentos ocultos; nada sobre várias curas miraculosas de órfãs com um sinal de cruz de Mélanie... Tudo acontecia sempre no tempo certo na comunidade enquanto ela estivesse presente: objetos, comida ou dinheiro, conforme as necessidades... os pássaros entravam em seu quarto e brincavam com ela... espírito de mortificação assustador; quase nenhuma comida, nunca uma fruta, nunca um doce... não mais de três horas de sono por noite, sobre o chão nu. Tudo isso, conforme sua oração: «Peço ao Senhor que me faça sofrer e me esconda». |
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...mas é justo reconhecer que ela foi inabalavelmente fiel à sua missão de testemunha... | Então, por que rejeitar seu Testemunho? | |
...entre as dificuldades e contrariedades que ela atraía como por vocação. | A vocação do cristão não seria mais a de carregar sua cruz e seguir o Salvador? | |
Ela hesitou, virou, variou em muitas coisas; só permaneceu constante na verdade da Aparição. | O Segredo de Mélanie faz parte da Aparição; e desde o primeiro dia de sua divulgação até sua morte, ou seja, por mais de 40 anos, ela nunca hesitou, nem «variou» em sua afirmação. | |
Nossa Senhora lhe deixou ausências de inteligência evidentes, |
« Ausência de inteligência »! No dia da Aparição, ela só conhecia seu dialeto local. Na mesma noite, ela repete toda a Aparição em francês, idioma que nunca havia falado. Na Inglaterra, na Grécia, na Itália, ela logo fala, alternadamente, as línguas desses países, onde, por vezes, é encarregada de ensinar as crianças (como na Grécia e na Itália). |
« Adeus, alma tão bela; Adeus, criatura de amor, obra completa do amor... Adeus, virgem vigilante e prudente. Quando, no silêncio da noite, a voz do Esposo te chamou, sem demora, tu correste até Ele, com a lâmpada mística, a lâmpada cheia de óleo e transbordando de esplendor! » |
É por isso que o Santo Ofício proibiu a leitura de certos escritos de Mélanie... Essa condenação se aplica apenas aos escritos... |
«Interdição», «condenação», «Santo Ofício» — tantas imposturas acrescentadas ao caso Caterini, cujos detalhes foram lidos no Capítulo VI. |
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CONCLUSÃO
O verdadeiro retrato de Mélanie se afirma com tanta força pelo testemunho de todos aqueles, sem exceção, que a aproximaram (como por suas próprias fotografias) que esses hábeis detratores da santa filha, eles mesmos, são obrigados a confessar a grandeza sobrenatural. De sorte que mais de um traço comum dessa grandeza se encontra na caricatura do P. Sougez e na Oração Fúnebre do cónego Annibal de France, que, ele, pessoalmente conheceu e observou essa criatura excepcional de Deus.
Mas, desses dois retratos, o traçado pelo P. Sougez M.S. responde à necessidade paradoxal de celebrar ao mesmo tempo a fidelidade de Mélanie e insinuar o desequilíbrio de seu espírito.
Por essa tática, os R.R.P.P. da Salette serão os únicos juízes para determinar onde termina a fidelidade e onde começa o desequilíbrio dessa criatura "que é delicado julgar"... , sua fidelidade consistindo na difusão exclusiva da Mensagem pública sem a qual os P.P. da Salette não teriam mais razão de ser, e seu pseudo-desequilíbrio justificando o rejeição do Segredo que se trata de sufocar.
Anexo II: Um andaime vacilante a serviço da impostura
"Todos os prelados e outros dignitários eclesiásticos que conheço e que conhecem o Segredo, todos sem exceção, emitiram um julgamento inteiramente favorável ao referido Segredo, seja em relação à sua autenticidade, seja do ponto de vista de sua origem divina, passada pelo crivo das Sagradas Escrituras, o que imprime ao Segredo um caráter de verdade que agora é inseparável. Entre esses prelados, basta-me nomear o cardeal Riaro Sforza, arcebispo de Nápoles; Dom Ricciardi, arcebispo de Sorrento; Dom Petagna, bispo de Castellamare e outros ilustres prelados..." Dom Zola, carta de 5 de março de 1896 (p. 33).
E é a um documento de tal valor, de tal inspiração e enriquecido de tais sufrágios que se atacam, na realidade, os detratores de Mélanie.
Os sentimentos que eles demonstram contra ela e que chegam ao ódio ultrapassam a pessoa da piedosa pastora, hoje diante de Deus, para atingir, através dela, essa Mensagem abominada, como se tivessem pressa, no que lhes concerne, de provar sua inspiração: "o demônio obscureceu suas inteligências"...
Assim, o Centenário, que deveria ter sido a apoteose da verdade, terá sido, infelizmente, principalmente uma mobilização dos operários das trevas[13].
Para evitar polêmicas inúteis, damos aqui um resumo global dos últimos livros publicados, todos com o objetivo de causar tristeza.
Seria extremamente fácil para nós retomar uma a uma todas as acusações desses últimos oponentes, como fizemos nas páginas anteriores para a "ficha saletina", mas a vida se prova melhor pelo movimento do que pelo processo das casuísticas de nada que se obstinam contra ela.
No entanto, é impossível para nós não destacar, mais uma vez, a característica dominante de todas essas produções que se inscrevem e não podem se inscrever senão sob o signo da Mentira, o divino Segredo não podendo ser combatido senão por esse único meio![14]
Vamos nos limitar aqui a citar alguns dos autores que recentemente tomaram posição grave contra Mélanie e seu Segredo: o Pe. Sougez M.S. (Nossa Senhora Reconciliadora); Gaëtan Bernoville (La Salette); o Pe. Jaouen M.S. (A graça de La Salette); Herbin, em A Vida Espiritual; A Cruz e numerosos jornais e revistas que aprovaram sem reservas esses escritos.
"infantilidades", "truques de procedimentos proféticos", "pastiche", "receitas mais clássicas do gênero", "documento visivelmente fabricado", "influência das leituras", etc... (Herbin)
"pontos histéricos", "imaginação exaltada pela influência dos falsos místicos que a rodeiam"... (G. Bernoville).
"astúcia", "delírio", "cabotinagem", "chantagem", "a pobre desvairada que se faz centro", "seu complexo mórbido", "sua faculdade anormal de fabulação", "pobre mulher", "pobre desvairada", "ao delírio meio-espontâneo, meio-provocado", "fuga mental", ela "denigre", "ela tem o estigma da histeria", "ela é incomodada pela inferioridade social de sua família", etc... (Pe. Jaouen).
Vamos parar aqui esse florilégio que era indispensável colocar em evidência para dar o tom dessa campanha. Tom, coisa estranha, cuja diapasão aumenta na medida em que o tempo nos afasta da morte da plácida pastora... Que crime ela poderia ter cometido desde sua morte?!
Era indispensável para essa "graça de La Salette" fazer um tal e tão munificente desfile de calúnias, ver simples maledicências?
Em que a causa de La Salette, mesmo reduzida às proporções da Mensagem pública, poderia ser engrandecida por esse indecente número de anátemas sobre a cabeça daquela por quem a Igreja e o mundo conheceram a Aparição?!
E o simples fiel, convidado pelo sutil Reverendo Padre a distinguir entre uma Mélanie fiel e uma Mélanie infiel, não será escandalizado por esse golpe de ursos que não atingirá a mosca, mas que matará a devoção!
Pela habilidosa utilização de textos cortados de seus contextos, por essa deturpação sistemática, a oração de Mélanie pedindo para ser desprezada em vida e após a morte é atendida.
De sua candura primitiva que todos reconhecem, ela passa, no tempo marcado por seus detratores, do desvairamento à astúcia, da astúcia ao delírio, do delírio à histeria, sábias etapas para a constituição do precioso andaime que, infelizmente, não é detido pela tranquila realização do "TEXTO DESAGRADÁVEL" (Pe. Jaouen) pelo qual, diante de nossos olhos aterrorizados, a planeta se volta em vulcão!
Mas se eles permanecem cegos diante de tão fulgurantes realizações, não poderíamos esperar, ao menos, que eles se inclinem diante das altas aprovações com as quais a Igreja enriqueceu a Mensagem misericordiosa.
A MISSÃO DE MELANIE TERMINOU EM 1851?
Todos os autores que acabamos de citar explicam, como já vimos, a pseudo-desviação de Mélanie afirmando, seguindo Dom Ginoulhiac, que a missão das crianças terminou em 1851, data da entrega dos segredos ao Papa Pio IX.
Se sua missão está terminada e a pastora pretende continuar, ela usurpa um mandato que não pode receber a bênção do Céu, e devemos rejeitar sua pretensão. Em primeiro lugar, a história não verificará o que ela ousa dar como eventos futuros nessa pseudo-profecia que seria então seu Segredo.
Mas se sua missão continua, ela é preservada para o futuro como foi no início, e devemos receber sua segunda Mensagem como a primeira.
Quem não vê a importância decisiva da escolha entre essas duas proposições?
Vamos ver agora se resta o menor motivo para hesitar entre elas.
Não será difícil mostrar:
1° Que Mélanie é dotada do dom da profecia após 1851.
2° Que após essa data, os Papas Pio IX e Leão XIII multiplicaram os atos pelos quais testemunharam sua certeza absoluta na perenidade da Missão de Mélanie.
Observemos primeiro que essa transmissão ao Papa foi feita apenas por iniciativa e pressão de seu entorno, que nem essa comunicação, nem a data em que foi feita, tinham qualquer relação com sua missão.
Devemos acreditar que uma missão vinda do Céu possa ser terminada por tal iniciativa, em si feliz, mas sem relação com ela, que decidiu Mélanie a confiar seu Segredo ao Papa?
Que não haja qualquer relação entre essa transmissão e o fim da missão de Mélanie, Dom Ginoulhiac o prova ele mesmo, involuntariamente, mas de forma soberana, como se verá de forma detalhada no Anexo V. Por seu mandamento de 1854, de fato, Dom Ginoulhiac traz, sem saber, a prova antecipada da autenticidade do Segredo que será publicado mais tarde, mas que, desde este momento, autentica o caráter profético das palavras de Mélanie, de onde ressalta a continuidade de sua missão.
No final de sua estadia na Inglaterra, Pio IX havia advertido seu bispo que ela não podia ser enclausurada para "poder cumprir sua missão" à qual ele acreditava. (Carta de Mélanie ao padre de Argœuves, 28/1/1904).
Em 1860, desde seu retorno da Inglaterra, ela escreve de próprio punho seu Segredo, no qual figura tudo o que os eventos confirmarão dez anos mais tarde e que o bispo de Grenoble homologou à sua maneira por suas negações de 1854. Ela estava, portanto, em plena missão em 1860.
Que ela estivesse na sequência, em 1872, quando foi publicada uma obra de M. Girard, Os segredos de La Salette e sua importância, a bênção deste livro por Pio IX não o prova? (p. 29)
E o que se sabe dos encorajamentos de Leão XIII sobre o Segredo, a estadia que ele fez Mélanie fazer durante cinco meses, em 1879, no convento das Salesianas, em Roma, para a compilação da nova Ordem dos "Apóstolos dos Últimos Tempos", pedida pela Santíssima Virgem (p. 31), não mostra à evidência que Leão XIII acreditava na perenidade de sua missão?
"A missão de Mélanie terminou em 1851"! E é sobre tal proposição, inexistente em direito e confundida pelos fatos, que os oponentes montam seu andaime! Sem essa pedra angular, toda a sua construção desaba, pois se a missão de Mélanie não está terminada em 1851 é porque ela continua, e se ela continua, eles se insurgem contra a Santíssima Virgem Ela mesma ao repelir as palavras de sua Mensageira que são então as próprias palavras de Maria!
Suprimir essa proposição é suprimir milhares de páginas e centenas de escritos que foram publicados por ocasião do Centenário (e antes) com o objetivo de repelir o texto desagradável, pois sua causa não é sustentável se essa proposição for admitida, e acabamos de ver que ela não pode ser admitida.
Mas todos os seus esforços não podem fazer esquecer que a maioria e os mais altos dignitários da Igreja que se aproximaram de Mélanie acreditavam em sua missão bem depois de 1851 e a chamavam de "santa Pastora", a guerra que lhe é feita não visando, na realidade, senão esse Segredo de misericórdia que o Papa Pio IX encorajou e que Leão XIII leu, conheceu, abençoou e propagou na forma mesma em que nos é conhecido e onde esses acirrados detratores puderam lê-lo eles mesmos.
MELANIE E OS "ILUMINADOS"
Esses diversos autores se proclamam sábios e modernos. Não é a eles que se deve falar do fim dos tempos, "simples ilusão clássica".
No entanto, é preciso reconhecer um certo progresso de sua parte em relação a seus antecessores de antes da guerra, que, para ridicularizar Mélanie, a tratavam de exaltada "apocalíptica".
A libertação do átomo, sem curá-los, talvez tenha feito com que secretamente compreendessem a imprudência de tal linguagem. Que confirmação do dom profético, de fato, que um qualificativo semelhante, diante do filme atual de nossos destinos que esses espíritos realistas haviam tão pouco previsto!
Corrigindo prudentemente seu vocabulário, eles persistem, no entanto, em denunciar o entorno de Mélanie, onde se agitam, dizem eles, os "ILUMINADOS", os "PSEUDO-PROFETAS", mais preocupados em "DECIFRAR NOSTRADAMUS" para "DESCOBRIR A DATA DO GRANDE GOLPE" do que em rezar à Santa Virgem para ajudá-la a reter o Braço de seu Filho (mas de que fórmula dispõem eles para se permitir sondar tão soberanamente os rins e os corações?)
Conviria rejeitar tão fortemente os "SINAIS" dos quais se riem esses espíritos tão seguros de si mesmos. Sinais que se encontram realizados ou prometidos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sinais que Nosso Senhor mesmo nos anuncia para reconhecer o fim dos tempos e que nos convida a pesquisar; sinais dos quais a Igreja destaca a importância por seu lembrete no início e no encerramento do ano litúrgico, e dos quais encontramos eco tão perto de nós na Aparição de Fátima!
Entre o erro possível desses "ILUMINADOS" que pecam talvez por excesso, e o erro desses racionalistas que pecam por defeito, o que deve fazer o verdadeiro servo de Deus? O cardeal Newman vai nos dar a resposta:
Melhor é mil vezes crer que Cristo vem quando Ele não vem, do que uma única vez crer que Ele não vem quando Ele vem.
Tal é a diferença entre a Escritura e o mundo; ao seguir a Escritura, estaríamos sempre na expectativa de Cristo; ao seguir o mundo, nunca o esperaríamos. No entanto, Ele deve vir um dia, cedo ou tarde. Os espíritos do mundo zombam de nossa falta de discernimento; mas quem terá falta de discernimento, triunfará então!
E o que pensa Cristo de sua zombaria de hoje? Ele nos põe em guarda expressamente, por seu Apóstolo, contra os zombadores que dirão: "Onde está a promessa de sua vinda?" (II Pedro III, 4).
"Eu preferiria ser aquele que, por amor a Cristo e falta de ciência, toma por um sinal de sua vinda algum espetáculo insólito no céu, cometa ou meteoro, a ser o homem que, por abundância de ciência e falta de amor, não faz senão rir desse erro". (Newmann, "A vida cristã").
LEON BLOY, MELANIE E O CORO...
Estamos muito errados em negar a geração espontânea.
De vários lados surgem elogios inquietantes sobre o Peregrino do Absoluto. Por um sincronismo estranho, livros ou artigos recentes sobre La Salette, e as revistas ou jornais que defendem esses livros, trazem flores para o túmulo do Vituperador. Mas, sob essas flores, esconde-se o veneno. Concedem a Léon Bloy seu verbo genial e seu zelo de fogo, mas negam-lhe o senso crítico e o mais vulgar senso comum.
Em vida, do terrível Desesperado, um silêncio respeitoso e trêmulo aureolava, para seu maior prejuízo, é preciso reconhecer, esse Cavaleiro de Maria. Mas sua sombra não assusta mais, e a hora chegou, sem risco para ninguém (e para economizar as transições), de lhe dirigir os elogios sob os quais se espera enterrar seu Testemunho.
Que testemunho? Aquele que ele prestou sobre La Salette sem cortes e sem distorções, sobre suas Testemunhas e sobre o mais crivado dos dois!
Bloy era, dizemos nós, também um Testemunha, e um Testemunha de primeira linha, não tanto por aquilo que ele havia trazido de perspicácia pessoal para essa magnífica página de Escritura que é La Salette não edulcorada, nem riscada, nem censurada, mas porque ele era verdadeiramente o Incomprável, o Mendigo ingrato, aquele que não se compra de maneira alguma, nem com sorrisos, nem com lugares-comuns de "boa imprensa".
Esse homem de uma só peça, tinha, na ordem sobrenatural, a visão direta dos grandes místicos, o instinto que lhe fazia descobrir, de um só golpe de vista, o que vinha realmente de Deus. E, depois disso, que lhe importavam as reclamações.
As harmonias nunca faltando em tudo o que vem realmente de Deus lhe eram familiares; elas o haviam advertido rapidamente do mistério de La Salette... aquele do Sal amargado... que é pisoteado nos nossos tempos tão bem previstos por essa Mensagem; esse Sal que ainda não viu senão uma pequena parte do que o espera, "porque a verdadeira fé se extinguiu e a falsa luz ilumina o mundo"!
Mas quando todos os adversários se obstinassem contra Aquela que chora e conseguissem afastar de sua leitura alguns confiantes desavisados, que estes saibam, agora, que encontrarão o essencial da Aparição completa no simples enunciado dos fatos e das peças justificativas reunidas na brochura Lepidi.
No entanto, vamos destacar uma carta muito instrutiva reproduzida por Léon Bloy (assim como a preciosa Oração fúnebre de Mélanie), que não se encontra nessa brochura, a carta de Mélanie ao Cura de Argœuves, escrita em 28 de fevereiro de 1904, relativa à recusa de Monsenhor Fava em obedecer à ordem de Leão XIII para a criação na Montanha da Ordem dos Apóstolos dos Últimos Tempos pedida pela Santíssima Virgem!
Essas poucas observações não eram inúteis para mostrar, mais uma vez, que concerto de vozes bem afinadas se manifesta em torno do Segredo. Não se pode deixar de admirar uma inspiração tão súbita que lhes faz, a todos, e no mesmo instante, desenvolver o mesmo tema!
Anexo III: "Os anais de La Salette" antigamente e hoje
Vimos (Anexos I e II) como certos Padres de La Salette falam atualmente de Mélanie. Para combater a Mensagem que os incomoda, eles se esforçam para desacreditar a Mensageira.
Sua desculpa talvez seja não a ter conhecido, mas sua culpa consiste em fechar obstinadamente os olhos sobre os sinais e os motivos poderosos que arruínam desde o início e para sempre as pretensões de uma oposição culpada. Eles criaram um epíteto para ridicularizar aqueles que querem levar a sério a afirmação do Testemunho; são os "Mélanistas" que eles opõem à sabedoria dos "salettistas".
Seus antecessores, com os quais eles persistem em se solidarizar, haviam sido "varridos" da Santa Montanha, como Mélanie havia anunciado, e os Capelães que os substituíram, julgando-a sem preconceito, fizeram, de sua última visita, o relato entusiasta que vamos ler alguns trechos. (Anais de La Salette, nov. 1902, pp. 97 a 110.)
Infelizmente, essa independência cristã não durou; e eles também tiveram que se curvar à inquietante consigna seguida por aqueles que os precederam.
Veremos por isso, no entanto, como o simples contato com a santa Pastora podia comover esses religiosos de boa vontade.
O autor, o padre Bonnet, Capelão, faz o relato dessa visita de Mélanie. Ele descreve a impressão celestial que deixa em todos, nos religiosos como na multidão, a presença e a palavra de Mélanie. Ela acaba de comungar:
Quando a comungante sair da êxtase da ação de graças, a multidão a terá rapidamente cercado para fazer com que ela toque algum objeto de piedade ou para beijar sua mão. A humilde serva de Deus é visivelmente torturada por essa pressa e esse barulho, feito em torno de sua pessoa. Ela se esquiva o mais rápido que pode, e vai rezar, no local da Aparição, sem se preocupar em tomar a menor alimentação.
Além disso, é um hábito dela esquecer as necessidades da vida física quando ela revê a Santa Eucaristia. Muitas vezes, ela permanece um dia inteiro sem tomar qualquer alimento além do pão dos Anjos e, se ela percebe sua negligência, ela se contenta em sorrir e dizer: "A Eucaristia me basta".
Em outro lugar, ele relata:
No seu caminho, de fato, as mãos se estendem e as frontes se inclinam: ela se torna novamente o objeto de demonstrações que revoltam sua humildade. Assim, ela desaparece o mais rápido possível e se prepara para retomar a estrada de sua pequena cidade natal, da qual ela partirá amanhã.
Por minha parte, diz ele, sinto-me comovido até o fundo do coração ao mergulhar nesses olhos que permanecem jovens e límpidos como no dia da Aparição, deixando o corpo envelhecer sozinho e, portando neles, como um reflexo da luz milagrosa que os iluminou outrora.
"NÃO! NUNCA TANTA INOCÊNCIA SOBREVIVEU A TANTOS ANOS. NUNCA A FRANQUEZA BRILHOU COM TAL ESPLENDOR SOB QUALQUER PÁPULA HUMANA." [15]
"Nunca tive medo de confessar que eu era um convertido à autenticidade do Fato de La Salette; não tenho mais hesitação em reconhecer que, se minha conversão ainda tivesse que ser feita, o olhar maravilhosamente simples e sincero de Mélanie a teria operado".
Tudo seria para citar. Veja o que se podia ler nos Anais de La Salette, há mais de 40 anos! E a exumação do corpo de Mélanie, seis meses após sua morte, confirma a santidade que testemunha esse relato, como testemunham todos aqueles que a aproximaram.
Seria permitido agora admitir que uma criatura assim favorecida, tão elevada nas vias de Deus, possa grosseiramente enganar esse "povo" ao qual ela foi enviada, afirmando solenemente o que segue, e isso, menos de dois meses antes de aparecer diante de Deus? (Sabe-se que Mélanie havia anunciado sua morte 22 meses à frente, assim como todas as circunstâncias que cercaram sua morte.)
Aqui está o fac-símile de uma carta escrita por ela ao Sr. de la Rive, que havia reeditado o seu Segredo em Lyon.
Destacamos as últimas linhas desta carta, um verdadeiro Testamento de Mélanie:
"EU PROTESTO CONTRA AS FALSAS DECLARAÇÕES DE TODOS AQUELES QUE OUSARAM DIZER E ESCREVER: 1° QUE EU INVENTEI O SEGREDO; 2° CONTRA AQUELES QUE AFIRMAM QUE A RAINHA DA SABEDORIA NÃO DISSE PARA FAZER PASSAR O SEGREDO A TODO O SEU POVO".
Poderíamos, apenas nos Anais de Nossa Senhora de La Salette, multiplicar as citações em favor de Mélanie e do seu Segredo. Reproduzimos, portanto, as seguintes linhas que foram extraídas (onze anos após o caso Caterini). Poderemos medir assim o caminho percorrido e o valor das afirmações atuais à luz das afirmações passadas.
"Santíssimo Padre, o que devemos pensar do Segredo da Salette?", perguntou um dia o T.R.P. Giraud, de santa memória e antigo Superior dos Missionários da Salette.
Resposta de Pio IX, que conhecia o Segredo e QUE HAVIA MUITAS VEZES FAVORECIDO E AUTORIZADO A PROPAGANDA COM SUAS BENÇÃOS AUTOGRÁFICAS E APOSTÓLICAS:
O Segredo de La Salette!... o que devemos pensar dele? SE VOCÊS NÃO FAZEM PENITÊNCIA, PERECERÃO TODOS... Eis o que devemos pensar dele.
Ah, certamente, Pio IX não ordenava queimar a dolorosa Mensagem da Rainha do Céu. E não ordenava recusar a absolvição àqueles que a guardavam! Em vez disso, ele chegou a favorecer a propaganda com suas bênçãos apostólicas!...
E nós?... (Anais de N.D. da Salette, nº de junho de 1891, p. 7)
Anexo IV: Os segredos de La Salette
Os segredos de La Salette [16]. Este plural pode confundir o leitor não informado. De fato, há dois segredos; o de Maximin e o de Mélanie. Mas com uma abrangência e destino bem diferentes, Maximin não tendo recebido de Maria a ordem de comunicar seu segredo, enquanto Mélanie havia recebido a ordem de fazer passar o seu a todo o povo de Maria em 1858.
O P. Sougez sabe disso perfeitamente, pois Mélanie passou sua vida a dizer e a escrever isso. Portanto, na realidade, trata-se apenas do Segredo de Mélanie, o único que incomoda os oponentes, ou melhor, que incomoda o Príncipe deste mundo, que inspira toda essa luta, como se tenta mostrar no Anexo VI.
Responderemos, portanto, no singular, à astuciosa sequência de falsidades que visa, na realidade, apenas o Segredo de Mélanie.
A AFIRMAÇÃO DO P. SOUGEZ (P.P. 109 e 110). | A RESPOSTA DOS FATOS |
Trancados nos arquivos pontifícios, os segredos oficiais[17]. |
Não há outro segredo "oficial" de Mélanie além daquele publicado por ela em 1879 e reeditado em 1904. O segredo entregue a Sua Santidade Pio IX em 1851 não passa de uma redação idêntica e parcial daquele que todos conhecem, contendo as críticas ao clero. Além disso, desde seu retorno da Inglaterra, em 1860, havia o texto completo escrito de próprio punho por Mélanie, embora sem ordem. Contudo, tudo o que aparece no texto definitivo de 1879 já estava presente ali. E, em 1873, o padre Bliard publicou esse mesmo texto de 1860 com o imprimatur do arcebispo de Nápoles. |
nunca foram publicados. | Acabamos de ver o contrário; veja, além disso, o capítulo VI sobre o caso Caterini (parágrafo d). |
Contra a vontade de Roma. | Alusão ao caso supracitado, no qual "Roma" não teve qualquer envolvimento. |
A partir de 1870, publicaram-se muitos documentos oficiosos. | Essa distinção entre segredo "oficial" e segredo "oficioso" é uma invenção da imaginação. Houve, do mesmo e único Segredo, as diferentes publicações mencionadas acima. |
e até mesmo (!!!) com a assinatura de Mélanie. | Esse mesmo insinua o que se quiser, mas se desfaz diante do fato de que Mélanie sempre assinou ou reconheceu todas as edições de seu Segredo. |
A Santa Sé condena toda publicação (do segredo). | Mentira pura refutada no Capítulo VI; alusão: 1° às cartas privadas de Caterini, que não pertencem ao Santo Ofício; 2° ao Decreto de 1915, que de maneira nenhuma condena o Segredo. |
Mas o burburinho em torno deles nos obriga a buscar humildemente (?!) em que interesse espiritual Nossa Senhora mesma incluiu segredos em seu discurso. | O interesse espiritual não é de forma alguma incognoscível (veja os anexos VI e VII) e, se o fosse, não seria apropriado entregar-se humildemente ao Trono da Sabedoria, que não poderia falar para não dizer nada. |
Os sacerdotes e leigos faltaram com discrição em relação à Nossa Senhora ao quererem conhecer o que ela expressamente escondeu. | Escondido até 1858 e expressamente pedido para ser publicado depois. |
A Mensagem (pública) tal como deve ser transmitida a todo o povo é, em si mesma, completa e suficiente. |
É como se rejeitássemos as Epístolas, os Atos, o Apocalipse, dizendo que o Evangelho é «em si mesmo completo e suficiente». (E nossa comparação aqui favorece o Discurso público). Não seria mais conveniente confiar à Rainha Muito Prudente o julgamento sobre isso? |
Satisfeitos com o discurso, devemos evitar a preocupação de desvelar os segredos como se fosse uma falha capaz de turvar nossa visão sobre o sentido claro da aparição. |
Não há mais segredo a ser «desvelado» desde sua publicação, mas uma mensagem tornada pública pela vontade expressa de Nossa Senhora de La Salette, sem a qual o «sentido claro» se torna impossível. Para o «sentido claro», veja, entre outros, os anexos VI e VII. |
Mélanie não era juíza dessa oportunidade; |
Ela não estava encarregada de «julgar», mas de testemunhar; o que fez quando, após a Santíssima Virgem, seus superiores, que tinham a graça de estado para fazê-lo, lhe confirmaram a ordem. (Carta de Mélanie de 20 de setembro de 1880). |
Aos 40 anos, assim como aos 15, ela não possuía graça de estado sobre esse ponto específico. E ela não poderia ter recebido a missão de revelá-lo, apesar da Igreja. Não a coloquemos, para a direção da cristandade, acima dos bispos e do Papa. |
Ela possuía as graças de estado relacionadas à sua missão, que era fazer o que a Santíssima Virgem a havia escolhido para fazer. Mélanie nunca pretendeu dirigir a cristandade, mas apenas divulgar seu Segredo, não «apesar da Igreja», mas em pleno acordo com ela (ver cap. VIII). Espíritos tão claros que não hesitam em dar à Rainha Muito Prudente as lições de prudência que acabamos de ler. |
...os segredos eram um obstáculo para alguns espíritos claros (!?) inimigos do mistério e da sombra... |
«Inimigos do mistério e da sombra» que se empenham, há duas gerações, em empurrar para a sombra a Mensagem de misericórdia que a Rainha do Céu e da Terra quis fazer resplandecer diante de «todo o seu povo!». |
Anexo V: Uma confirmação do Segredo
Testemunho para aqueles que a verdade ainda interessa
Para rejeitar o Segredo, os opositores não hesitam em dizer que suas partes visivelmente realizadas foram escritas após o fato, como se leu acima.
Uma das mais precisas dessas realizações é, sem dúvida, a que se refere a Napoleão III.
Aqui está o que lemos sobre ele no Segredo:
"Que o Vigário do meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX... desconfie de Napoleão; seu coração é duplo, e quando ele quiser ser ao mesmo tempo Papa e Imperador, logo Deus se retirará dele; ele é aquela águia que, querendo sempre se elevar, cairá sobre a espada com que queria se servir para obrigar os povos a se fazerem elevar"[18].
Ora, o Bispo Ginoulhiac, em seu mandato de 4 de novembro de 1854[19], escreve o seguinte:
"... É outra insinuação mais perigosa, sem dúvida, para a existência da devoção a Nossa Senhora da Salette, a de que, sob pretexto de se indignar contra a conduta de um dos filhos, se relata em detalhes profecias que seriam relativas à pessoa do chefe do Estado e ao destino da França e da Igreja, embora não se possa ignorar, pois já o dissemos o suficiente, que essas predições não se ligavam de forma alguma ao fato de La Salette, que elas não haviam sido colocadas no espírito do jovem pastor e não haviam passado em seus discursos senão vários anos após 19 de setembro de 1846, mas felizmente vivemos sob um governo suficientemente seguro de si mesmo, para não tremer diante de supostas confidências proféticas feitas a uma criança, suficientemente esclarecido para perceber a inanidade dessas predições no ridículo que as acompanha! Os conselhos que parecem dar chegam um pouco tarde. Não esperamos que o evento mostrasse a falsidade desses oráculos para informá-lo! e ele sabe bem que, se a autoridade diocesana vela de um lado para não deixar introduzir nenhuma superstição em uma devoção respeitável, ela vela também, por outro lado, para não permitir que, à sombra dessa devoção, se forme ou se abrigue qualquer intriga de partido!"
De acordo com este texto, é o jovem pastor que teria feito a previsão, mas, seja uma questão de um erro do bispo em relação à criança, ou da publicidade, por Maximin, de uma confidência de Mélanie, encontramos aqui a correspondência absoluta entre este texto e o Segredo da Pastora.
Seja como for, não é Maximin que ele exila na Inglaterra, mas Mélanie, e isso em pleno acordo com o imperador, a quem ele "informou da falsidade desses oráculos", como ele mesmo diz!
Sabemos que o Bispo Ginoulhiac, colocado em Grenoble por Napoleão, era todo zelo em relação a ele. O imperador, avisado da previsão, queria substituir os missionários por seus gendarmes (A. Nicolas). Como, em tais circunstâncias, esse bispo poderia discernir a duplicidade desse "águia de coração duplo", e sobretudo, ousar resistir a ele!
O bispo se debatia no meio de dificuldades contraditórias e achava que tudo estava muito bem sob "um governo tão seguro de si mesmo". 1870 estava tão longe, tão inimaginável!
O ÁGUIA DE CORAÇÃO DUPLO enviava um exército em socorro do Papa com a ordem de chegar tarde demais; ele enchia as igrejas de presentes e financiava a "Vida de Jesus", de Renan; ele oferecia uma espada de honra aos Padres de La Salette, que eles não deixavam de mostrar com o Tesouro da mesma basílica que ele ameaçava fechar, etc., etc…
Sim, certamente, então, 1870 estava longe, menos longe, no entanto, pelo calendário do que pela segurança pueril que testemunha esse prelado desdenhoso de Mélanie e sobre o qual se configuram todos os detratores de seu Segredo.
Era necessário, então como posteriormente, por parte dessa "POBRE EXALTADA", uma "FACULDADE ANORMAL DE FABULAÇÃO" e de "VERDADEIRO DELÍRIO" como diz hoje o Padre Jaouen, para ter uma opinião diferente da do Bispo Ginoulhiac, que proclamava sua missão terminada!
"Sabe-se, relata Léon Bloy, que ela deixou o convento da Providência em Corenc, em 1854, para ser enviada à Inglaterra; ora, após sua partida, notou-se essas palavras que ela havia gravado na madeira de seu pupitre com a ajuda de um canivete: 'PRUSSIENSES 1870'. Ainda em Corenc, a professora de classe lhe deu, um dia, um mapa da França para estudar. A pobre criança começou a chorar e riscou com um traço a Alsácia e a Lorena. Ela resumia o reinado de Napoleão em três palavras: Hipocrisia, Ingratidão, Traição".
Não tendo sabido reconhecer o tempo em que havia sido visitada, a França recebeu, sobre esse ponto particular da mensagem celestial, homologada à sua maneira pelo bispo do local, um primeiro aviso na harmonia da Mensagem pelo cerco de sua capital, em 19 de setembro de 1870!
Teria sido difícil significar em menos palavras e com mais precisão o evento futuro tão plenamente julgado por dentro e por fora por esse parágrafo do Segredo tão exatamente inscrito dezesseis anos antes pelos cuidados do Bispo de Grenoble:
A PESSOA DO CHEFE DE ESTADO (Napoleão: Águia de coração duplo).
OS DESTINOS DA FRANÇA (a Espada de Bismarck; o Cerco de Paris em 19 de setembro).
E DA IGREJA (a colusão do carbonário coroado com Cavour; o Cerco de Roma em 20 de setembro).
E AGORA, APRENDA...
E vocês que fechavam os olhos à verdade do Segredo, cessem de se obstinar em uma inutilidade que se resolverá, em breve, como a dos seus antecessores, em uma falência retumbante.
Anexo VI: Uma Tentativa de Explicação da Guerra ao Segredo de La Salette
Adiantem, meus filhos, não tenham medo; estou aqui para anunciar uma grande notícia. (Nossa Senhora de La Salette aos dois pastores).
As "reprovações ao clero" não podem explicar, por si só, uma guerra sem igual que dura há mais de sessenta anos, e que aumenta sob nossos olhos apesar das atuais pragas que a realizam de forma tão visível. Nós vemos, por nossa parte, uma explicação mais profunda.
A grande notícia de La Salette não é a história das batatas estragadas, mas sim a grande notícia dos Últimos Tempos, a qual é aquela que, entre todas, Satanás não pode suportar, sendo aquela que marca o fim de seu reinado sobre a terra.
Para alcançar seus objetivos, ou seja, o sufocamento da Mensagem central de La Salette, Belzebu usa com astúcia as reprovações da Rainha da Sabedoria, esforçando-se para excitar o orgulho sacerdotal de certos padres, que se tornam, por isso, seus associados de escolha na ignorância que ele precisa obter a todo custo por parte dos homens dos Últimos Tempos sobre a questão capital que deve, de alguma forma, decidir sobre sua salvação. Pois, "os eleitos eles mesmos perderiam a fé" pela sedução final se os prodígios que se multiplicam sob seus olhos chegassem a torná-los os zombadores sonhados que os assimilariam a esses contemporâneos de Noé que nos promete São Mateus (cap. 24) para os Últimos Dias.
É preciso a todo custo que os homens estejam na ignorância do que os espera, na ilusão sobre esse capítulo capital e terminal da humanidade. [20]
La Salette é um todo inseparável, cujas todas as partes estão ligadas: Mensagem pública, Segredo, Ordem dos Apóstolos dos Últimos Tempos. Não é difícil demonstrar isso, e há muitos outros sinais a acrescentar àqueles que aparecem à primeira vista. Retenhamos um particularmente expressivo.
O que podem significar, por exemplo, esse Martelo e essas Tenazes que estão fixados em cada extremidade dos braços da cruz que as crianças viram, carregada pela Bela Dama? O Martelo, instrumento da crucificação, está situado à esquerda da cruz, lado dos réprobos. As Tenazes, que servem para retirar os pregos, põem fim à crucificação; elas estão assim do lado dos eleitos. Alfa e Ômega [21], maravilhoso resumo da Redenção, da qual La Salette anuncia o último Ato, duplo emblema que todas as suas imagens, todos os seus símbolos fazem figurar em primeiro plano! Ora, a Sabedoria não diz nem faz nada de inútil!
Outra analogia a assinalar. Ao Alfa e Ômega gregos, correspondem o Aleph e o Tau, primeira e última letras do alfabeto hebraico. Ora, nesse alfabeto (hebraico e fenício, muito anteriores ao alfabeto quadrado empregado desde então), o Aleph e o Tau evocam pelas suas formas mesmas as tenazes e o martelo!
O Evangelho nos anunciava a "boa notícia" do Começo: a vinda do Cordeiro.
La Salette nos anuncia a "grande notícia" do Fim: a proximidade do Juiz e o convite para esperá-lo, com a lâmpada acesa na mão!
Que o homem, portanto, não separe o que Deus uniu!
Mas, para voltar à frenesia atual, só se encontrará a explicação plena por meio da ação do Maligno, bem indiferente, é claro, às «repreensões ao clero», mas que não teme nada mais no mundo do que o conhecimento dos Últimos Dias, pelo qual as almas, prevenidas, resistiriam às seduções dos falsos profetas[22] e escapariam dele em massa.
Assim, vê-se qual é a posição de uma certa porção do clero moderno sobre esse Fim.
Com as fábulas da Evolução e do Progresso Indefinido, entre outras, as quais exigem, pensam eles, para ser plausíveis, milênios, esse clero está persuadido (e isso se imprime todos os dias ou se expressa em axiomas) de que estamos nos primeiros tempos do cristianismo.
Está, portanto, no bom caminho e devidamente intoxicado; seria permitido que uma tal disposição fosse posta em xeque por um aviso do Céu!
Anexo VII: Para a Intelligência do Segredo
Algumas pessoas de boa-fé que consideram no Segredo, sobretudo o aspecto da previsão, estimam que haveria mérito em negligenciar uma tal mensagem, mesmo autêntica, já que o conhecimento do futuro não seria, segundo elas, de maneira alguma necessário para a preparação de nossa salvação.
Além do primeiro e suficiente motivo para rejeitar essa maneira de ver, porque ela suporia da parte do cristão que a formula uma sabedoria maior do que a da Santíssima Virgem que formalmente pediu a propagação do Segredo, é preciso responder que aquele que procurasse nessa Mensagem o conhecimento detalhado ou datado dos eventos futuros seria muito decepcionado.
O Segredo de La Salette não é feito para a curiosidade humana, assim como nenhum livro inspirado. Tudo está dito, na verdade, mas como em uma página de Escritura, com clareza suficiente para quem possui o sentido bíblico; com obscuridade suficiente, também, como nos Livros Sagrados, para deixar o mérito da fé. Nele se constatam, na verdade, como nos Textos Sagrados, aparentes anacronismos, e essa superposição de eventos por vezes separados por grandes intervalos de tempo, que a Visão do Profeta lhe mostrou, como em uma grande fresca, em um mesmo plano.
O Segredo de La Salette não é outro senão um Apocalipse mariano. Seu estilo mesmo se assemelha ao dos Profetas, pelo corte da forma e o absoluto da doutrina. É, na realidade, como um desenvolvimento do Apocalipse, desenvolvimento que vem em sua hora, para nos dar, em termos claros, o que é importante saber hoje do que São João proclama de absoluta necessidade para os homens dos Últimos Tempos: "Feliz aquele que guarda as palavras da profecia deste livro" (XXII, 7). Feliz, da mesma forma, aquele que guarda as palavras de Maria, cujo Mensagem ilumina o do vidente de Patmos.
Tudo o que lemos hoje no divino Segredo é infinitamente mais realizado do que era há 50 ou 60 anos. E, de toda a evidência, seu cumprimento se prova crescente de década em década, de lustro em lustro.
Ele nos introduz soberanamente, como com o Fogo do Espírito Santo, na compreensão do mistério da iniquidade contemporânea que denunciava com tanta força Sua Santidade Pio X em sua Encíclica E Supremi, trazendo-nos assim os dons de Inteligência, Força e Prudência que nos valerão de ser do pequeno número daqueles que VEEM, e assim resistirão às últimas seduções às quais «mesmo os eleitos» estão expostos. Eles renunciarão, assim, às falaciosas promessas de felicidade terrestre para se apegar às únicas afirmações do Evangelho e da Cruz. «Lutem, filhos da luz, vocês, pequeno número que veem, pois eis o tempo dos tempos, o fim dos fins!»
Aquela que fala assim é bem a Soberana, Aquela que foi mostrada ao Beato Grignion de Montfort como devendo ser a Rainha do Último Século, a Mulher reerguida após dezoito séculos de Curvatura[23], "terrível como um exército disposto em batalha" e falando então como identificada ao Pai: "EU vos dei seis dias para trabalhar; EU ME reservei o sétimo; não querem ME concedê-lo".
Era conforme à misericórdia de Deus que o homem que recebeu desde sua queda a promessa do socorro da Mulher ouvisse a voz dessa Mulher na aproximação do esmagamento definitivo da Cabeça dessa "Velha Serpente" do qual Ela nos fala nesse Mensagem de Fogo.
Alfa e Ômega, aqui ainda; Começo e Fim por Maria, do grande drama da Queda em razão da qual Ela veio, em lágrimas, a La Salette, para iluminar os homens de boa vontade na Noite dos Últimos Tempos.
ORAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE
para obter a glorificação de sua humilde serva, Mélanie Calvat, Pastora de La Salette.
Ó Santíssima Trindade, Fonte de toda santificação, oferecemos-vos, pelas mãos propícias de Nossa Senhora de La Salette, Reconciliadora dos pecadores, nossas fracas reparações por tantos blasfêmias satânicas, por tantas profanações do Domingo e das festas de obrigação, por um tão orgulhoso desprezo do preceito absoluto da Oração, da Penitência e da Mortificação. Fazei que todos conheçam a imensidade do Vosso amor pelos homens, apreciem os tesouros celestes que dá o perfeito renunciamento a si mesmo e ao mundo, e, por consequência, subordinem as coisas terrestres à obra unicamente necessária da salvação eterna.
Esses dons foram o apanágio de Mélanie, a fiel Mensageira da Rainha do Céu, e por seus méritos, nós Vos os pedimos. Concedei-nos suas virtudes de predileção, a humildade, a abnegação, a caridade, e, para manifestar sempre mais seu crédito junto à Vossa infinita Majestade, concedei que, por sua intercessão, nossas orações cheias de fé, de confiança e de amor, nos obtenham a graça de….., nos conformando ao Vosso divino querer, seja qual for, Vos agradecendo por todos os Vossos benefícios espirituais e temporais, para merecer assim ir logo Vos adorar na eterna felicidade do céu. Assim seja.
"Que Jesus seja amado por todos os corações".
Três Pai-Nosso, Ave-Maria, e Glória à glória da adorável Trindade e em honra da Bem-Aventurada Virgem Maria.
Imprimatur Alberto LEPIDI, O.P.