IV. AS HIERARQUIAS ANGÉLICAS

Não podemos avançar mais sem expor a doutrina da Igreja sobre a estrutura das hierarquias angélicas, conforme se apresentava antes da reprovação de uma parte dos anjos. Pois é essa estrutura inicial que nos iluminará sobre a composição da massa dos demônios.

A descrição das hierarquias celestes gerou algumas hesitações, como muitas outras noções religiosas. Foi necessário que o Magistério interviesse para distinguir o verdadeiro do falso no meio das diversas opiniões.

Finalmente, é a doutrina de São Dionísio Areopagita, aquela que foi primeiramente expressa, que acaba por triunfar. São Dionísio afirmava que sua doutrina sobre os anjos se baseava nos ensinamentos de São Paulo. Mais tarde, ela recebeu o apoio de Santo Agostinho e, de forma decisiva, do Papa São Gregório Magno.

Segundo São Dionísio, os anjos são divididos em três hierarquias.

A primeira hierarquia é a mais próxima de Deus. Ela inclui, por sua vez, três coros: o coro dos serafins, o dos querubins e o dos tronos.

A segunda hierarquia, que vem abaixo, inclui os três coros das dominações, das virtudes e das potestades.

A terceira hierarquia é a mais distante de Deus. Ela inclui, como as duas anteriores, três coros: o coro das principados, o dos arcanjos e o dos anjos.

Por que esse hábito de linguagem? Provavelmente porque ficamos muito tempo na incerteza quanto à verdadeira composição das hierarquias celestiais. Por muito tempo, os confundimos sob a mesma denominação, o que não é substancialmente incorreto, uma vez que todos têm a mesma natureza espiritual.

Vamos agora colocar outra questão. De onde vêm os nomes dos coros angelicais? Todos eles vêm das Escrituras Sagradas. Anjos e arcanjos são mencionados em cada página do Antigo e do Novo Testamento. Serafins e querubins são assim nomeados pelos livros proféticos. Quanto aos outros cinco nomes, são encontrados nas Epístolas de São Paulo aos Efésios e aos Colossenses:

« ...Ele que é o cabeça de todo Principado e de toda Potestade » (Colossenses 2:10).

« ...acima de todo Principado, e Potestade, e Virtude, e Dominação... » (Efésios 1:21).

Poderíamos, evidentemente, entrar em muitos outros detalhes interessantes. No entanto, quisemos apenas expor o necessário para compreender a composição do colégio dos demônios. Pois veremos mais adiante que no inferno encontramos anjos de todos os nove coros. Assim, a população do inferno é composta por elementos muito diversos entre si. Encontramos grandes serafins caídos, assim como simples anjos que seguiram na rebelião. Essa ampla escala de capacidades espirituais não deixa de influenciar, primeiro, o comportamento dos demônios entre si e, depois, o comportamento deles em relação aos humanos. Portanto, a digressão que fizemos foi indispensável.

É necessário fazer uma precisão aqui. Os demônios mantêm entre si as diferenças hierárquicas que tinham no Céu. No entanto, todos, independentemente de seu posto, sofrem de uma degradação geral em relação aos espíritos que permaneceram fiéis. Um anjo mal, hierarquicamente superior por natureza a um bom anjo, está sujeito ao poder deste último.


Revision #1
Created 24 June 2024 02:06:56 by Admin
Updated 24 June 2024 02:07:34 by Admin