O CARMELO DESCALÇO E O ESOTERISMO: PARTE 7 - Hekhalot: A Origem da Teoria do Castelo Interior de Teresa de Ávila

22/01/2025

Autor: Bakhshali Ghanbari
1. Professor Associado, Departamento de Filosofia, Religiões e Misticismo, Universidade Islâmica Azad, Filial Central de Teerã, Teerã, Irã. E-mail: bak.qanbary@iauctb.ac.ir
Tradução: Prof. Gabriel Sapucaia

Místicos no contexto das religiões e escolas de pensamento

Místicos de diversas religiões e escolas de pensamento apresentaram teorias sobre o coração humano e sua relação com Deus, cada um expressando suas ideias de maneiras distintas. Nesse contexto, Teresa de Ávila (1515–1582) desenvolveu a teoria do "Castelo Interior". Em suas obras, especialmente no livro Castelo Interior, Teresa explorou essa teoria, mas nunca fez referência direta às fontes dessa concepção. Talvez isso se deva ao fato de que, ao contrário de outros místicos como Agostinho, Dionísio, Mestre Eckhart e Boaventura, ela não era essencialmente uma teórica.

Essa lacuna desperta um interesse para investigar as bases intelectuais de sua teoria, algo que será abordado neste artigo. A hipótese apresentada é que, considerando o contato de Teresa com a tradição religiosa e mística judaica e sua vivência em Ávila, uma área habitada por judeus, ela pode ter sido influenciada pelo Hekhalot, desenvolvido no misticismo Merkavah, reinterpretando-o sob a perspectiva da tradição religiosa e mística cristã.

Antecedentes

Muito já foi escrito sobre o misticismo judaico, incluindo o misticismo do Hekhalot. Entre esses trabalhos está o artigo de Abolfazl Mahmoudi, publicado na revista Sete Céus, que aborda o tema do misticismo judaico e discute brevemente o Hekhalot. Além disso, Tahereh Haj Ebrahimi, também na mesma revista, comparou o misticismo judaico com o gnosticismo.

Outros estudos, como os de Mohammad Reza Abedi e seus colaboradores, realizaram uma análise comparativa entre as etapas do caminho místico no sufismo islâmico e no misticismo judaico (Merkavah e Cabala). Esses estudos apresentaram relatos gerais sobre o misticismo judaico e estabeleceram comparações com o misticismo islâmico. Entretanto, nenhum desses textos examinou as raízes da teoria do Castelo Interior no contexto do Hekhalot.

Metodologia

Este artigo utiliza uma abordagem descritiva para relatar opiniões e uma abordagem comparativa, fazendo uso de diversas notas e fontes relevantes. Sempre que necessário, realiza análises críticas para explorar as questões levantadas.

Questão Central

Não há dúvidas de que Teresa de Ávila apresentou a teoria do Castelo Interior ou das sete moradas. O título Castelo Interior indica que, no livro, Teresa descreveu as sete moradas, organizadas de maneira progressiva. No entanto, a questão que surge é: até que ponto Teresa foi influenciada pelo Hekhalot na formulação de sua teoria?

Hekhalot: Uma Introdução

Os textos Hekhalot (Palácios Maiores e Menores) são tratados curtos ou fragmentos dispersos de tamanhos variados, que originalmente podem ter sido mais extensos. Esses textos, que permaneceram sem edições definitivas por muito tempo, não foram amplamente divulgados, e suas datas exatas de composição não são conhecidas (Scholem, p. 78).

Nos Hekhalot, são descritas as etapas da ascensão espiritual do místico aos céus e sua visão de Deus. Em outras palavras, Hekhalot consiste em descrições dos palácios e corredores celestiais pelos quais o místico deve passar para alcançar, no sétimo e último palácio, o trono divino de glória e majestade. Essencialmente, Hekhalot é um conjunto de textos nos quais os místicos explicam suas experiências espirituais, culminando na visão do trono divino no sétimo palácio.

Embora esses textos tenham sido organizados entre os séculos V e VI, acredita-se que foram originalmente escritos em períodos muito anteriores (Spencer, p. 178). O Hekhalot Rabbati (Palácio Maior) é atribuído ao Rabino Ishmael, enquanto o Hekhalot Zutarti (Palácio Menor) é associado ao Rabino Akiva. No entanto, o Hekhalot Zutarti foi escrito antes do Hekhalot Rabbati.

No Hekhalot Rabbati, menciona-se a ascensão da alma da Terra, passando pelas esferas dos anjos guerreiros e governantes cósmicos, até alcançar a suprema luz divina, simbolizando a salvação gnóstica (Haj Ebrahimi, p. 191). Apesar disso, os textos Hekhalot não detalham as etapas da ascensão nos sete céus, mencionando apenas de forma breve que os sete palácios estão situados nas alturas do céu.

A forma atual desses textos, que também inclui visões e inspirações místicas, não poderia ter sido finalizada antes do século VI. Em geral, pode-se afirmar que a composição desses textos foi concluída em diferentes épocas. Infelizmente, os manuscritos hebraicos desses textos estão disponíveis apenas em edições impressas com muitos erros e distorções (idem, comparado com Scholem, p. 79).

Estrutura dos Textos Hekhalot:
  1. Hekhalot Zutarti (Palácio Menor): Descreve em detalhes a ascensão do Rabino Akiva.
  2. Hekhalot Rabbati (Palácio Maior): Também conhecido como os Palácios de Rabino Ishmael

O Hekhalot descreve sete palácios celestiais que representam diferentes estágios de progresso espiritual. O místico passa por esses palácios para alcançar o sétimo, onde experimenta a visão do trono divino e a união com Deus. Esses palácios correspondem a graus específicos de perfeição moral e espiritual, sendo assim descritos:

  1. No primeiro palácio, o místico é chamado de Hasid (Piedoso);
  2. No segundo palácio, é Taher (Puro);
  3. No terceiro palácio, é Yashar (Justo);
  4. No quarto palácio, é Tamim (Inteiramente devoto a Deus);
  5. No quinto palácio, expressa santidade perante Deus;
  6. No sexto palácio, fala a linguagem da Kedusha (Santidade), a mesma linguagem com a qual Deus criou o mundo;
  7. No sétimo palácio, o místico experimenta a revelação plena da divindade.

Essa progressão levanta a questão de se o próprio Merkavah (Carruagem Divina) não pode ser interpretado simbolicamente como a alma humana representando a divindade e seu trono sendo o ápice espiritual da jornada. No entanto, é importante observar que essas interpretações simbólicas são estranhas ao espírito original do Hekhalot, sendo mais associadas às reinterpretações posteriores pela Cabala (Haj Ebrahimi, p. 197-198).

Comparação com os Sete Céus

Nos textos de Enoque, em vez de sete palácios, são mencionados os sete ou dez céus pelos quais o místico deve passar para encontrar Deus. Cada céu possui características únicas:

  1. Primeiro céu: Um mar, possivelmente a origem da chuva. Contém armazéns de neve e orvalho, guardados por anjos.
  2. Segundo céu: Um lugar de trevas profundas, onde habitam anjos caídos que, liderados por Satanás, desobedeceram a Deus.
  3. Terceiro céu: Contém o Paraíso e o Inferno. No Paraíso está a Árvore da Vida, guardada por 300 anjos, enquanto no Inferno há rios de fogo incessantes.
  4. Quarto céu: Abriga o Sol e a Lua, que atravessam portões ao leste e oeste, guiados por anjos.
  5. Quinto céu: Habitado pelos Grigori, anjos gigantes de aparência severa, liderados por Satanás, que rejeitaram a soberania divina.
  6. Sexto céu: Lar de anjos principais que são extremamente luminosos e responsáveis por executar ordens divinas.
  7. Sétimo céu: Contém o zodíaco e marca a transição para os céus superiores, onde estão os anjos maiores e o domínio da divindade (Mahmoudi, p. 214-215).
Os Sete Palácios no Zohar

Nos textos do Zohar, os sete palácios possuem características específicas:

  1. O primeiro palácio é descrito como pavimentado com "pedra de safira".
  2. O segundo palácio é associado ao "tesouro de joias espirituais".
  3. O terceiro palácio brilha mais do que os outros, sendo chamado "Palácio da Felicidade".
  4. O quarto palácio é o "Palácio de Luz", que transcende os anteriores.
  5. O quinto palácio é descrito como o "Palácio do Amor", com uma essência eterna.
  6. O sexto palácio é o "Palácio da Benevolência", onde o fogo espiritual pode ser perigoso ou sinal de êxtase místico.
  7. O sétimo palácio é descrito como o "Palácio da Justiça e Julgamento", representando a união final com Deus (Tishby, p. 597).
Conclusão

O Hekhalot e os textos associados, como o Zohar, apresentam uma rica simbologia espiritual que influencia diversas tradições místicas, incluindo a Cabala e outras escolas de pensamento. Embora os palácios do Hekhalot descrevam a ascensão mística, é notável que os textos hebraicos originais estejam fragmentados e sujeitos a interpretações e adaptações ao longo dos séculos.


O Castelo Interior e Suas Sete Moradas

Para investigar como Teresa de Ávila foi influenciada pelo Hekhalot em sua teoria do Castelo Interior, é necessário introduzir brevemente as características dessa obra. Assim, podemos identificar em qual das moradas ocorre a influência do Hekhalot e quais aspectos mostram maior ou menor influência (Ghanbari, 65-86).

Primeira Morada: Meditação e Autoconhecimento

A primeira morada é destinada às etapas iniciais da atenção a Deus. Suas características incluem:

  1. Ênfase em meditação, reflexão, autoconhecimento, oração e práticas ascéticas (Frohlich, p. 180).
  2. A principal tarefa nesta morada é a oração, considerada essencial para o desenvolvimento espiritual (Teresa, Interior Castle, p. 27).
Segunda Morada: Prática da Oração

Embora a oração comece na primeira morada, ela se torna mais completa na segunda.

Terceira Morada: Vida de Louvor

Na terceira morada, o místico percebe que uma confiança absoluta em si mesmo pode levar à queda espiritual. Apesar disso, o místico também reconhece que suas boas ações são limitadas (Peers, p. 190).

Quarta Morada: Consolação Divina

Nesta morada, o místico experimenta pela primeira vez as consolações divinas.

Quinta Morada: Noivado Espiritual

Na quinta morada, o místico alcança uma união limitada com Deus, descrita como um "noivado espiritual".

Sexta Morada: União Temporária

Nesta morada, o amante (o místico) e o Amado (Deus) passam longos períodos juntos.

Sétima Morada: Matrimônio Espiritual

A sétima morada, localizada no centro do Castelo Interior, é o lugar onde o místico experimenta permanentemente a presença de Deus.

Confirmação da Hipótese

A hipótese deste estudo é que Teresa de Ávila foi influenciada pela teoria dos salões espirituais (Hekhalot) em sua concepção do Castelo Interior. Contudo, essa influência não implica que Teresa tivesse acesso direto aos textos do Hekhalot ou que os tivesse lido. Em vez disso, argumenta-se que ela foi impactada pelo conteúdo do Hekhalot, que era difundido entre os judeus. A influência de Teresa pode ser identificada em vários aspectos:

1. Influência na Forma e Estrutura

Ao comparar o formato do Castelo Interior com o Hekhalot, as semelhanças são evidentes:

2. Influência em Termos e Conceitos

Embora Teresa nunca mencione diretamente o Hekhalot em suas obras, isso não significa que ela não tenha sido influenciada ou que não tenha utilizado conceitos derivados dessa tradição.

Um exemplo dessa influência é o foco na meditação, enfatizado em sua obra Exclamações da Alma a Deus, que descreve a busca por paz e serenidade na meditação, semelhante às práticas contemplativas dos salões do Hekhalot. O termo "Castelo Interior" é, por si só, uma indicação direta dessa influência, já que descreve as sete moradas do castelo.

3. Referências Frequentes ao Antigo Testamento

Embora Teresa não mencione explicitamente o Hekhalot, ela recorre ao Antigo Testamento de forma consistente, interpretando partes dele, como o Cântico dos Cânticos.

Teresa também compara os dons espirituais às moradas do Templo de Salomão, onde "nenhum som era ouvido". Esses dons são concedidos ao místico que alcança a sétima morada de maneira semelhante aos que residiam no Templo de Salomão (Teresa, Interior Castle, p. 183). Pode-se argumentar que o conceito do Castelo Interior de Teresa foi inspirado no Templo de Salomão, o que reforça a ligação entre sua teoria e a literatura judaica.

4. Enfoque na Oração e Práticas Ascéticas

No Hekhalot, o místico deve passar por diferentes práticas ascéticas e orações para alcançar a visão divina e superar obstáculos espirituais.

Análise Comparativa

Talvez a evidência mais clara da influência do Hekhalot sobre Teresa de Ávila seja a semelhança inegável entre o Castelo Interior e o Hekhalot. Por meio de uma análise comparativa, é possível determinar a origem e a extensão da influência do Hekhalot na teoria de Teresa. Para isso, compararemos os salões (Hekhalot) com as moradas (Castelo Interior) de forma detalhada.

1. Primeiro Salão/Morada: Renúncia e Meditação

No primeiro estágio, o místico do Hekhalot deve alcançar o nível de renúncia (zuhd), enquanto o místico do Castelo Interior é chamado à meditação. Ambos têm o mesmo objetivo: preparar-se para o próximo estágio.

2. Segundo Salão/Morada: Pureza

O segundo salão exige que o místico alcance a pureza (tahor), o que se assemelha à continuidade do esforço iniciado na primeira morada.

3. Terceiro Salão/Morada: Sinceridade

O terceiro salão é caracterizado pela prática da sinceridade (sidq).

4. Quarto Salão/Morada: Reclusão com Deus

O quarto salão é um lugar de reclusão com Deus, onde o místico renuncia ao mundo exterior.

5. Quinto Salão/Morada: Amor e Santidade

No quinto salão, o místico entra no domínio da santidade divina.

6. Sexto Salão/Morada: União Temporária com Deus

No sexto salão, o místico dialoga com Deus e percebe Sua presença.

7. Sétimo Salão/Morada: Visão Divina e União Plena

No sétimo salão, o místico concentra todo o seu ser para contemplar o Shi'ur Qomah (medida da glória divina).

8. Ênfase na Unidade da Visão

Ambas as teorias enfatizam a unidade da visão como um objetivo final.

Resultados

Este artigo confirma a hipótese de que Teresa de Ávila foi influenciada pelo Hekhalot ao desenvolver sua teoria do Castelo Interior. Na concepção do Castelo Interior, Teresa seguiu uma abordagem semelhante àquela apresentada no Hekhalot, com diferenças apenas na nomenclatura, não nos objetivos ou no conteúdo.

Além disso, Teresa utilizou termos populares no Hekhalot para descrever as etapas do caminho espiritual, como "castelo", "cripta" e "morada", que possuem correspondência direta com os conceitos de "salões" e "corredores" no Hekhalot. Tanto no Hekhalot quanto nos textos de Teresa, há uma referência frequente ao Antigo Testamento, especialmente ao Livro de Ezequiel e ao Cântico dos Cânticos. Teresa chegou até a escrever comentários sobre algumas partes do Antigo Testamento.

Em ambas as teorias, há um foco nas dificuldades e na necessidade de seguir um caminho espiritual para superar esses obstáculos, utilizando a ascese e a oração como ferramentas principais. É importante notar que em várias passagens das obras de Teresa, o termo "ascese" aparece explicitamente.

A comparação entre as sete etapas descritas em ambas as teorias confirma a influência do Hekhalot na obra de Teresa. O conteúdo dessas etapas é relativamente compatível, e foi possível estabelecer uma correspondência direta entre cada salão do Hekhalot e as moradas do Castelo Interior.

Por fim, ambas as teorias enfatizam a unidade da visão espiritual. A diferença principal está no objetivo final: enquanto Teresa busca a união com Deus, o Hekhalot foca na contemplação do trono divino.

Fontes
  1. Ávila, Teresa. Caminho da Perfeição. Trad. Bakhshali Ghanbari. Qom: Editora da Universidade de Religiões e Denominações, 2017.
  2. Toufiqi, Hossein. Os Segredos de Enoque. Site dos Antigos Alienígenas, 2015.
  3. Toufiqi, Hossein. O Livro dos Segredos de Enoque. Revista Sete Céus, nº 3 e 4, 1999.
  4. Haj Ebrahimi, Tahereh. Misticismo Judaico e a Escola Gnóstica. Revista Sete Céus, nº 17, 2003.
  5. Daqiqian, Shirindokht. Uma Escada para o Céu: História e Filosofia no Judaísmo. Teerã: Vida, 2000.
  6. Scholem, Gershom. Tendências e Escolas do Misticismo Judaico. Trad. Alireza Fahim. Qom: Universidade de Religiões e Denominações, 2013.
  7. Ghanbari, Bakhshali. O Castelo Interior: As Sete Moradas. Revista Sete Céus, nº 38, 2009.
  8. Mahmoudi, Abolfazl. Merkavah e o Antigo Testamento. Revista Sete Céus, nº 15, 2002.
  9. Simeon Ben Jochai. O Sepher Ha-Zohar: O Livro do Esplendor. San Diego: Wizard's Bookshelf e Nova York: Theosophical Publishing Company, 1980.
  10. Frohlich, Mary. A Intersubjetividade do Místico: Um Estudo do Castelo Interior de Teresa de Ávila. Atlanta e Geórgia: Scholars Press, 1993.
  11. Grafe, Hilda. A História do Misticismo. Guildford e Londres, 1966.
  12. Marcoulesco, Ilena. "União Mística", na Enciclopédia das Religiões. (Ed.) Mircea Eliade, Vol. 5. Nova York: McMillan, 1987.
  13. Gruenwald. Apocalipsismo Judaico até o Período Rabínico. Nova York: Macmillan Publishing Company, 1987.
  14. Peers, Allison. "Introdução ao Castelo Interior". Obras Completas. Londres e Nova York: Sheed & Ward, 1957.
  15. Spencer, Sidney. Misticismo nas Religiões do Mundo. Penguin Books, 1963.
  16. Scholem, Gershom. Misticismo Merkabah. Enciclopédia Judaica de Jerusalém. Keter Press, 1996.
  17. Teresa de Ávila. Castelo Interior. (Ed.) Robert Van de Weyer. Londres: Fount, 1995.
  18. Teresa de Ávila. Vida. Trad. E. Allison Peers. Nova York: Image Books Doubleday, 1991.
  19. Teresa de Ávila. Exclamações da Alma a Deus. Obras Completas. Londres e Nova York: Sheed & Ward. Trad. Allison Peers, 1957.
  20. Tishby, Isaiah. A Sabedoria do Zohar: Uma Antologia de Textos. Oxford: Oxford University Press, 1989.

Revision #2
Created 27 April 2025 22:10:33 by Admin
Updated 27 April 2025 22:15:08 by Admin